sábado, 24 de setembro de 2011

A CEIA DOS ACUSADOS (THE THIN MAN - 1934), de W.S. Van DYKE - 20.09.2011

Essa filme de comédia-investigação com William Powell (Nick Charles) e Mirna Loy (Nora Charles) tem um ritmo ágil impressionante, diálogos ótimos, uma ótima interpretação do casal protagonista. Pena a cópia dublada apresentada no quase sempre bom TCM - que por exemplo torna quase impossível o reconhecimento do nome de Nunheim, personagem que se mostrará importante para o desenlace da história.
Tudo começa quando um inventor - Clyde Winant - tem um projeto secreto e diz ir a algum lugar que não pode revelar. Aparentemente fica por lá uns 3 meses, e no dia de natal, em que entra em contato com sua secretária, sua namorada/amante é morta.
Há vários complicadores. Sua amante morta Júlia o tinha roubado - 50 mil dólares. Sua ex-exposa e seu novo marido/gigolô Jorgensen vivem pedindo dinheiro a Clyde, e não gostavam de saber que ele gastava dinheiro com a amante. Há, por óbvio, a possível invenção que fosse objeto de cobiça de alguém.
Nick é detetive particular mas casou-se com Nora, herdeira de um rico industrial, e abandonou a profissão de investigador, devotando-se, a como ele mesmo disse, ironicamente, a cuidar para sua esposa não gastar o dinheiro que o levou a casar com ela. Bebidas e festas fazem o cotidiano do casal - é raríssimo um filme em que os protagonistas ou estejam bebendo ou de ressaca, como é comum  - todo o tempo - nesta obra.
Com o crime, Nora fica interessada em ver como seu marido trabalha, e por diversão o incentiva a aceitar o caso - com o que ele reluta inicialmente, mas todos os envolvidos vivem a lhe procurar.
Há várias personagens (suspeitas) envolvidas: toda a família Wynant (a ex-esposa Mimi, os filhos Dorothy e Gilbert); o advogado MacCaulay; o guarda-livros Tanner; o gigolô de Mimi, Jorgensen; Nunheim, pequeno bandido e informante da polícia - e possivelmente envolvido com Júlia; Morelli, bandidinho e pretenso amante de Julia, entre outros.
As pistas são desencontradas, e Nick avança na investigação, perseguindo o dinheiro de Wynant - muita gente vive às suas custas, descobrindo que Clyde já está morto e seu corpo enterrado em seu próprio laboratório, descobrindo os relacionamentos de Julia, etc.
Quando imagina que está prestes a descobrir o assassino, convida todos os suspeitos para um jantar - a tal Ceia dos Acusados (o título em português é ótimo, melhor que The Thin Man original), em que ele expõe seu raciocínio com muito charme e desestabilizando os presentes à mesa chega à solução do mistério, explicando o romance de Júlia com MacCauley, a descoberta desse romance por Nunheim e a chantagem deste para não revelar o caso - razão pela qual foi morto, as falsas cartas remetidas por Wynant dando notícia de que ainda estaria vivo, o esquema entabulado por MacCauley para continuar administrando e desviando o dinheiro do morto, para si e para dá-lo a Julia e a Mimi. Por essas linhas, já dá para saber quem é o assassino.
Mais do que o desfecho, o desenrolar do filme, com soberba química entre Powell e Mirna Loy, sua vida rica e descompromissada, sempre em festas e rodeados de amigos, com muito humor e diálogos afiados fazem deste filme uma grande opção para divertimento.
Li críticas por aí que o roteiro é quase impossível de seguir - realmente a trama se complica, ainda mais com a má dublagem do TCM, tive que voltar o filme para compreender alguns detalhes (e nem todos são compreensíveis), e além disso um elogio a Powell, que seria para o cinema falado o que Chaplin ou Keaton seria para o cinema mudo. Atuação soberba, realmente, de um ator que até agora nunca tinha visto em atuação.
Nota IMDB - 8,1. Merecido.

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