quarta-feira, 7 de setembro de 2011

SERPICO (1973), de SIDNEY LUMET - 02.09.2011

Frank Serpico, um policial recém ingresso na força de Nova Iorque (vivido como se pode ver por Al Pacino), logo percebe que onde quer que vá - e durante o filme ele passa por quatro ou cinco delegacias diferentes, os policiais são corruptos, e recebem dinheiro e várias outras formas de vantagens para "dar proteção" a comerciantes, o que já consistia uma prática por demais usual, e não fazer parte desse esquema o deixa isolado e em perigo.
Muitos tentam demovê-lo dessa conduta honesta, pois ela coloca em risco os próprios policias corrompíveis, que ficam com medo de um haver um tira honesto no meio deles.
Essa postura afrontosa de Serpico o leva a mudar de delegacia, quase sempre a seu pedido, primeiro indo para o setor de identificação criminal - onde em tese não haveria corrupção, depois passa a trabalhar como policial à paisana, a P2 brasileira, em que em tese não precisaria estar tão ligado à burocracia policial e mais afastados dos esquemas, mas os episódios de corrupção não diminuem, nem a pressão que os demais exercem sobre ele para que ele aceite dinheiro.
Serpico é um policial pouco ortodoxo no seu modo de ser, é apaixonado, é uma pessoa sedutora, vive com cabelos compridos, barba espessa, brinco, ama ballet, tem namoradas e nas horas de folga vive como se não fosse um policial, mas no cumprimento de seu mister é inflexível.
Ele tenta desbaratar a corrupção por dentro da instituição, primeiro comunicando a seus superiores sobre o que vem ocorrendo, e estes lhe prometendo providências, mas nada realmente é feito, por anos, e a pressão sobre Serpico aumentando (bem como sua paranóia persecutória, de que todos estavam a persegui-lo). Tenta contato com os níveis mais altos da hierarquia policial, com o gabinete do prefeito, mas nada dá resultados, sempre com um antigo colega de academia, que rapidamente se tornou detetive (por influência política).
Somente quando vazam a história para o New York Times é que as coisas começam a acontecer, pois é instaurada uma comissão investigativa que ao final vai redundar em uma grande limpeza na polícia novaiorquina, mas durante as investigações secretas Serpico continua trabalhando, e estas se arrastam porque as provas não são contundentes (ao menos para os investigadores), que gostariam que Serpico tivesse consigo um grampo para confirmar o eventual testemunho, o que é impossível dada a desconfiança de seus colegas. Frank inclusive reluta por muito tempo em testemunhar, e aparentemente somente após o atentado abaixo narrado é que decide contar tudo à comissão.
Nesse ínterim, para Serpico, as coisas não ficaram tão fáceis assim (sobre a verdadeira história de Frank Serpico LINK AQUI, no NYT), e quando ele está na delegacia de narcóticos - em que os subornos são muito mais altos e portanto a honestidade traz grandes prejuízos aos colegas corruptos - em uma batida contra um traficante de heroína, ele é deixado na mão por seus "colegas" - um deles F. Murray Abraham (o Salieri em Amadeus, ganhador do Oscar de melhor ator), que na abordagem ao traficante, em um apartamento, fica preso na porta, lutando contra o traficante, e seus colegas que deveriam auxiliá-lo no arrombamento nada fazem, deixando Serpico levar um tiro na cara, que não o mata, mas o deixa surdo de um ouvido e com um problema na perna.
No filme ele é socorrido pelos policiais, mas na vida real estes sequer se dignaram a ajudá-lo, e um vizinho idoso e uma viatura que não o reconheceu - pois estava à paisana, socorreram-no, levando ao hospital, em que receberá o distintivo prateado, tornando-se detetive (mas sem efetivamente voltar a trabalhar).
Serpico migrará para a Europa, onde ficará por muitos anos.
Nota IMDB - 7,8. Acho que daria um pouco menos, um 7. Um filme que deve ter tido muito maior repercussão quando do lançamento, dois anos após os acontecimentos.

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