segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

ROBOCOP - O POLICIAL DO FUTURO (1987), de PAUL VERHOEVEN - 20.01.2010

Clássico dos anos 80, a que cansei de assistir na Globo, merecre ser revisitado. Peter Weller é o policial Alex Murphy - depois Robocop. Ao ser gravemente ferido, ele serve como cobaia para um experimento da polícia para a criação do "policial do futuro", um policial meio-homem, meio-máquina, que será a nova arma para combater o crime em Detroit.
A atividade policial de Detroit foi terceirizada - execução e planejamento - e está sob o comando de uma empresa, a OCP.
Murphy, remanejado pela OCP para uma nova delegacia, em sua primeira ocorrência na companhia da policial Lewis (Nancy Allen), é encurralado pela gangue de Clarence Boddecker (Kurtwood Smith, o ranzinza pai do protagonista de The 70's Show), e morto com sadismo. Primeiro lhe arrancam um braço, lhe dão vários tiros, e Clarence dá o tiro fatal, na cabeça.
Esse "resto" do policial humano será transformado em Robocop, teoricamente uma máquina de guerra sobre uma mera plataforma humana, sem memórias, sem sentimentos, e com três diretrizes básicas: respeitar a lei; proteger os inocentes e servir a população; e uma quarta diretiva secreta, a ser revelada oportunamente.
A OCP, além de ser a responsável pela criação de Robocop (em substituição ao ED-209, um protótipo que na apresentação mata um membro do conselho diretor e faz ficarem em pólos opostos, pelo poder na empresa, Dick Jones e seu subordinado Bob Morton - este que será promovido com a implantação do robô policial e representando uma ameaça a Dick na hierarquia da empresa), será a empreiteira responsável pela construção da "nova Detroit" - Delta City - que demandará uma grande obra, a contratação de um milhão de operários.
RoboCop se mostra eficientíssimo no combate ao crime, até demais, pois ao passo que combate o crime, logo começa a recordar o passado de Murphy, seu assassinato por Boddecker (que revela, ao ser preso, ser um protegido de Dick Jones - o número 2 da OCP). Boddecker, ademais, já matara Bob Morton, a mando de Dick
Quando o "policial do futuro" prende Boddecker e este revela a identidade de seu protetor, fazendo com que o próximo passo do homem de lata seja prender o próprio Jones, momento em que se revela a quarta diretriz de sua programação: não atentar contra os dirigentes da OCP, o que o levaria à automática desativação. 
Aparentemente, as emoções de Murphy fazem com que o ciborgue não morra/desligue apesar de programado para isso, e embora atacado por um ED-209 e pela força policial de Detroit, sob ordens da OCP, consegue escapar da emboscada, com a ajuda da policial Lewis.
Mesmo um pouco avariado ele se recompõe, e é atacado por Clarence e seus capangas, que recebera, para destruir Robocop, a promessa de Dick Jones que, durante a construção de Delta City teria o direito de explorar jogos, bebida e prostituição neste universo de um milhão de novos trabalhadores.
Com ajuda de Lewis, Robocop mata a turma de Clarence e vai até a sede da OCP, onde desmascara Dick Jones, mostrando o vídeo gravado em seu hardware, em que este confessa ter matado Bob Morton. Para tentar escapar, Dick faz o presidente da OCP de refém, e como ainda vigente a quarta diretiva, somente com a demissão de Dick ao vivo, pelo seu chefe, Robocop pode salvar o refém e se livrar do corrupto dirigente. Então, com a missão cumprida, é perguntado seu nome, pelo chefão da corporação, ele pode dizer: - Murphy.


O filme além de ser boa ação - embora o roteiro seja mais simples do que eu me lembrava - traz algumas questões interessantes, como os interesses corporativos sobre os interesses da comunidade, a importância dos contratos sobre o objeto da contratação. Ademais, a corrupção para a construção da nova cidade, a exploração de novos mercados ilegais. 
Também ataca de soslaio a desvalorização do humano, do trabalho policial, da autonomia do indivíduo perante um estado, e até mesmo a perda da autonomia do estado perante os grandes grupos econômicos - estávamos na época liberal dos anos 80). Há mais questões "contrabandeadas" - como afirmou Inácio Araújo em sua breve resenha na FSP de 19.02.2012, ou seja, um filme aparentemente apenas policial traz questões implícitas bastante interessantes. Assista e tire suas conclusões.


Nota IMDB - 7.5. Acho que isso aí. 

sábado, 18 de fevereiro de 2012

TUDO POR UMA ESMERALDA (1984), de ROBERT ZEMECKIS - 17.02.2012

Este filme, que antecede "A Jóia do Nilo", de que não gostei, como se pode ver aqui, é muito superior à sua seqüência, até porque filmado por Zemeckis (em vez de Lewis Teague) que fez, por exemplo, De Volta para o Futuro, Náufrago, Forrest Gump, ou seja, alguém que entende de cinema, sabe fazer filmes de aventura. 


Joan Wilder (Kathleen Turner), uma escritura de romances baratos acabou seu mais recente livro, enquanto, na Colômbia, seu cunhado - que lhe enviou uma correspondência - foi morto, aos pedaços. Sua irmã ainda permanece naquele país e logo é sequestrada. Nos EUA, já há um latino no encalço de Joan - Mr. Zolo, ministro de Antiguidades da Colômbia e ao mesmo tempo Chefe da Polícia secreta colombiana. Ela tem sua casa vasculhada por Zolo, e quando ela retorna, com tudo revirado, recebe uma ligação da Colômbia, dos trambiqueiros Ira e Ralph (Danny DeVitto) pedindo que ela vá até aquele país e entregue um mapa do tesouro que recebeu pelo Correio do ex-marido de sua irmã.
Só lhe resta ir à Colômbia. Lá chegando, é posta em um ônibus errado por Zolo, que pretende assim tomar posse do mapa. Zolo está prestes a conseguir seu intento quando surge Jack Colton (Michael Douglas) e a salva. Colton, um americano aventureiro, no momento caçador de aves exóticas, passa a ajudá-la mediante paga, para que ela possa chegar a Cartagena e entregar o mapa aos trapaceiros, para salvar sua irmã.
Quando Colton descobre o mapa que Joan tem consigo, vislumbra a possibilidade de em vez de entregarem o mapa, encontrarem o "El Corazon" - assim está escrito no mapa o nome do tesouro buscado - o que aumentaria o poder de barganha com os sequestradores. Colton não refutava a possibilidade de trapacear, passando Joan para trás, se essa não concordasse com a busca autônoma, até para concretizar seu sonho de comprar um veleiro e dar a volta ao mundo - mas ela concorda com o plano a partir do momento em que se apaixona por Colton.
Fugindo de Zolo, de alguns traficantes, e tentando se desvencilhar de Ralph, eles seguem o mapa e encontram a pedra e conseguem ficar com ela, embora se separem em uma queda de cachoeira, e marcam de se encontrar em Cartagena, embora um desconfie do outro.
Lá, marcado por Joan o encontro para entrega do mapa a Ira, que ainda não tinha conhecimento de que a pedra fora encontrada, a escritora entrega o mapa em troca de sua irmã, mas não conseguem se safar imediatamente, pois chegam Colton - sob a mira da arma de Zolo . Para tentar salvar a situação, Jack joga a Esmeralda para Zolo, mas sendo o local onde estavam infestado por crocodilos, um deles engole a pedra e a mão de Zolo, que depois é morto por Joan
Com a chegada da polícia, todo mundo dá no pé, inclusive Colton, que mergulha no mar. 
Já em Nova Iorque, sozinha, Joan termina um novo livro, transformando em romance o que lhe ocorreu na Colômbia (daí o título original do filme - "Romanceando a Pedra"). Quando ela chega em casa após entregar os originais de seu romance à sua editora, sem revelar que a obra tem muito de biográfico, em frente à sua casa há um veleiro enorme, sobre uma carreta, e dentro dele, Colton, com uma bota de couro de crocodilo. Eles então passeiam por Manhattan dentro do veleiro.


Nota IMDB: 6.9. Vale menos. É bem melhor do que "A Jóia do Nilo", mas também não é grande coisa. Tem passagens divertidas, mas é só isso. Tudo é previsível. Parece-me que esses filmes, tanto quanto os de Allan Quatermain vieram todos na esteira do enorme sucesso de Indiana Jones.

CUJO (1983), de LEWIS TEAGUE - 15.02.2012

Filme de terror que a seu tempo fez sucesso nos cinemas, era mais conhecido por mim pela citação feita no seriado americano "Friends", em que os personagens do sexteto se assustavam e ficavam com medo de assistir sozinhos ao filme. 
Baseado em uma história de Stephen King (e é de se dizer que a grande maioria das obras do escritor vertidas para o cinema viraram grandes porcarias), temos o dócil São Bernardo de nome Cujo que, picado por um morcego, se torna um cão assassino.
O filme começa lentamente, mostrando a família urbana dos protagonistas (Vic, Donna e o filho Ted), além da família (os Camber) pobre e meio caipira, que mora numa propriedade rural onde o marido Joe é um mecânico, procurado por Ted quando o carro deste apresenta problemas. Ali está Cujo, que aos poucos vai mudando seu comportamento, de um cão amável a um cachorro arredio, recluso, irritadiço com barulhos.
Logo a família de Vic e Donna se mostra disfuncional (aparentemente a família perfeita), a criança tem medo de monstros, Donna tem um caso extraconjugal com um amigo de Vic. 
Quando, descoberto o caso de sua esposa, Vic deixa a cidade para pensar na relação, Donna tem problemas com seu carro e leva para Camber fazer o conserto, mas a esta altura a mulher e o filho deste partiram para uma breve viagem (pois ganharam na loteria), e Cujo, agora já transformado num cão assassino, eliminou o patriarca e um amigo deste. 
Ao chegarem (Donna e Ted) à propriedade de Joe Camber, encontram apenas o cachorro, já completamente transtornado (a esta altura já tinha matado Joe Camber e seu amigo de cerveja e festa. 
Primeiramente o cachorro os encurrala dentro do carro, e depois, mantém uma tocaia os impedindo de buscar auxílio. Como o carro está pifado, não tem ninguém na casa, e eles não conseguem sair da propriedade e nem do veículo para pedir ajuda; ficam dentro do carro, sofrendo com a sede, fome, calor, sendo Ted asmático. 
Dois ou três dias depois, Vic não conseguindo falar com Donna em casa, ele retorna para tentar encontrar a família. Um policial vai verificar a propriedade de Camber e é morto por Cujo
Com a intensificação da crise asmática de Ted, sua mãe resolve enfrentar Cujo, com um taco de beisebol largado no quintal. Aparentemente morto o cachorro do demonho, Donna vai para o interior da casa tentar salvar Ted, e consegue fazê-lo (ressuscitá-lo, eis que inconsciente e com parada respiratória), quando Cujo mais uma vez aparece, redivivo, e Donna dá-lhe vários tiros, com o revólver do policial morto pelo cão. Vic finalmente chega para novamente unir a família.
O que me parece interessante é que não se trata de nada de terror sobrenatural, de possessão demoníaca do cão, nada disso, mas de raiva animal, adquirida da mordida de morcego. No livro, ao que vi, o final é bem diferente e infeliz.


Nota IMDB: 5.8. É por aí, talvez um pouco menos. Alguns bons momentos de tensão bens construídos, suspense interesssante. Um filmezinho simples, mas sem bobagens desnecessárias. Vale a diversão.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MEU PASSADO ME CONDENA (1961), de BASIL DEARDEN - 12.02.2012

Tão logo um carro da polícia se aproxima da obra em que trabalha, Jack Barrett, um jovem inicia uma fuga, ainda inexplicada.
Entra em contato com Eddy, seu amigo, e lhe pede para que pegue um pacote em seu armário e lhe entregue, e diz que precisa deixar a cidade. 
Já com o pacote embaixo do braço, continua em sua tentativa de fugir, pedindo auxílio ou guarida a seus amigos, mas não consegue toda a ajuda de que precisa, por motivos ainda não plenamente conhecidos.
Barrett tenta contato com Melville Farr (Dirk Bogarde), advogado bem-sucedido, casado, prestes a prestar serviços para a monarquia britânica, mas este se recusa a atender aos seus telefonemas, neste momento. 
Finalmente, Barrett é preso numa lanchonete de beira de estrada, quando se revela a causa de sua prisão: ele dera um golpe em sua empresa, forjando a existência de empregados inexistentes, para desviar dinheiro, cerca de 2 mil libras, mas o policial percebe que há algo por trás desse delito, pois Barrett não tinha perfil criminoso. 
Ademais, no momento da prisão, Barrett tenta se desfazer do conteúdo de seu pacote comprometedor, jogando na privada e dando a descarga, mas a polícia consegue recuperar o objeto - um livro de recortes exatamente sobre os feitos do famoso advogado Farr.
O Detetive Harris (ótimo papel de John Barrie) percebe que Barrett é homossexual, e que está sendo chantageado, mas Barrett se nega a falar sobre a chantagem, sobre o que lhe era exigido e por quem. Para não ter de revelar o que sabe, Barrett se enforca na cela.


Neste momento, Farr que até então fizera pouco caso do caso de Barrett - também para se preservar, como logo se saberá - recebe Eddy (ao receber a correspondência de seu amigo morto) que lhe mostra uma foto em que Barrett está acompanhado de Farr, ambos estavam envolvidos. Então, a conclusão: Barrett se matou para preservar Farr, seu amor e seu ídolo, um homem de prestígio social e também gay, embora casado com uma mulher, e que lutava para controlar seus impulsos homossexuais - tivera um envolvimento adolescente mas o reprimira, e o seu amante cometeu suicídio. 
Farr resolve se envolver na responsabilização pela morte e na investigação para tentar impedir que a chantagem continue, pois como se descobre, vários gays londrinos estão na mesma situação, sendo extorquidos por um grupo que vigia os gays e cobra dinheiro para não revelar a situação deles à polícia. Isto porque o filme foi feito em 1961, quando o homossexualismo era ainda proibido na Inglaterra. Há cenas bastante explícitas de preconceito, puritanismo, com violência verbal contra os gays.
As cenas de bar, onde vários gays freqüentadores conversam sobre sua situação, com a simpatia de alguns e a repreensão de muitos; o clima de espionagem, de fofocas, de observadores suspeitos querendo saber da vida dos outros, criam um clima de eterno suspense para os homossexuais, controlados, vigiados, sempre objeto de desconfiança e repulsa moralista.
Outro gay prestes a fugir para o Canadá, para viver sua velhice sem contratempos é pressionado, e sofre um ataque cardíaco.
Melvin Farr resolve dissolver a organização que chantageia os gays, não importa o custo pessoal e profissional. Tem de contar sobre seu envolvimento com Barrett à sua esposa (ela sabia do "caso" anterior ao casamento), e ela resolve deixá-lo, bem como a seu ajudante na advocacia, um senhor que o acompanha há anos, que diz não se importar com a situação, pois se nele confiava há tanto tempo, nada mudaria isso.
Farr começa também a ser pressionado e ameaçado devido à sua posição social, chegam a pintar na porta de sua garagem a frase "Farr is queer" - Farr é veado - mas persegue a quadrilha, fica sabendo de outras pessoas conhecidas na cidade também gays que tinha de disfarçar sua condição e se submeter à chantagem - um outro advogado, um ator famoso, etc. - compra os negativos de sua foto com Barrett e umas cartas que incrimavam um outro gay amigo de Barret, nessa sua busca pelos chantagistas. Segue, com o auxílio da polícia, a pessoa responsável pela remessa do dinheiro da chantagem ao destinatário da grana, e ali conseguem desbaratar a quadrilha, com evidente prejuízo pessoal a Melvin, pois sua homossexualidade será trazida à tona no julgamento dos chantageadores, e sua carreira estará em ruínas. 
Os chantagistas são uma mulher puritana, que tem nojo dos gays e um outro homem, aparentemente também homossexual - uma foto de Davi, de Michelangelo, é a dica, penso eu, além de seu jeito levemente afetado. A coleta das informações sobre a vida privada das pessoas extorquidas é feita, por vezes, com o auxílio de outros gays (um que não tinha mais como custear a chantagem entrega seus amigos), além daquela rede de pessoas que, pelo "bem dos outros", vigiava a sociedade.
Farr volta a sua casa, e esperava que sua mulher ali não estivesse, mas ela está e quer ficar para auxiliar o marido, mas este replica que enquanto o processo estiver correndo, melhor que eles estejam separados até para preservar a mulher, que é filha de um juiz, e que ele a ama. Farr entretanto, diz que após toda a confusão, ele precisará dela, desesperadamente. Farr queima a foto com Barrett


Nota IMDB:7.7. Vale. Filme muito bom.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

INDIANA JONES E OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA (1981), de STEVEN SPIELBERG - 04-05.02.2012

Este filme trata da busca arqueológica pela "arca da aliança", a arca em que estariam guardadas as tábuas originais dos dez mandamentos, aquelas quebradas por Moisés quando ele volta do Sinai e o povo hebreu estaria a adorar outros deuses (o bezerro de ouro, se não me engano).


Há um prólogo em que Indiana Jones (desnecessário dizer que vivido por Harrison Ford) está, em 1936, em algum lugar da América Latina, em busca de uma estatueta de ouro, representativa de alguma entidade. As primeiras cenas de ação servem - e bem - para a apresentação da personagem até então inexistente (o aventureiro, de chapéu de feltro e chicote na mão), e sua expertise em recuperar artefatos arqueológicos, para logo então ser apresentado o primeiro de seus oponentes - o francês Bellocq, digamos um arqueológo mercenário. Mas virão outros (os nazistas).


Corte a para a universidade em que Indiana leciona (vê-se então que além de tudo ele é um erudito, um professor de arqueologia), e ali ele trava conversa com seu grande amigo Marcus (Denholm Elliott) sobre suas buscas e infortúnio com Bellocq. Marcus diz que duas pessoas do governo americano lhe buscam, e esses contam sobre as buscas dos nazistas por Tânis (cidade antiga, perdida no Egito) e pela arca da aliança, artefacto que o governo americano quer impedir que caía em mãos dos nazis, incumbindo Indi de encontrá-la antes dos alemães. Indiana replica que seu amigo Abner é quem conhece os pormenores dessa busca, mas ele está desaparecido, e eles tiveram um desentendimento (por causa de Marion, filha de Abner, com quem Indiana Jones teve um romance, e a deixou).


Por onde começar agora que Abner desapareceu? Indiana ruma para o Nepal onde encontra com Marion (Karen Allen), em busca de um medalhão que encaixaria no bastão de Rá, objeto importante para a localização da arca. Indi promete dinheiro para Marion em troca do artefato. 
Ali, ambos têm o primeiro confronto com os alemães, e especialmente com o Maj. Toht (Ronald Lacey), que seguindo Indiana desde os EUA, também está atrás do tal medalhão. Após uma confusão com troca de tiros, o medalhão fica com Jones, mas Toht, ao pegar o medalhão caído no fogo no meio da confusão, fica com os relevos do objeto marcados em sua mão. Marion, que agora teve seu bar incendiado, resolve acompanhar Indi em sua busca, para receber os prometidos 5 mil dólares que receberia pela entrega do artefato. 


Estamos agora no Egito, onde os alemães já estão escavando a toda velocidade, e não apenas no local inicial da expedição, mas já em um local indicado pela réplica do medalhão feita com base na queimadura gravada nas mãos do Maj. Toht. Ocorre que apenas um dos lados do medalhão ficou marcado na mão do oficial nazista, e no outro lado do artefato havia uma informação importante sobre a medida a ser aplicada ao bastão de Rá. Sem essa informação, os alemães tem a referência errada, e escavam em local equivocado.


Marion é raptada pelos alemães para que conte o que Indiana Jones sabe a arca da aliança, mas em verdade ela pouco sabe. Aqui no Cairo temos a famosa cena do espadachim vestido de negro, fazendo malabarismos com sua espada, e Jones acaba com o duelo antes mesmo de ele começar, com um tiro. 
Ainda na capital egípcia, Indiana recebe a ajuda de Sallah (Jonh Rhys-Davies), um escavador experiente, e com a medida correta do bastão, e com o uso do amuleto, passa a escavar secretamente, e encontra a Arca da Aliança. Uma vez, mais, contudo, ao amanhecer, quando Jones deixava a sala da escavação, Belocq vê o movimento suspeito no sítio arqueológico e simplesmente toma o artefato de Indiana, deixando o preso para a morte dentro do próprio local em que descobrira a arca.
Ele consegue escapar e os alemães já estão se preparando para ir a Berlim. Começa então uma seqüência de reviravoltas no que toca à posse da arca: os alemães a tem em seu poder, Jones empreende solitário, e a cavalo, uma perseguição a um comboio de carros e caminhões, conseguindo, sozinho, tomar a posse da arca e, com ela, ir até o Cairo, onde Sallah o ajuda a embarcar em um navio que o levará até Londres.
No meio da travessia, são interceptados por um submarino alemão, que recupera a arca e mais uma vez faz Marion de refém, conseguindo Jones ficar oculto no navio, e na hora da saída do submarino, ele se agarra ao submarino, que ruma até uma pequena ilha-instalação militar nazista, onde estes, por sugestão (e curiosidade) de Belocq, pretendem abrir a arca para conhecer o seu conteúdo, evitando que somente em Berlim ela fosse aberta e, lá, frustrado o interesse de Hitler, se nada de relevante houvesse.


Os nazistas, em procissão, rumam para um local cerimonial já preparado, e no caminho, mais uma vez Jones tenta recuprerar a posse da arca, mas desiste, porque implicaria destruir o artefato arqueológico, o que ia de encontra às suas convicções. Ele é preso. 
Em um cerimônia judaica emulada por Belocq, inicialmente abrem a arca e nada acontece, havendo apenas areia em seu interior. Todos estão frustrados, quando a arca finalmente "dá sinais de vida", primeiro fazendo falhar os equipamentos elétricos (de filmagem, por exemplo, para não deixar testemunho de o que iria acontecer), depois matando todos aqueles que ousaram desafiar o poder de deus, e/ou não se mostraram tementes (morrem todos os nazistas e Belocq) - Jones e Marion, amarrados, se salvam ao fechar os olhos para não verem a manifestação divina, e suas amarras são soltos pela manifestação do divino.

Novo corte abrupto - uma pequena falha de roteiro, a meu ver - e Jones e Marcus já estão em Washington, novamente tratando com os burocratas sobre a arca, querendo saber onde ela está, quem a está estudando, mas não obtêm resposta. Jones e Marion saem para beber enquanto a arca é lacrada num caixote de madeira e guardada num depósito com uma infinidade de caixas exatamente iguais, deixando os segredos e os poderes perdidos num depósito do governo.


Nota IMDB - 8.7. Não sei se é pra tudo isso, seria a nota mais alta entre os poucos mais de 100 filmes que já narrei aqui. Vale um 8, é um filme de aventura de grande qualidade (comparações com Allan Quatermain ou os filmes com Nicolas Cage buscando segredos americanos, ou ainda, o Código da Vinci seriam absurdas, tamanha a diferença entre os filmes). 


Interessante assistir ao vídeo acima, em que se pode ver que  Spielberg - de quem se diz sempre teve o sonho de dirigir um filme de 007, ou seja, um estilo de filme com o cânone cinematográfico perfeitamente estabelecido -  utilizou os clichês, os cânones dos filmes/seriados de ação e aventura, até com cenas que parecem mera refilmagem do que já feito anteriormente, os condensou num bom roteiro, com um elenco muito bem escalado (Harrison Ford ótimo; Denholm Elliott e Karen Allen entre outros, muito bem no elenco de apoio), filmou cenas de ação vigorosas, com um charme retrô, que garantem ótima diversão, tornando cinematográfico o que era televisivo ou já há muito estava esquecido em filmes antigos. Filme sempre agradável de se rever.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A PRIMEIRA PÁGINA (1974), de BILLY WILDER, 30.01.2012

E é um dos últimos filmes de Billy Wilder (veja o elogio do filme, aqui, no site da Contracampo), e se passa no ano de 1929 (junho).
As primeiras cenas, da linotipia para a montagem da capa do jornal, e depois a impressão do periódico já são muito legais, e mostram um anacronismo absurdo, em nossos tempo de internet, impressão digital, etc, o que, certamente, já era anacrônico em 1974, quando realizado o filme.  
A capa dessa edição que está sendo formatada trata da condenação à morte, pela forca, pelo assassinato de um policial. 


Hildy Johnson (Jack Lemmon) trabalha no Chicago Examiner, onde Walter Burns (Walter Matthau) é o editor-chefe, e o escala para fazer a cobertura do enforcamento do condenado à morte, que se dará na manhã seguinte, mas Hildy nega a requisição de seu chefe, e se demite (o que já estava planejado), pois vai se casar no dia do enforcamento, e aquela rotina de jornalista não permite privacidade, vida própria, tendo inclusive feito fracassar o seu primeiro casamento. Assim, na manhã seguinte, quando Earl Williams (Artur Pendleton) seria enforcado, Hildy já terá largado o papel e a caneta, e viajado para a Filadélfia com sua noiva/namorada Peggy (Susan Sarandon).  
Walter faz tudo para dissuadir Hildy de seu intento demissionário, mas este se mostra irredutível, quando então Walter passa a usar de outras estratégias para impedir que Hildy largue seu emprego, como por exemplo procurar a noiva para dizer que seu enamorado é um bandido e está em condicional.
Quando Hildy vai à sala de imprensa do fórum criminal, onde trabalhava, para se despedir de seus colegas de imprensa setoristas que também davam expediente por lá, cada um para um diferente jornal, uma sucessão de eventos (além da ação de Walter) o fará se atrasar para seu compromisso, à meia-noite - pegar o trem para a Filadélfia. 
Durante o bota-fora com seus colegas, o xerife (vivido por Vincent Gardenia),  acompanhado de um médico psiquiatra,  faz a última entrevista com Earl - o condenado - para aferir a sanidade mental deste e assim confirmar a execução na manhã seguinte. Embora nada parecesse mostrar que Earl tivesse a capacidade de entender seu delito (era incapaz, um simplório, um insano), uma manobra desastrada do xerife (outro idiota) ao entregar sua arma carregada na "reconstituição" do crime, cria a oportunidade para que Earl consiga fugir, após atingir o psiquiatra, levando a arma do policial consigo.
Paralelamente à perseguição que se empreende contra o agora fugitivo por toda a cidade, com as mais disparatadas pistas de onde estaria o assassino (e cenas aceleradas, típicas de filmes mais antigos, ou até de filmes mudos), o xerife e o prefeito estão às vésperas da eleição e estão preocupados com a repercussão da fuga, a não realização daquela morte "moralizadora" e inclusive ignoram um indulto concedido pelo Governador do Estado suspendendo a execução de Earl, pois aquela morte seria importante para a sua continuidade no cargo, e "encaminham" o estafeta governamental (gratuitamente, é claro) a um prostíbulo em que o prefeito era habitué.
Walter usa dos mais abjetos (malgrado engraçados) expedientes para impedir que Hildy de deixar a cobertura do crime: escala um repórter inexperiente, para que Hildy se compadeça dele e o ajude na cobertura, por exemplo.
Então, uma coincidência ajuda Hildy a continuar no caso. Quando ele está sozinho - sem ou outros setoristas - na sala de imprensa, Earl adentra por ali, ferido e com a arma do xerife, atiçando o instinto do repórter Hildy, que se entretém na reportagem, ao mesmo tempo em que vai tentando manter sua deadline pessoal - à meia-noite tem de viajar com sua noiva, e a vai dando tarefas a ela para entretê-la, de modo que consiga fazer essa última reportagem e ao mesmo tempo manter o casamento iminente.
Com acesso a Earl e à arma do xerife, Hildy e Walter começam a escrever a reportagem exclusiva, inclusive enganando seus colegas de imprensa, mais preocupados com seu sucesso do que com a condição do condenado ou com a verdade (um jornalismo eminentemente sensacionalista, variando de tom conforme mais ou menos sério fosse o veículo representado pelos jornalistas que davam expediente naquela sala do fórum, mas que chegam a desprezar os fatos, a ridicularizar a defesa de Earl feita pela prostituta Mollie Malloy, desde que sua história saia), com uma volúpia jornalística ressurgida no repórter, que por ora se esquece de seu casamento (ótima cena de Jack Lemmon insano à máquina de escrever, datilografando numa velocidade absurda a reportagem que desmascararia o xerife e "salvaria" Earl, pedindo cigarros e deixando sua noiva de escanteio).
Quando a manobra de ambos pelo "furo" é descoberta, eles são presos, e a situação do prefeito e do governador parece resolvida malgrado o indulto ignorado, quando, mais uma vez, em coincidências desse filme de humor, o portador do indulto governamental também está preso. Isso porque, às vésperas de uma eleição sempre se dava uma batida nas zonas, para ganhar os votos "família", e por mais uma coincidência, esta batida feita pelo xerife, por falta de comunicação, foi na zona frequentada pelo prefeito. O indulto "esquecido" é então utilizado descaradamente como chantagem contra o prefeito que libera os jornalistas. O indulto finalmente salvará Earl, não por bondade de ninguém, mas apenas por jogo de interesses (tirar Walter e Hildy da prisão; não deixar o xerife e o prefeito enforcarem alguém apesar de um indulto concedido).
Walter, finalmente tem uma crise de remorso, e resolve ajudar Hildy a chegar ao trem para encontrar sua amada, a esta altura, já na estação, pedindo para o xerife atrasar a partida do trem e fornecerr um carro com batedores para levar Hildy à gare. 
Enfim, Hildy consegue embarcar, encontra Peggy, e pela janela do trem, Walter entrega a Hildy um relógio de bolso que ganhara de seu pai, como presente e um pedido de desculpas, e de agradecimento ao melhor repórter que já teve.
Basta o trem sair para que Walter vá ao telegrafista e pergunte qual a próxima estação, dando notícia de Hildy deve ser detido, pois furtara seu relógio.


O filme poderia terminar por aí, e estaria ótimo. O epílogo, explicitando o futuro dos personagens, embora esclarecedor, seria desnecessário, o fim estaria perfeito, igualmente. Mas de qualquer forma, serve para deixar claro o que já parecia claro, que a veia jornalística de Hildy venceu, que voltou a seu emprego, deixando Peggy.
Uma película com muita coisa a ser vista. A sede de notícias, o diferentes meios pelos quais se pode contar um notícia, distorcendo os fatos ou apenas os relatando, as relações pouco puras entre imprensa e poder, o poder corrompido ele mesmo, enfim, vale a pena uma boa olhada neste filme.


 Nota IMDB - 7.3.  É por aí, um filme divertidíssimo. Billy Wilder em ótima forma.