domingo, 15 de abril de 2012

OPERAÇÃO FRANÇA II (1975), de JOHN FRANKENHEIMER - 07-08.04.2012

Agora "Popeye" Doyle (Gene Hackman) está em Marselha, mas ainda atrás de Charnier, interpretado por Fernando Rey, o traficante de heroína que lhe escapou em Nova Iorque - e agora sabemos como, pois Charnier revela que tudo se deu em razão de subornos pagos a agentes de polícia americanos. 
Ele vai à França numa "cooperação" com os policiais franceses (Barthelemy - Bernard Fresson - à frente) que, como se verá, não estão nem um pouco a fim de receber a cooperação, e tampouco interessados em cooperar com Doyle. Aliás, o histórico truculento de Popeye é um grande empecilho a que os policiais franceses confiem no policial americano.
Popeye não pode usar arma na França (embora logo ele desobedeça a tal ordem, tendo levado uma mala escondida no forro de sua mala), não pode entrar em ação - e a primeira vez que age já causa a morte de um policial francês. Esse deslocamento de Popeye, um tira eminentemente físico (com cinco mortes nas costas, duas de policiais), truculento, obsessivo e violento, em contraste com uma polícia francesa mostrada como observadora de uma civilidade muito maior já se mostra bastante interessante.
O que Hackman não sabe é que ele foi mandado à França como uma isca para a prisão de Charnier, e não para realmente auxiliar nas buscas da polícia francesa. Hackman fica vagando pela cidade, na esperança de cruzar com seu inimigo - e tendo a segurança à distância de dois policiais franceses - o que efetivamente ocorre, com o único contratempo de que apenas Charnier o avista; Popeye não sabe que seu inimigo está ali.
Quando finalmente Doyle consegue se desvencilhar de sua guarda particular, é então sequestrado e mantido em cativeiro em um hotel pulgueiro por comparsas de Charnier, e este exige que o policial lhe conte o que faz ali e os planos da polícia, mas diante da negativa de Popeye, resolvem injetar-lhe heroína a fim de que este fale - ou, no mínimo, para que fique incapacitado pelo vício na droga. 
Popeye resiste a contar o que sabe, mas não ao vício na heroína. A sua resistência inicial logo vira apenas uma necessidade da droga, e ele sequer resiste ou tenta escapar, pois precisa da heroína.
Como o cerco policial - com buscas intensas por parte da polícia francesa - incomoda os negócios (tráfico) da quadrilha de Charnier, estes resolvem "devolver" Doyle à vida, largando-o de um carro em movimento em frente à Delegacia, praticamente morto por uma overdose. 
Tem início então, logo após a "ressureição" de Doyle, com lavagem estomacal e outras medidas de primeiros socorros, uma lenta recuperação do policial americano contra o vício que lhe foi imposto, e vê-se que o vício inclusive superou a vocação policial de Popeye, que faria qualquer coisa por mais uma dose. Some-se a isso que a recuperação do policial não pode ser acompanhada por um médico, sob pena de além de a operação policial ser desmascarada, criar-se um grande escândalo em razão da existência de um policial americano na França estar viciado em heroína. À lenta recuperação da dependência - que afinal tem êxito - soma-se a recuperação física de Popeye, devastado pela droga. A recuperação de seu físico, de sua força, de sua violência, fazem parte da recuperação da sua essência. 
Finalmente recuperado, volta a vagar pelas ruas, buscando encontrar o Hotel Tanger, em que ficou "hospedado". Ele não revelara a ninguém que, ao ser seqüestrado, conseguiu identificar o local de seu cativeiro, e, finalmente, ao se deparar com o local, avisa seu companheiro francês (Barthelemy) para vir a tal lugar, e trazer consigo bastante água.
Doyle, então, causa um incêndio enorme no local - e como é dito no filme, se trata de uma área pobre de Marselha, a parte árabe, e as construções parecem um grande cortiço. Logo, o fogo se espalha não só pelo hotel mas pelas redondezas, e quando chega o reforço policial francês o lugar já está ardendo em chamas. Alguns poucos são presos, os mais importantes da quadrilha conseguem fugir. Doyle então é instado pelo Chefe de Polícia a entregar seu passaporte e voltar para os Estados Unidos. 
Contudo, Barthelemy se arrisca e reincorpora Doyle à investigação (inclusive lhe entregando uma arma), que chega ao cais de Marseilles - onde houve um descarregamento de drogas em que os bandidos conseguem sumir com a droga e quase matar afogados os policiais, e daí surge uma implicação  do navio holandês e seu capitão no tráfico - que no entanto não é preso pois Popeye convence o policial francês que é melhor esperar em vez de prender o capitão, pois o pagamento ao marinheiro holandês pelo transporte da droga ainda não foi feito: follow the money. Monta-se uma tocaia, para esperar que algo aconteça, até que um dos comparsas de Charnier finalmente vem ao navio, e dali sai, iniciando-se uma grande perseguição a pé, com vários policiais envolvidos e agindo dissimuladamente pelas ruas de Marselha, cenas muito bem feitas, que criam uma ansiedade no espectador, pela resolução daquele conflito. 
Depois da longa perseguição (para mim, de longe a melhor parte do filme), conseguem os policiais chegar ao local em que a heroína é processada e embalada em latas de sopa, para ser remetida aos Estados Unidos. Mais uma vez, troca de tiros, mortes, prisões apenas dos operários do tráfico, mas Charnier consegue novamente se evadir. Mas, desta vez, Popeye não quer ser enganado como fora nos EUA, e vai em seu encalço. 
Charnier foge de táxi, de trolebus, enquanto Popeye corre, a pé, desesperadamente tentando evitar que Charnier desapareça de sua visão. Finalmente, o traficante consegue escapar em seu veleiro, e Doyle só o vê à distância, dando a impressão que sua presa escapou, uma vez mais. 
Contudo, enquanto o veleiro vai deixando o interior do porto, navegando lentamente, Popeye segue correndo pelas docas, acompanhando à distância a embarcação, tentando manter-se próximo de onde está o barco, sempre o visualizando. Por fim, extenuado, mas a uma distância não muito grande do barco, Popeye Charnier emergir na popa do veleiro. Saca sua arma e chama por seu inimigo, que o encara e quase não acredita na presença de seu perseguidor. Dois tiros finalmente põem fim a Charnier

Nota IMDB - 6.7. Vale muito mais. Um filmaço. Nota 8, pelo menos para mim. Popeye servindo como isca da polícia francesa para pegar Charnier, a adição em heroína, a rebordosa, a limpeza do organismo para Doyle se livrar do vício, além de algumas pitadas de bom humor - a piada do primeiro de abril que engana a polícia francesa com uma pista falsa de que haveria droga dentro de uma carga de atum -, além da ótima cena de tocaia e perseguição por policiais franceses à paisana fazem desse filme ótima diversão. Vale a pena.

sábado, 14 de abril de 2012

PÂNICO 4 (2011), de WES CRAVEN - 09.04.2012

Trata-se do retorno de Sidney Prescott (Neve Campbell) a Woodsboro, anos após os massacres anteriores, agora, em tese, liberta dos traumas daqueles acontecimentos, tendo purgado seus medos e escrevendo um livro sobre os incidentes. 
A fórmula é a mesma dos filmes anteriores, com algumas atualizações aos tempos modernos - as novas tecnologias - internet, smartphones, aplicativos - e os novos filmes de terror. A primeira hora de filme é interessante, depois perde bastante a graça.


Nada há de novo. O filme começa com as clássicos telefonemas em que a voz rouca de Ghostface anuncia que irá matar duas moças que atendem ao telefone. Mas, neste filme, tal prólogo é feito três vezes, dois falsos de STAB 6 e STAB 7 - dois filmes das várias seqüências baseadas dos massacres de Woodsboro - e um terceiro, que é o verdadeiro início de Pânico 4, em que duas jovens que assistem a STAB 7 são mortas, dando início a um novo massacre na cidade, exatamente quando Sidney está de volta para o lançamento de seu livro.
Várias são as mortes, segundo as novas regras dos novos filmes de terror -  as intermináveis seqüências -  nova voga atual do cinema de horror, em que nada de novo é feito, apenas mais e mais filmes com o mesmo título, e de novo, só a numeração. Há críticas a tais novas franquias, à violência explícita (Jogos Mortais, por exemplo), e menções às novas regras das mortes em tais filmes, e, por óbvio, às condutas que devem ser evitadas para preservar a própria vida.


Ao passo em que sucedem as mortes - a divulgadora do livro de Sidney, por exemplo, além dos policiais que davam segurança à heroína, entre outros - o sempre atrapalhado Dewey (agora xerife), a arrivista e wannabe ex-repórter Gale (casada com o Dewey, que deixou de ser repórter para ser dona de casa, mas que agora vê a possibilidade de retornar aos holofotes), a auxiliar de Dewey, Judy Hicks, e até mesmo Sidney (em cujo porta-malas são encontrados os primeiros corpos), tentam desvendar os crimes, segundo as novas regras cinematográficas do terror.


Há um núcleo de três amigas (Kirby, Jill - prima de Sidney, e Olivia) que serão perseguidas pelo Ghostface; há um núcleo de estudantes participantes de um clube de cinema na escola (Charlie e Robbie), que serão também vítimas e protagonistas (os assassinatos serão filmados, especialmente numa festa em que haverá uma maratona dos filmes STAB) desse morticínio. Uma vez mais, a solução dos crimes não tem muita lógica, os assassinos têm motivos não mais que prosaicos para o fazerem. 
No caso, um dos integrantes da turma do clube de cinema, Charlie,   e a prima de Sidney, Jill, são os assassinos. Charlie entra nessa, aparentemente, por seus interesses de cinema, para filmar assassinatos, etc, ao passo que Jill quer seus quinze minutos de fama, o quê chega a dizer expressamente a Sidney, pois esta, apesar de vítima, sempre fez sucesso em razão dos assassinatos. É isso que a nova assassina deseja - ser alguém, ser conhecida.
Jill mata seu parceiro criminoso Charlie para fazer sucesso sozinha, acredita ter matado Sidney, e após matar Trevor, arruma a cena do crime para parecer que este foi o responsável por tudo, e se fere para evitar desconfianças.
Contudo, no hospital, Dewey conta a Jill que Sidney sobreviveu à investida de Ghostface, e Jill precisa matar sua prima dentro do hospital para evitar que tudo seja descoberto. No entanto, Sidney, auxiliada por Dewey, Hicks e Gale, consegue "matar" a assassina com um desfibrilador. Na verdade, Jill ainda se levanta mais uma vez e aí, finalmente, com um tiro, Sidney a fulmina. "Don't fuck with the original". 


Nota IMDB: 6,3. Daria menos. Um 5. Algumas boas piadas - a do policial que está morrendo, com o Bruce Willis, que nunca morre; e  algumas frase interessantes sobre os filmes Pânico, a própria frase final de Sidney para Jill: don't fuck with the original. Diversão razoável. 

sábado, 7 de abril de 2012

POR UM PUNHADO DE DÓLARES (1964), de SÉRGIO LEONE - 20.02.2012

Filme integrante da Trilogia dos Dólares, do espetacular Sérgio Leone, junto a "Por uns Dólares a Mais" e "Três Homens em Conflito", e me parece que num crescente de qualidade, que redundará na obra-prima "Era Uma Vez no Oeste". 


O Homem Sem Nome (que chega a ser chamado de Joe, mas me parece que seria algo como John Doe, ou João-ninguém) chega à cidade de San Miguel - México, um lugar onde matar é a ocupação principal, as pessoas não trabalham, só matam umas às outras. A atividade principal (além de matar) é o contrabando de bebidas e armas para os EUA, mas o problema é que há duas turmas-famílias de contrabandistas - Rojos e Baxters - com a mesma atividade, o que gera eternos conflitos.
Ali, Joe espertamente vai oferecer seus serviços a ambas as famílias, e consegue tirar dinheiro de cada uma delas, vendendo segredos ou informações de uns para os outros, conseguindo incrementar o ódio recíproco entre os latinos Rojos e os americano-irlandeses(?) Baxters


É claro que tudo dá certo por um certo tempo, até que o líder dos Rojos (Ramón - Gian Maria Volonté) descobre a traição do forasteiro, e o dá uma surra homérica, mas não o mata, deixando-o preso no galpão das bebidas. John Doe consegue fugir, e se refugia até que possa se recuperar fisicamente, recebendo a  ajuda do coveiro da cidade e de o barman do saloon.


Essa recuperação é física - voltar a atirar, e espiritual, voltar para poder enfrentar Rojo. Há nesse último duelo uma cena clássica, a do pistoleiro de poncho que é alvejado, mas que usa uma chapa de metal sob sua pala, e assim, redivivo, mata aquele que lhe impusera o castigo físico. Como o "cavaleiro solitário" típico de faroeste e típico dos papeis de Clint Eastwood, Joe deixa a cidade, livre dos Baxters (que foram exterminados pelos Rojos) e dos Rojos, exterminados por ele mesmo.
Nota IMDB - 8. Vale. Talvez um pouco menos.

A ÚLTIMA ESTAÇÃO (2009), de MICHAEL HOFFMAN - 15.01.2012

Esse filme mostra, em tese, os dias derradeiros de Lev Tolstoi (na minha época de guri, todo mundo o chamava de Leon Tolstoi), o grande escritor russo nascido em 1828, autor de Guerra e Paz, Anna Karenina e A Morte de Ivan Ilitch (o único que li), em 1910 
Já bastante idoso, mas ainda muito lúcido - mas, para mim, imbecilizado no filme - Tolstoi, que em sua vida jovem fora uma pessoa de vida se não dissoluta, ao menos de vida livre, é agora um idoso nobre, já reconhecido por sua literatura - considerado o maior autor vivo, gozando da fama ainda em vida - mas que tem dúvida sobre sua vida, seu papel como escritor, tornando-se celibatário, asceta, vegetariano, abstêmio, e pregador de uma "reforma agrária", pode-se dizer.
O filme é centrado na conduta de Sofya Andreievna Tolstoy (Helen Mirren), esposa de Tolstói (Christopher Plummer), e sua contraposição às "novas" idéias de seu marido, seu ascetismo, sua intenção de dividir suas propriedades com os camponeses, a intenção de doar os direitos sobre sua obra, após sua morte, a Chertkov (Paul Giamatti), e por conseqüência, para o povo, pois que este pregava a importância de a obra de Tolstoi ser disseminada sem entraves jurídicos.
Os últimos dias realmente, ou seja, a sua viagem após deixar a sua casa, pelo interior da Rússia, me parece que seria um assunto ainda mais interessante, mostrando esse itinerário, o que houve nos poucos dias de sua viagem, seu encontro com o povo russo, etc. Em 28 de outubro de 1910 Tolstoi deixou Yasnaya Poliana e foi morrer em 20 de novembro do mesmo ano, em Astapovo
Assim, embora aparentemente Chertkov tivesse propósitos nobres - a disseminação do tolstoísmo, com ascese, sem apegos, e usar a obra em favor do povo - por muitas vezes vemos nos bastidores ações egoístas, 
O papel da única personagem em dúvida entre as posições de Chertkov e Sofia é representado por Valentin (James McAvoy), que adepto fervoroso do tolstoísmo (inclusive com castidade), vê-se seduzido pela defesa de Sofia em favor de sua família, da herança para os filhos (13 foram paridos, mas se bem me lembro, 5 já eram mortos), e entende a defesa do patrimônio familiar de Sofia
Tolstoi é levado a refazer seu testamento, por influência de Chertkov, deixando todos seus bens para o tolstoísmo. Depois de muitas discussões, embora haja amor entre marido e mulher, Tolstoi sai de casa, para viver seus últimos dias - ainda não sabia que seriam os últimos - sob o signo de suas novas convicções, excursionando pela Rússia. Logo cai enfermo, em Astapovo, com pneumonia, até em razão das viagens em vagões mais simples, passando frio. Os filhos e Chertkov, que ficam ao lado do velho, impedem Sofia até mesmo de vê-lo. Somente nos estertores, Tolstoi manda chamar sua esposa. O filme ainda termina com um texto explicativo, dizendo que somente depois de algum tempo a família consegue reaver os direitos autorais sobre a obra de Tolstoi, que tinha ficado em testamento para Chertkov


Nota IMDB - 7.0. Dou menos. 5, se tanto, embora Plummer e Mirren estejam bem. Giamatti já me cansou um pouco, com sua fala sempre sussurrada e com voz rouca, como que para emprestar drama e ênfase em cada linha  que declama no desempenho de seus papéis.  Acho que o filme assume um lado muito açodadamente, e alguns papeis são tendenciosos, para  que haja uma identificação com Sofia, uma antipatia por Chertkov, e uma "imbecilização" de Tolstoi - um velho quase incapaz de decidir por si só o seu destino, e não o maior escritor vivo na época. Os personagens são simplistas. Não gostei. O gênio era o Tolstoi, porra, e ele parece o menos inteligente de todos que estão no filme. 

O GRANDE GOLPE - THE KILLING (1956) - de STANLEY KUBRICK - 15.07.2011 e 05.04.2012

Um filme curto de Stanley Kubrick - o seu primeiro filme autoral - sobre um
O filme em inglês chama The Killing (ou a matança) e no Brasil pelo título dá-se a impressão de que o golpe será técnico, ao passo que o título em inglês dá outra impressão, ver-se-á, bem mais realista.


O belo início do filme, com a preparação de um páreo no hipóderomo, em fotografia preto-e-branco, com uma música de suspense, já dá uma ideia do que vem por aí. Marvin Unger (contador e senhorio de Johnnie Clay, e que gosta muitíssimo deste, como a um filho), num páreo importantíssimo pouco se importa como resultado, tendo apostado em todos os cavalos, apenas para travar contato com certas pessoas (o barman Mike O'Reilly e o atendente do guichê de apostas George Peatty) que participarão do golpe, para lhes entregar um certo endereço em que se realizará um encontro.


Uma narração em off traz à tona os demais personagens do golpe:
Randy Keenan, o policial se encontra com Leo (um bookmaker, talvez), e aparentemente tem problemas com jogo, e se compromete a pagar uma dívida em duas semanas.
Johnnie Clay ( Sterling Hayden), o mentor da turma, ex-presidiário por um pequeno golpe, acredita que agora é a hora de um grande, pois tanto os pequenos quanto os grandes têm as mesmas conseqüências. Ele tem uma namorada - Fay (vivida por Coleen Gray) que esperou durante os cinco anos em que Clay ficou no presídio. 
A apresentação em separado dos integrantes da quadrilha, suas motivações para participarem do esquema (a mulher doente do barman; o senhorio que gosta do líder do bando; a mulher ambiciosa e interesseira do caixa do hipódromo - Sherry, que o abomina em razão de não ter prometido as juras de riqueza; as dívidas do policial), funciona muito bem. Já temos os motivos. Basta a execução. 
A esposa do patético George Peatty (Elisha Cook), Sherry (Marie Windsor) consegue tirar de seu marido fraco as informações sobre o futuro golpe, e logo conta a seu amante, Val Cannon (Vince Edwards). Este ao contrário de Sherry, que apenas tencionava enganar seu pobre marido, logo tem a ideia de ficar com a bolada toda, de todo o grupo.


Então há o encontro dos cinco golpistas. Duas outras pessoas serão contratadas, mas não entrarão no rateio do butim. Suas incumbências serão, uma, de fazer um trabalho com um rifle; outra, de iniciar uma briga no bar. Prevêem que o golpe dê dois milhões de resultado, acertam que o assalto tem de ser realizado na hora da coleta do dinheiro, ao fim da tarde. Sherry tenta espionar o encontro, mas é supreendida, e Clay conversa com ela e a manda ficar quieta que terá a sua parte (ou melhor, poderá se aproveitar da parte de seu marido).
Três dias depois, em um clube de xadrez, encontra com Maurice, que será o que iniciará a briga no bar. Também contata o atirador - Nicky - para matar um cavalo.


No dia do golpe, tudo vai saindo dentro do planejado, a guarda das armas, a preparação da fuga pelo aeroporto, a infiltração da arma nas dependências do hipódromo, o tiro no cavalo que lidera a corrida, a participação de cada um dos comparsas. O mecanismo narrativo, de ir mostrando a preparação e o itinerário de cada um dos participantes do golpe, o seu dia, os horários em que fazem cada coisa, e a repetição, a cada mudança de personagem, do anúncio do início do sétimo páreo - a hora do golpe - é muito eficiente e cria um clima de suspense bastante bom.


Arranjada a briga no bar, desviando-se a atenção dos guardas, tudo começa. George franqueia a Clay o acesso ao interior das instalações em que fica o dinheiro, que é roubado e jogado janela afora, em que o policial do grupo espera para escapar com a grana. Cada um toma seu rumo para, mais tarde, se reunirem e dividirem a bolada. Johnnie Clay se atrasa um pouco, e nesse ínterim, Val Cannon e um parceiro chegam ao esconderijo para assaltar todo o grupo. O dinheiro ainda não está ali, e George, no exato momento da chegada do amante de sua esposa não está na sala. Ele já volta atirando e mata Val, dando início a um tiroteio em que restam todos mortos: três dos cinco participantes do assalto, Val e seu comparsa, além de George, mortalmente ferido. 
Este, contudo, ainda consegue deixar o covil, no exato instante em que Johnnie ali chegava. Conforme o combinado, se houvesse algo aparentemente errado, Clay deveria sair do local e a divisão do dinheiro seria feita apenas posteriormente. George vai para sua casa e ao chegar, sem vê-lo, Sherry o chama pelo nome do amante, e George a mata, morrendo também em conseqüência dos ferimentos.
Clay, com o dinheiro, precisa fugir. Compra uma mala bastante grande para acomodar o dinheiro que até agora estava no saco utilizado no roubo, mas a valise tem um problema na fechadura e não tranca. Vai para o aeroporto junto de sua companheira Fay, tenta levar a mala consigo, no interior do avião, mas não é possível pelo tamanho da valise, e é obrigado a despachar a "bagagem". No carrinho de bagagens, uma freada brusca faz a mala ir ao chão, abrir, e todo o dinheiro é espalhado pelas hélices dos aviões, sumindo o sonho do dinheiro. Ainda resta a Clay tentar escapar, mas na saída do aeroporto, alertados os policiais pelos gerente da companhia aérea, Clay é cercado. Fay diz que ele ainda deve tentar dar no pé, mas Johnnie vaticina que agora isso já não vale a pena, não tem importância. 
Nota IMDB - 8.1. Merece! Filmaço com uma montagem espetacular. 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A MORTE DO DEMÔNIO (1981), de SAM RAIMI - 27.03.2012

Sam Raimi, de quem assisti "Arraste-me para o Inferno" - e de que gostei bastante - fez esse filme de terror que, depois, virou uma trilogia. 
Cinco amigos - dois casais e mais uma amiga - alugam uma cabana no interior dos Estados Unidos, para passarem um feriado, por um preço ínfimo. 
Já no caminho há pequenos sinais de alguma atividade paranormal, com uma câmera como que fosse a visão do espírito/fantasma, que inclusive chega a quase causar um acidente no caminho para a cabana. 
Na chegada, igualmente, duas câmeras, uma acompanhando quem vai abrir a casa, e outra, à distância, filma os quatro amigos que ficam próximos ao carro. Um banco bate repetidamente contra a parede da cabana, e no momento exato em que um dos integrantes pega a chave para entrar na cabana, o movimento do banco cessa no meio, em cena bem feita.


A casa parece assombrada, e uma das integrantes do grupo logo começa a ouvir sussurros vindos dos fantasmas. 
Ao explorar a cabana, dois do grupo encontram um gravador, um punhal, e um livro com inscrições estranhas. Ao ouvirem a fita, o antigo morador da casa, um estudioso de antiguidades, revela que esteve em algum lugar - Kandar - escavando, e lá encontrou algo como um livro dos mortos, e que o recitar dos escritos do livro liberaria os demônios. Um ou outro dos cinco tenta impedir que a fita siga tocando, mas algum corajoso insiste em que a fita seja ouvida, e a invocação aos demônios é feita.
Então começam, um a um, os ocupantes da cabana a serem possuídos pelos demônios, e aqueles que são possuídos têm de ser combatidos por aqueles ainda não endemoniados. 
Seguidamente, primeira a mulher que não era parte de um casal. Depois, a namorada do coadjuvante, então o coadjuvante, depois a namorada do protagonista Ashley "Ash" Williams (Bruce Campbell). Todos eles atacam e vão sendo vencidos pelos não-possuídos, que até tentam deixar a casa, mas o caminho foi destruído - uma ponte velha foi destruída pelos demônios para impedir a fuga, restando apenas Ash, que consegue matar todos os demônios, sobrevivendo àquela "noite alucinante", que é o título do filme em português, com alguma violência explícita nas mortes, maquiagem interessante, algumas cenas que causam um certo horror. Na cena de encerramento, é como se o espírito ainda alcançasse Ash na manhã subseqüente, o que no entanto fica em aberto (e sabemos que houve outras noites alucinantes lançadas no cinema). Interessante, mas nada espetacular. Talvez eu devesse conhecer a evolução dos filmes de terror e de baixo orçamento, para saber se esse filme tem alguma relevância na linha evolutiva do medo. Os entendidos dizem que sim, até pelo lançamento de Sam Raimi.
Nota IMDB - 7,6. Pra mim, vale menos.