domingo, 22 de dezembro de 2013

MAMA (2013), de ANDRÉS MUSCHIETTI - 20.12.2013

Um executivo envolvido em uma grande crise de sua empresa resolve se suicidar, após matar sua mulher. Vai para uma cabana (mal-assombrada, diga-se), no meio do nada, e antes de se suicidar tenciona matar suas filhas, mas é impedido - e morto por uma entidade sobrenatural.
As meninas, de aproximadamente 6 e 2 anos, ficam desamparadas, mas começam a ser cuidada pelo espírito que habita a residência, e tratadas apenas com cerejas.
Cinco anos se passam até que as meninas sejam encontradas, e elas são praticamente animais, andando sobre quatro patas. Levadas a um psiquiatra, é feito o diagnóstico de dissociação da sociedade, mas com possibilidade de recuperação.
A guarda das meninas é concedida ao tio - irmão do empresário morto pela entidade - que é namorado de uma música metida a punk (vivida por Jessica Chastain - ganhadora do Globo de Ouro, duas vezes nominada ao Oscar, o que torna inexplicável entrar numa bomba dessas), que também terá de auxiliar na reeducação das meninas.
Junto às meninas, o espírito (que as meninas chamam de Mama, às escondidas) vem para a casa de seu tio. 
O filme se divide entre a investigação do psiquiatra (um quase-sósia de Tony Shalhoub), que a par de ser psiquiatra passa a acreditar na existência de algo sobrenatural, e descobre, com base em sessões de hipnose, a história do espírito, chegando a conclusão de que se trata de uma maluca do século XIX que se matou, levando junto uma criança. O médico será morto na cabana mais tarde, e as dificuldades da adaptação das meninas.
Annabel (Chastain) é muito resistente a ajudar na criação das meninas, enquanto Lucas, embora muito amoroso e responsável por não cessar a busca por seu irmão e sobrinhas durantes os cinco anos de desaparecimento, logo é quase morto pelo espírito de "Mama", ficando no hospital durante boa parte do filme, pelo que a ação se centra nas meninas e em Annabel.
A menina mais velha (desculpe-me, Graciliano) é mais receptiva à nova família, enquanto a menina mais moça (de novo, desculpas) é mais resistente e muito mais apegada à Mama. As meninas fazem um pacto com sua "mãe", pela não-agressão a Annabel, mas nem tudo corre como esperado.
O que está acontecendo às meninas é sabido pelo psiquiatra em razão da hipnose; Annabel e Lucas têm revelações em sonhos. Quando as meninas estão mais acostumadas à vida familiar, as meninas são "sequestradass" por Mama, e todos são levados - pelas visões, principalmente - ao lugar em que a maluca (Edith) suicida so Século XIX matou-se e levou consigo seu bebê, a quem perdeu no ato do suicídio - eis que a criança ficou presa em uma árvore, e não morreu afogada junto de sua mãe - eis a explicação, Mama está vagando por aí porque perdeu seu bebê, que não encontrou no mundo dos mortos, digamos.
Temos então o epílogo, em que a entidade sobrenatural tenta repetir o suicídio com suas duas novas filhas, mas é impedida por Annabel. Na última hora, a menina mais moça opta por ficar com Mama, enquanto a mais velha resolve abandoná-la, e ficar em sua nova vida. A entidade desaparece com a menininha, que durante todo o tempo esteve mais afeiçoada a ela, nunca tendo realmente se adaptado à nova vida.

Se o filme de terror é antes de tudo o suspense, a tensão, o que não se vê, o filme é um fracasso total, pois não há tensão, mas apenas cenas típicas de filmes em que o espírito aparecer do nada para criar alguns sustos.  O curta-metragem que deu origem ao filme é muito superior, ainda que só dure 3 minutos.

Nota IMDB - 6.2. Nem a pau. 3 ou 4 já tá bom demais. Só veja se não tiver nada mais a fazer.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

M, O VAMPIRO DE DUSSELDORF (1931), de FRITZ LANG - 28.09.2013

A abertura já é espetacular, e a primeira vez em que vi o filme, anos atrás, já tive a impressão que um filme alemão
de 1931 tem uma qualidade técnica que o cinema brasileiro nunca havia atingido - talvez hoje tenha alcançado a técnica, finalmente. 
As crianças, em roda, cantam uma cantiga que fala de um homem com uma machadinha que decapita crianças. Uma música assustadora. Uma mulher pede que as crianças parem com a cantoria pois há um assassino de crianças à solta. A câmera sai das crianças e filma as varandas internas do prédio - a ação logo mudaria para lá. 
Elsie - uma menina sai da escola batendo sua bola. Alguém assovia uma melodia (da ópera Peer Gynt), e esse alguém se aproxima da menina, lhe oferece um balão, comprado de um balonista cego - que ouve a melodia assoviada. Sabemos que Elsie será a próxima vítima.
Voltamos para o condomínio, onde a mãe de Elsie prepara o almoço. É meio-dia a menina não chega da escola. A mãe começa a ficar preocupada, os minutos vão passando. Ao mesmo tempo em que vemos o relógio-cuco, a cadeira vazia, o prato e os talheres ainda sem ter sido servida a comida nos vai dando a certeza da morte de Elsie - numa ótima montagem, confirmada afinal com a sua bola rolando para fora dos arbustos e o seu balão flutuando preso nos fios do poste de luz. Finalmente, às 13h15 a mãe berra por Elsie, percebendo que sua filha é a mais nova vítima do assassino.

Logo se verá que toda a cidade (e todos seus segmentos) está perdida em razão dos crimes. A polícia está com toda a sua força nas ruas, já estafada de há tanto tempo procurar um assassino invisível - há inclusive estudos para determinar o perfil psicológico do "vampiro de dusseldorf" - que de vampiro não tem nada, é só o título brasileiro do filme.
A população também está desnorteada. Um clima de caça às bruxas se instala. A gana de linchamento para qualquer um que converse com uma criança está presente. As denúncias contra os vizinhos ou qualquer suspeito de qualquer coisa, também.

Igualmente os ladrões da cidade estão apavorados. Com a polícia atuando fortemente, os larápios comuns não têm trégua, e correm o risco de serem presos a qualquer hora, pois qualquer um suspeito ou sem documentos pode ser detido. Ademais, concluem que um matador de criancinhas não respeita a "ética" da bandidagem.
Os bandidos então resolvem que também caçarão o infanticida, e para isso contatam o "sindicato dos mendigos" - na Alemanha até os mendigos são organizados, presume-se - que ficarão alerta nas ruas. 

Com base no perfil psicológico, a polícia se aproxima do homicida, chega a ir à sua casa, recolhe indícios importantes, mas não consegue ter certeza sobre a culpa do suspeito e nem capturá-lo pois este não está em casa.
De outra banda, os mendigos estão atentos, e quando Hans Beckert (Peter Lorre, espetacular) assovia a sua música, o vendedor de balões cego o reconhece, e chama um seu amigo, e passam a segui-lo, até que o encurralam em um prédio de escritórios, e armam uma estratégia para invadir o prédio e capturá-lo.
Para evitar que Lorre escape, o mendigo escreve com giz um grande M em suas mãos e o passa no sobretudo do criminoso, marcando-o de forma indelével, permitindo que todos possam reconhecê-lo - ótima sacada, marcando o M de "mörder" - assassino - na roupa do bandido.
Finalmente capturado pelos ladrões - e não pela polícia - Beckert é levado ao porão de um prédio abandonado, onde um julgamento será feito, inclusive se assegurando um defensor para o assassino.
A acusação é veemente, e a pena de morte a pedida. O defensor diz que o caso é de insanidade, e que Beckert deve ser entregue à Justiça. 
Há o discurso do assassino, dizendo que não pode evitar ser o que é e fazer o quê fez, e que a perversão está com ele o tempo todo, e o segue, assim como os fantasmas de quem ele mata e dos pais destes. E que somente ao cometer o crime, aquelas vozes ou fantasmas se calam, e ele tem calma. Cito:
Hans Beckert: I can't help what I do! I can't help it, I can't...
Criminal: The old story! We never can help it in court!
Hans Beckert: What do you know about it? Who are you anyway? Who are you? Criminals? Are you proud of yourselves? Proud of breaking safes or cheating at cards? Things you could just as well keep your fingers off. You wouldn't need to do all that if you'd learn a proper trade or if you'd work. If you weren't a bunch of lazy bastards. But I... I can't help myself! I have no control over this, this evil thing inside of me, the fire, the voices, the torment!
Schraenker: Do you mean to say that you have to murder?
Hans Beckert: It's there all the time, driving me out to wander the streets, following me, silently, but I can feel it there. It's me, pursuing myself! I want to escape, to escape from myself! But it's impossible. I can't escape, I have to obey it. I have to run, run... endless streets. I want to escape, to get away! And I'm pursued by ghosts. Ghosts of mothers and of those children... they never leave me. They are always there... always, always, always!, except when I do it, when I... Then I can't remember anything. And afterwards I see those posters and read what I've done, and read, and read... did I do that? But I can't remember anything about it! But who will believe me? Who knows what it's like to be me? How I'm forced to act... how I must, must... don't want to, must! Don't want to, but must! And then a voice screams! I can't bear to hear it! I can't go on! I can't... I can't...

Quando a turba de ladrões se prepara para o linchamento, a polícia chega - pois um dos ladrões foi esquecido dentro do prédio de escritórios em que perseguiram Beckert, e para não se ver enquadrado por algo que o policial o acusaria, conta que aprisionaram o assassino de crianças, e para onde o levaram. Com o policial fora do quadro, todos os bandidos levantam suas mãos, e uma mão no ombro de Beckert anuncia: "... em nome da lei...". 
Corta logo para o Tribunal, os juízes tomam assento na bancada, mas nada dizem.
A mãe de Elsie, então faz um discurso dizendo que o julgamento não trará as crianças de volta, e que é preciso que os pais cuidem delas.

Aparentemente, o filme fala dos crimes em si, mas também da Alemanha do entreguerras, que já vê o embrião do nazismo em evolução. As delações, o clima de desconfiança, o apodrecimento dos padrões morais e sociais. Mas isso é controverso.

Nota IMDB - 8,5. Vale isso, talvez ainda mais. Filmaço. Merece um 9.

domingo, 29 de setembro de 2013

VIAGEM À LUA (1902), de GEORGES MÉLIES - 28.09.2013

Esse filme de curtametragem - segundo os historiadores do cinema, o primeira longa só seria feito em 1906, um filme australiano chamado "The Story of the Kelly Gang" - com
quinze minutos de duração, é muito bacana.
Num congresso de sábios ou algo assim (astrônomos, provavelmente), um deles anuncia, explicando no quadro-negro que pretende fazer uma viagem à lua. Há uma grande algazarra, excitação, embora a encenação seja meio teatral - as câmeras são fixas, e portanto como se num palco teatral, as personagens são obrigadas a interagir.
Logo depois, em outra cena, a câmera capta os homens construindo a "cápsula espacial", em formato de um projétil de revólver, bem como o canhão lançador - também há uma cena em que parece que este canhão está sendo fundido, em um enorme buraco rodeado por fábricas.
Então, os exploradores embarcam na aeronave, esta é posta dentro do canhão lançador e os homens são disparados em direção à Lua.
Na cena seguinte, uma das mais clássicas seqüências do cinema: - a nave, em forma de projétil, disparada pelo canhão - vai em direção à lua, há aproximação com zoom - provavelmente com a aproximação da cena filmada -  e "aterrisa" no rosto da Lua, personalizada, sendo que o rosto ali presente é o do próprio Mélies. 
Da lua, eles vêem o Planeta Terra; ali, enfrentam selenitas e os explodem, vão em perseguição ao lider dos alienígenas e o eliminam, quando saem fugidos para o nosso planeta. No entanto, um dos habitantes lunares consegue se agarrar à nave e vem oculto à terra.
Aqui, são recebidos como heróis, principalmente o mentor de toda a viagem - o prof. Barbenfouillis (parece que retirado do livro de Júlio Verne) - há uma parada em sua homenagem, a inauguração de uma estátua em seu louvor. Por fim, são ainda obrigados a derrotar o selenita que veio à Terra pendurado à nave.
Efeitos especiais - os telescópios dos sábios se transformam em banquetas, um guarda-chuva vira um enorme cogumelo, os selenitas são explodidos pelos golpes dos exploradores; uma história de ficção científica, a presença de alienígenas, um roteiro, uma história, a imagem indelével da nave batendo na Lua. Tudo isso deve ser sempre visto, e entendido. É uma outra linguagem fílmica, de câmeras estáticas e planos abertos, e os atores agindo teatralmente - quase um teatro-mudo-filmado. Mas é muito legal.
E está muito fácil de ser visto. Basta procurar no youtube - há agora uma restauração do filme à cores (colorizado à mão, quadro a quadro). A única coisa insuportável é a música moderna que fizeram para acompanhar o filme, parece que de músicos conhecidos como "Air Duo". Horrível.
Nota IMDB -  8,2. É difícil classificar ou avaliar algo tão especial. Pelo valor histórico e a cena clássica antes narrada, e pela importância para a história do cinema, temos algo de valor incalculável e de impossível avaliação com uma simples nota.  

domingo, 15 de setembro de 2013

FILHOS DO DESERTO (1933), de WILLIAN SEITER - 14.09.2013

Há muito que não assistia a um filme de "O Gordo e o Magro", e resolvi ver o "Filhos do Deserto".
Legalzinho, inocente, mas passável.

Laurel and Hardy são membros de uma confraria, a "Sons of the Desert", e estão numa convenção na Califórnia, quando têm de fazer um juramento - inquebrável - de participarem da convenção anual em Nova York, mas especialmente Laurel não sabe se vai poder participar, pois depende da concordância de sua esposa. 
Vemos então um humor físico, quase de esquetes, como a das campainhas nas casas da dupla - eles são vizinhos de porta - a fruta de cera que Laurel come, os tropeções em malas, baldes, etc, colocados no meio do caminho, vasos quebrados na cabeça.

Hardy, que afirmara mandar em casa, e que iria à Convenção facilmente, e sequer falaria com sua mulher. No entanto, Laurel dá com a língua nos dentes e então a mulher de Hardy o proíbe de ir à Convenção, tendo o gordo de ir passar um final de semana nas montanhas com sua mulher. 
Laurel, contudo, logo consegue a autorização da esposa, e então é hora de os dois bolarem um plano para que Hardy consiga ir à convenção. Este simula um colapso nervoso, cuja única solução - segundo conselho médico (veterinário) -  é uma viagem a Honolulu, acompanhado de Stan (mero pretexto para que ele possa ir à Convenção com seu amigo).
Tudo muito bem, os dois vão a Nova York - onde o filme perde interesse, fica maçante - mas nesse ínterim há o naufrágio do navio em que eles deveriam estar na viagem a Honolulu.
As duas mulheres ficam preocupadíssimas, talvez tenham perdido seus maridos, e vão atrás de informações. 
Laurel e Hardy voltam para casa, sem desconfiar de nada. Quando chegam à residência, as mulheres não estão em casa. Despreocupados eles esperam, até o momento em que lêem a notícia do naufrágio no jornal, e se desesperam. Como suas mulheres agora estão retornando para casa, a única saída é esconderem-se no sótão, onde pretendem deixar o tempo passar, para chegarem em casa juntamente com o bote que salvou os náufragos. 
Enquanto esperam, suas mulheres foram ao cinema e, lá, vêem anúncios da convenção dos "Sons of the Desert" em New York, e Laurel e Hardy se esbaldando.
Cientes da mentira, agora é só o tempo de esperar os maridos chegar em casa. Ainda no sótão, os protagonistas sofrem 
uma infinidade de contratempos (um raio inclusive, suas mulheres armadas) os faz sair para o telhado, descerem, serem abordados por um policial e, assim, para se livrar da prisão, confessar que moram ali ao lado e, finalmente, encarar as consortes.
Hardy mantém a mentira, embora as mulheres já estivessem cientes de tudo. Laurel logo confessa. Então vemos Laurel vestido de robe de chambre, todo confortável (pois ter falado a verdade lhe ajudou), enquanto Hardy sofre com toda a louça de sua casa lhe sendo arremessada. O magro ainda tira um sarrinho do gordo, para terminar o filme.

Nota IMDB - 7,7. Acho que é pra menos. Um 6, talvez.  Tenho que rever mais alguma coisa de "O Gordo e o Magro". Quem sabe as esquetes mais curtas sejam melhores. As gags visuais, as olhadas de Hardy para a câmera, as situações de absurdo são o que há neste filme, de roteiro simples (lembremos, estamos em 1933), mas algumas boas risadas.

domingo, 18 de agosto de 2013

HOMENS DE PRETO III (2012), de BARRY SONNENFELD - 17.08.2013

Já havia visto o filme, e revendo, ainda me parece muito divertido.
O extraterreste bogladiano Boris, the animal, está preso há 40 anos, e logo se verá que está numa prisão
lunar. Sua namorada chega à prisão com um bolo, e dentro deste bolo há uma pequena criatura que passa pela revista sem ser notada. Tão logo todos adentram à cela, a pequena criatura mata os guardas, liberta Boris, e este logo revela que sua missão é se vingar do agente K (Tommy Lee Jones), que há quarenta anos o prendeu e amputou seu braço. Ele agora está prestes a voltar à Terra para executar sua vingança.

Os agentes J (Will Smith) e K estão às voltas com o falecimento de Zed, e a assunção da Chefia do MIB pela agente O (Emma Thompson), e J está contrariado com a incapacidade de K ter qualquer emoção, qualquer sentimento, inclusive em relação ao curtíssimo e inexpressivo discurso a respeito de Zed. Eles ficam meio estremecidos e, enquanto falam ao telefone sem conseguir se entender, tem-se o súbito desaparecimento de K, e seu apartamento tudo o que ali havia, em imagens mescladas, desaparece por completo e outra família passa a habitá-lo.

No dia seguinte, J vai à casa de K e vê a nova realidade. Encaminha-se à sede e pergunta por K, e este simplesmente não existe. Conversando com O, descobre que K foi morto há 40 anos, no Cabo Canaveral, no dia do lançamento da Apolo 11 à Lua. Perguntando sobre o ARC - escudo anti-invasões alienígneas, descobre que este não existe (e fora K quem conseguira implementá-lo), e a única conclusão possível - se é que isso seja possível -  é a de que houve uma fratura no espaço-tempo, indicativa de uma viagem no tempo, em que K foi assassinado. Conjugando tal informação à de que Boris, the Animal, fugiu da prisão lunar, e a iminente invasão dos Bogadianos detectada pelos radares do MIB - que levará à extinção da Terra, conclui-se que só há uma solução - J deverá viajar no tempo (coisa que ele achava que não existia tal informação não era dada a agentes de sua hierarquia), e matar Boris antes que este consiga matar K.

J retrocede para o dia anterior ao do lançamento da Apollo XI, e inicia a busca por Boris, que vai eliminando os alienígenas que podem estar protegendo o sistema ARC, sempre um passo à frente dos agentes MIB. 
J se apresenta ao jovem K (Josh Brolin, muito bem emulando Tommy Lee Jones), que não acredita nas versões mais simples de J, e pretende neuralizá-lo, até que J resolve contar a versão mais estapafúrdia possível - embora verdadeira - de que veio do futuro, onde é seu parceiro, e que Boris, the Animal também viajou no tempo para matá-lo e impedir a instalação do ARC, possibilitando uma invasão Bogadiana e o extermínio da vida na Terra.
A última esperança é o arcadiano Griffin, um ser com a capacidade de visão de futuro, ou futuros alternativos, e de demonstrar os eventos futuros a quem encoste nele, dependendo de cada pequena opção que possa influir na seqüência dos fatos. Este está na "Factory" de Andy Warhol - e aqui temos piadas muito boas sobre os alienígenas infiltrados entre os humanos, como sempre há nos filmes da série (Lady Gaga, Elvis, Beckham, Rodman, Yao Ming, etc.), e ao presumirmos que Warhol é um ET infiltrado, vemos que na verdade ele é um agente do MIB, cansadíssimo de ser Andy Warhol, e que diz que não tem mais idéias criativas, tendo agora que, vejam só, pintar latas de sopa e bananas - o que viria, como todos sabemos, a ser grandes ícones da cultura pop em nossos dias.
Griffin, o arcadiano possui o amuleto que deverá ser colocado na Apollo XI, que ao entrar no espaço, construirá o tal escudo ARC. Há idas e vindas, com Griffin ora em poder dos agentes do MIB, ora sob custódia de Boris (o de 1969 e o de 2012, que regressou ao passado), e tudo se resolverá no Cabo Canaveral, no lançamento da Apollo.
Ali, J e K, acompanhados de Griffin, tem dificuldades em explicar a um militar negro não-identificado o intento de sua missão, e o militar só pode acreditar neles no momento em que Griffin lhe mostra o futuro, e os agentes do MIB são liberados para prosseguirem.
Já na plataforma de lançamento, há o duelo entre os Boris do futuro e do passado, e os agentes MIB. Após contratempos, J e K conseguem vencer o alienígena "duplo", colocar o ARC em órbita, e salvar a terra. Quando o desenlace parece ser o mais feliz possível, vê-se que um dos Boris sobreviveu, e ao tentar matar K, atinge, em verdade o militar, matando-o. Em seguida, J, que observava tudo à distância, sem ser visto, vê o menino, de nome James, que pergunta por seu pai. K, então, neuraliza o garoto e lhe dá apenas uma informação: seu pai é um heroi.
Muita coisa fica explicada sobre os eventos do futuro, coisas que J(ames) não sabia e que seriam a razão do comportamento duro de K. 
Voltamos ao tempo presente, J mostra a K o relógio de seu pai - que prova que ele sabe de tudo o que houve - agradece ao seu parceiro, e ainda temos Griffin prevendo um iminente desastre, a não ser que...

Nota IMDB - 6.9. É por aí mesmo. Boa diversão. 

ISTO NÃO É UM FILME (2011), de JAFAR PANAHI - 17.08.2013

Jafar Panahi, cineasta iraniano, condenado a 6 anos de prisão e a 20 anos sem o direito de voltar a filmar por suas manifestações cinematográficas anteriores, fez esse não-filme, que conseguiu sair escondido do Irã em um pen drive, é na verdade um documentário de um dia, me parece, sobre o filme que não foi feito, e as inquietações do cineasta, e, talvez se possa dizer, sobre o Irã.
Jafar convida um amigo seu, que entenda algo dos aspectos técnicos do cinema, com a ideia de ler - ou demonstrar - o roteiro cuja filmagem foi proibida pelos representantes da Revolução Islâmica.
Então, eles discutem sobre o que fazer, ler o roteiro ou interpretá-lo, e resolve encenar o filme, explicando os planos, o roteiro. Ele interpreta a primeira cena em que Myrian - a protagonista - está aprisionada em sua própria casa, em uma cidade do interior do Irã, pois a aprovada a ir à Universidade, estudar artes, mas seus pais não aprovam. Como ela está presa em casa, não chegará a tempo de fazer sua matrícula.
Panahi explica então o primeiro plano do filme. Marca em um tapete, com fita adesiva, as locações - o quarto, a sala, a entrada da casa, a escada para o quarto, a janela - e explica o primeiro plano - com duração de 6,5 minutos, diz ele - a tomada com uma vista da janela do quarto de  Myrian, sob a ótica de visão desta - de  onde ela apenas vê uma viela deserta, em que há um observador jovem constante. Dali, vê sua avô chegar, sair, e ela sempre aprisionada. Ela atende ao telefone, e ninguém fala nada, ela quebra o telefone, deita, pensa, levanta-se, cogita suicídio.
Essa explicação-encenação de Panahi me lembra muito uma cena muito boa do filme "O Último Magnata", de Elia Kazan, com Robert de Niro como o tycoon do cinema Monroe Starr, em que de Niro explica a um escritor o que é cinema, dramatizando uma cena, explicando como deve ser roteirizada um filme para prender a atenção do expectador. 
De repente, no meio da encenação, Panahi tem uma crise pessoal, parece-me que sobre o próprio cinema, dizendo que se ele pode explicar um filme, sequer lógica haveria em filmá-lo. E ainda, filmando-o ou explicando-o, tudo não passa de uma encenação, de uma mentira, em última análise, e inclusive faz remissões a filmes seus anteriores, sobre o papel do diretor, as atuações de atores amadores, que "quebram" o papel do diretor, fazem o filme por si sós, falando de uma menina que era protagonista de seu filme e desiste de filmar, pois o que representa não é a verdade. Ele fica puto, e até pára (foda-se o fim do acento diferencial) com sua tarefa. 
Entremeando essa encenação, antes e depois igualmente, Jafar pensa sobre sua situação pessoal de "condenado" pelo regime à 6 anos de prisão, 20 anos sem filmar, sem dar entrevistas, sem escrever roteiros. Fala com sua advogada sobre o improvável sucesso de sua apelação, a necessidade de pressão sobre o Judiciário - através da comunidade do cinema internacional e nacional (embora considere esta impossível, dada a difícil situação em que os cineastas iranianos se encontram frente ao regime de Ahmadinejad).
Ele ainda encenará mais alguma coisa, acho que aqui é que fala sobre o possível suicídio da protagonista, adianta o que ainda acontecerá no filme, uma conversa com a avó que não poderá mais visitá-la, uma conversa com sua irmã, o amor platônico que Myrian nutrirá pelo garoto desconhecido que permanece na viela em frente à janela que até a faz pensar em desistir de estudar em razão do amor - e que afinal será um delator - sabe-se lá de quê, não está explicado no (não)filme.
Pode-se dizer que há uma analogia certa entre a situação de muitas pessoas e o regime iraniano, a prisão, a impossibilidade de se expressar livremente, a possibilidade de existir um delator em qualquer esquina.
Jafar evita falar qualquer coisa mais séria ao telefone, se assusta quando seu companheiro é parado em uma blitz, e a condição de haver uma câmera com ele já configura uma situação de perigo, fica preocupado pois sua esposa e filha estão fora de casa na noite de ano-novo (e até os fogos de artifício são proibidos, por serem uma expressão que não encontra respaldo nas leis islâmicas, não configurando uma  manifestação religiosa - mesmo assim, ainda que poucos, há fogos, uma pequena resistência), e não se sabe o que pode acontecer nas ruas.

Quando Jafar e seu câmera estão conversando, se filmando reciprocamente, e discutindo sobre a relevância das imagens como registro histórico - e que qualquer imagem pode ser importante no contexto em que se encontram - chega um jovem para retirar o lixo do apartamento de Panahi e o foco do filme muda drasticamente. Este jovem é - coincidentemente - um estudante de Artes, no mestrado, que tem vários bicos (taxista, recolhe o lixo para ajudar o irmão, entre outras ocupações menos qualificadas), mas que mesmo às vésperas de terminar seu mestrado, tem a quase certeza de que não achará emprego. 
Jafar passa a seguir o estudante, no elevador, conversando com ele, buscando conhecer sua situação (o jovem estava no prédio quando Jafar foi preso pela primeira vez), e andar após andar, vão conversando até chegarem ao térreo, e o jovem tem de levar o lixo para fora dos portões do condomínio, momento em que ele aconselha o cineasta a não deixar os limites do prédio, porque alguém pode vê-lo e delatá-lo. Dentro dos portões, sem poder sair dali, sobem os créditos. O filme é dedicado aos cineastas iranianos, e os agradecimentos não são revelados, exatamente para não comprometer ninguém de seus colegas cineastas.

Nota IMDB - 7,5. Não sei se é pra tanto, mas é um filme muito interessante sobre o próprio cinema, sobre as pressões políticas, sobre o regime iraniano, a censura. Dou um pouco menos, um 6, digamos.

domingo, 11 de agosto de 2013

TRAMA MACABRA (1976), de ALFRED HITCHCOCK - 10.08.2013

Duas tramas paralelas iniciam o filme: 1. A "vidente" Blanche Tyler (Barbara Harris) está prestando consultoria espiritual a uma velha milionária (Julia Rainbird), às voltas com uma crise de consciência por ter feito sua irmã Harriet, há 40 anos - estamos portanto falando de meados da década de 30, eis que o filme se passa em 1976 - entregar a um desconhecido um filho ilegítimo que teve, e que arruinaria o nome da tradicional família.
Agora, perto da morte, Julia quer reparar seu erro, e encontrar o sobrinho bastardo, pois seu único parente vivo - e portanto herdeiro da fortuna familiar - prometendo a Blanche 10 mil dólares se esta ajudá-la a encontrar o seu parente, que conduzindo a "consulta espiritual" consegue arrancar de Julia algumas pistas que poderão ajudar na busca. Blanche terá a ajuda de seu namorado George (Bruce Dern), um ator frustrado, que ganha a vida como motorista de táxi - mas se fará passar por advogado para descobrir o paradeiro do herdeiro desaparecido.

2. Na trama paralela, em cena ainda sem vinculação com o quê houvera antes, uma mulher loira vai até a presença de policiais, nada fala, apenas entrega bilhetes, pega uma diamante enorme, e cumprindo um plano de fuga muito bem estabelecido, foge com a pedra. Logo saberemos que esse diamante era o preço de um resgate de um sequestro feito pela falsa loira (a morena Karen Black, vivendo Fran) e pelo seu comparsa Arthur Adamson (Willian Devane), um comerciante de joias. 

3. As tramas se misturam: George inicia suas investigações pelo herdeiro perdido, e na busca, com uma das dicas de Julia que comete inconfidências com a vidente, chega à filha do ex-chofer da família Rainbird, que teria levado o bebê embora, e chega ao nome da família Shoebride, mas que estariam todos mortos. Seguindo a pista, o "advogado" George vai ao cemitério, vê as lápides - mas a dos pais Shoebride tem uma aparência envelhecida, ao passo que a de Edward Shoebride é muito mais recente. Entrevistando o construtor das lápides, essa impressão é confirmada, e depois, nos registros públicos, vê-se que houve uma tentativa de registro de óbito sem o corpo. E quem tentou esse registro foi um tal de J. P. Maloney (o sempre coadjuvante Ed Lauter). George vai ao encontro de Maloney, e este ao ser confrontado com a informação de que ele tentara registrar o óbito de Shoebird, passa a agir de forma evasiva, e anota a placa do veículo usado por George, que pertencia a Blanche

Imediatamente, Maloney vai ao encontro de Arthur Adamson, e de cara já o chama de Edward - pronto, aparentemente temos o herdeiro dos Rainbird, mas os amigos ainda não sabem exatamente por que razão alguém quer remexer no passado, e logo resolvem que a solução é matar Blanche e George
Maloney entra em contato com o casal que investiga o herdeiro Rainbird, e diz que tem informações sobre Edward, marcando o encontro em um lugar ermo, nas montanhas de Los Angeles. Lá, em vez de encontrá-los, sabota o carro deles, e estes, ao retornarem para a cidade baixa, sem freios, batem o seu carro mas escapam ilesos. Maloney então tenta atropelá-los, mas sofre um acidente e morre.
No funeral, a agora viúva de Maloney revela a George que o tal Shoebride agora é Arthur Adamson - mas ainda é possível saber exatamente quem ele seja, pelo que resta à sortista e ao ator frustrado descobrirem, com a dica que apenas o bispo da cidade saberia qual o homem certo.
Ao tentarem contato com o bispo, durante uma missa, este é sequestrado por Fran e Arthur - mas não de forma propositada a evitar a descoberta da identidade de Arthur, mas sim para cobrar mais um resgate milionário com pagamentos em diamantes.
Sem contato com o bispo, e apenas com a lista telefônica em mãos - são muitos os homônimos - Blanche e namorado pretendem iniciar a busca, mas George é obrigado a ir cumprir seu horário no emprego de taxista, e Blanche resolve investigar sozinha. Quando descobre qual o real Arthur, ela se dirige para a residência do casal de sequestradores - não sem antes passar no emprego de George e dizer qual o endereço para o qual se dirigiria - inicialmente apenas para dizer a ele que ele pode ser o herdeiro de uma fortuna. Contudo, ao cruzar com eles, ela vê o bispo sequestrado, o que obriga os golpistas a manterem Blanche sedada e encarcerada, para matá-la após realizarem a entrega do bispo sequestrado e receberem mais uma pedra preciosa como resgate.
George, ao saber da iniciativa da sua companheira, vai a até a casa dos bandidos, consegue entrar, e quando estes retornam, os observa, vê onde Blanche está encarcerada - fingindo-se de sedada, embora consciente. Eles bolam um plano de prendê-los no esconderijo do cativeiro, que acaba dando certo. Dessa maneira, vêem seus planos se concretizarem, duplamente, a uma por terem descoberto Edward Shoebridge/Artur Adamson, a duas por terem prendido os sequestradores/ladrões de diamante, tendo direito a uma bela recompensa.
De repente, Blanche começa a receber uma "mensagem" do além, e ela vai indo em direção ao lustre da casa, onde encontra um dos diamantes objeto dos resgates. George conclui que Blanche, realmente, é uma vidente. A câmera corta para Blanche, que dá uma piscadinha para as lentes. 

Este é o último filme dirigido por Hitchcock, e esta piscadinha para o telespectador é muito legal, muito significativa de toda a carreira do "mestre do suspense". Apenas me parece que não ficou muito claro a forma pela qual Blanche soube do diamante no lustre, sendo necessário de alguma ilação a esse respeito, de que Blanche possa não ter sido sedada adequadamente, e ouvido a conversa entre Arthur e Fran, dizendo que iriam buscar mais um diamante para seu lustre. Há menções de que essa fala foi introduzida posteriormente, na edição, para deixar a descoberta mais lógica.
Um filme de algum suspense policial, mas com muito de comédia, que vale a visita.

Nota IMDB - 6.8. Por aí, talvez um pouco menos.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O CLAMOR DO SEXO (1960), de ELIA KAZAN - 11.02.2013

Este filme do grande diretor Elia Kazan não me disse muita coisa. Talvez nos anos sessenta fosse algo maior, e na época representada - por volta do final dos anos 20, início dos 30 do século passado - ainda mais. 
"Deanie" Loomis (Natalie Wood), uma garota pobre, cuja família tem suas economias na bolsa de valores para mandá-la à faculdade é a namorada de Bud Staemper (Warren Beatty), o rico filho do empresário do petróleo Ace Stamper. Bem-sucedido, jogador do time de futebol da escola, a esperança do pai petroleiro - e por isso mesmo subjugado pelas vontades deste. 
Temos o primeiro conflito do filme, o namoro entre pessoas de diferentes classes sociais. 

Além disso, o namoro sofre com as influências externas, principalmente dos pais dos jovens. O pai de Bud o fustiga para que vá a faculdade, largue a namorada, para que possa ser um grande homem, e realize os sonhos do pai. A mãe de Deanie quer evitar a qualquer custo que ela perca sua "honra", ou seja, que faça sexo com Bud - sempre a questionando se ambos ainda não "foram longe demais", embora veja um eventual casamento com Bud como uma ótima opção para as finanças da família. Deanie, além de tudo, é tratada sempre como uma criancinha, "my baby" - a chama sua mãe, sufocando, digamos, a sua transformação em uma pessoa adulta. 
Nessa questão da moral feminina, temos a irmã de Bud - Ginny (Barbara Loder), uma mulher solteira independente e de vida sexual ativa, que já fizera um aborto, e por isso é muito malvista na cidadezinha em que se passa a história, que reforça a pressão sobre Deanie.

Essas pressões, inicialmente não surtem efeito, mas posteriormente, e isso somado ao fato que Deanie não quer dar para Bud em razão de todas as implicações acima apontadas, aumentando a angústia deste (que acaba se envolvendo rapidamente com uma jovem conhecida por ser promíscua - fazem com que ele se afasta de sua namorada, a quem ama, sofrendo por isso. Deanie, contudo, sofre muito mais, tenta se apegar e manter o relacionamento com seu namorado - inclusive propondo que fizessem sexo de uma vez, mas este a repele - e tem uma crise nervosa (chega-se a insinuar uma tentativa de homicídio), uma síncope e fica muito perturbada - quase louca - e assim, é internada em uma instituição para pessoas com problemas mentais. Bud, dessa forma, sucumbe aos desejos de seu pai e vai estudar em Yale. Na verdade estudar não é exatamente o termo, pois ele vai à escola sem ter qualquer vocação para tal (seu desejo era apenas o de ser um proprietário rural), onde fica bebendo até que conhece a garçonete Angeline, que o ajuda. 
O filme inicia em 1928, e em 1930, com a grande depressão, Ace Stamper vê sua fortuna ir por água abaixo, e a família de Bud fica pobre. A morte do pai - a quem Bud nunca conseguiu contrariar - bem como a pobreza, finalmente permitem a ele viver como quiser. 
Dois anos e meio depois de sua internação, Deanie está recuperada. No sanatório, envolveu-se com um jovem médico, com quem precisa casar, não sem antes descobrir se realmente esqueceu Bud. Ela volta à sua cidadezinha no Kansas. Apesar da relutância de sua mãe, Deanie vai à fazenda em que Bud vive, e o encontra trabalhando com o gado, com a roupa toda suja, casado, pai de um filho e com sua esposa, a ex-garçonete Angeline esperando o segundo filho. Deanie diz a Bud que vai se casar.
Eles conversam um pouco, veem que a vida os levou a caminhos diferentes, e desejam boa sorte um ao outro e se despedem. No Brasil o filme se chama apelativamente "O Clamor do Sexo", mas o título original, "Splendor in the grass" se refere a um poema de Wordsworth, que em breve síntese diz que nada mais será como já fora, que antigamente as coisas foram melhores, que a inocência do passado já se perdeu, mas sempre há as lembranças do acontecido, que confortam. 
Enfim, o conflito de gerações, a opinião de terceiros regulando as vidas dos protagonistas, a eterna questão de relacionamentos entre ricos e pobres, as vontades não realizadas da juventude. São temos hoje já muito batidos, e a realização deste filme em particular não me convenceu. Nota IMDB - 7.6. Não achei para tanto. Um 5 ou 6.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

DE REPENTE, NO ÚLTIMO VERÃO (1959), de JOSEPH MANKIEVICKZ - 05.02.2013

O ótimo Montgomery Clift é o médico-cirurgião Dr. Crukowicz, especialistas em cirurgias cerebrais, em especial a lotobomia (cirurgia em voga nos anos 40 que consistia, grosso modo, em desligar uma parte do cérebro através de uma cirurgia invasiva que cortava a comunicação entre lobos do cérebro e que, poucos anos depois, se mostrou um efetivo desastre), em um hospital público para tratamento de doentes mentais, com parcos recursos para sua manutenção.
Certa feita, Dr. Crukovicz é chamado à casa de Violet Venables (Katharine Hepburn), uma milionária da cidade, que perdeu seu filho Sebastian no último verão do título, durante férias na Europa. Esta, além de muita apegada a seu filho morto - que ela considerava um poeta, um artista - menciona que sua sobrinha está insana, que tem demência precoce. 
Catherine (Elizabeth Taylor) é a sobrinha de Violet, e quem acompanhava Sebastian quando este morreu, estava presente no momento da morte, em decorrência de um alegado ataque cardíaco, pois Violet não se sentia bem e não pode acompanhar seu filho nas férias. 
Então, em razão dessa loucura, Violet deseja que Crukovicz faça a lobotomia em Catherine, para livrá-la da loucura, para acalmá-la. Logo Crukovicz vai ao encontro de Catherine, tem um primeiro contacto com ela onde está internada, e logo a trás para o sanatório público em que trabalha.
Porém, em contato com a paciente, o médico logo desconfia da loucura da interna, e passa a investigar melhor o caso. Logo parece que não havia loucura de Miss Elizabeth Taylor, mas sim algo que se buscava esconder - algo que Violet Venables queria esconder - com a lobotomia. Esta inclusive oferece dinheiro à mãe e irmão de Catherine, bem como tenta convencer os médicos a fazerem rapidamente a cirurgia, para evitar que os segredos venham à tona.
Catherine reluta em se lembrar do que houve na morte de Sebastian.
As evidências começam a surgir, e se dá uma pista de que tanto Violet - enquanto jovem (Katherine Hepburn já era uma senhora)- e agora a ainda jovem Liz Taylor, eram apenas chamarizes para rapazes bonitos, conotando-se uma homossexualidade de Sebastian. Também não se afasta que houvesse uma relação incestuosa entre Sebastian e sua mãe. 
Quando vem o ultimato para que Catherine seja logo lobotomizada porque a verdade começa chegar à superfície, Crukowicz tenta uma última cartada. Leva todos à casa de Venables, dá um soro da verdade à "louca" Catherine, e esta então revela toda a verdade - ou melhor, revela em parte, porque o filme é todo cheio de insinuações, e as revelações são também dúbias, mas em resumo, que Sebastian realmente era homossexual, e onde se encontravam, ele usou Catherine para atrair rapazes pobres da localidade, e posteriormente, foi por eles morto e, aparentemente, canibalizado em razão de ser homossexual. 
Com as revelações, as aflições de Catherine são resolvidas, e Violet tem uma reação psicológica que a faz identificar Crukowicz como sendo seu falecido filho Sebastian. Estranho, muito estranho e resolvido abruptamente no que toca às questões fílmicas. 
O que parecia na primeira hora de filme ser uma provável boa história acerca de loucura, lobotomia, tratamentos psiquiátricos insanos, vira uma investigação sobre a conduta de Sebastian, seu possível homossexualismo, e os interesses de Violet em não ver revelados os segredos de seu filho (e talvez também os seus). 
Nota IMDB - 7,6. Acho que é pra menos. Um 6, se tanto. 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

INCONTROLÁVEL (2010), de TONY SCOTT - 28.01.2013

Filme do finado Tony Scott (cometeu suicídio há alguns meses), esse filme de trem desgovernado (um tema vez em quando repetido), inicia em Stanton, Pensylvannia.
Chris Pine (Will Colson) e Denzel Washington (Frank Barnes) são condutores de composições ferrovitárias, aquele iniciando na profissão, em seu primeiro dia de trabalho, e este um veterano, com mais de 28 anos de labuta, antevendo-se os triviais conflitos entre nova e velha geração. Eles terão, em princípio um dia comum, sem nenhum contratempo.
Contudo, dois idiotas (não os principais, por óbvio, os herois) fazem tudo errado no pátio e deixam um trem sair da estação sem maquinista, por erro com os freios e acelerador, e este trem atravessará todo o Estado da Pensilvânia, com certeza causando algum acidente de grande proporção. Começa então a corrida para evitar o acidente. 
Rosario Dawson (Connie) é a gerente da estação de onde saiu o trem e tenta controlar o problema, o fechamento dos cruzamentos, a interceptação do trem, ao passo que o gerente maior também tenta suas manobras, tudo dando errado (e há os interesses econômicos da empresa em discussão). 
Quando os planos falham, e é iminente o acidente na cidade de Stanton, com mais de 700 mil habitantes, a última esperança é que os protagonistas consigam acoplar a sua locomotiva  na parte traseira do trem desgovernado (a cerca de 100 km por hora), e começam a freá-lo, não conseguindo fazê-lo parar, mas reduzem a velocidade a um ponto suficiente para não descarrilhar na cidade muito povoada, para, logo após, Colson conseguir entrar na locomotiva, tornando-se o herói.
Filme simples mas efetivo, em que se consegue apenas com trens e possibilidade de catástrofe, criar um clima de suspense bastante razoável, a iminência de acidentes entre trens, a possibilidade de um descarrilamento sobre uma cidade populosa, as manobras para tentar para o trem. Se fosse só isso, seria bastante bom.
Encurralado, de Spielberg é assim, e muito bom. Não se fizeram necessárias quaisquer questões sentimentalóides para dar algum (falsa) emoção ao filme. Contudo, aqui, temos os problemas familiares dos dois protagonistas (um é viúvo e tem duas filhas adolescentes com algum conflito generacional; outro é casado mas vive uma crise em seu casamento, tem uma ordem judicial contra si, proibindo-o de ver seu filho), e assim, além de salvar os trens, há de se salvar as relações familiares, dar algum sentido ao heroísmo, enfim, coisas desnecessárias mas que o cinema atual americano quase impõe.

Nota IMDB - 6.8. Pela parte da ação, é por aí mesmo, até um pouco mais; pela parte das relações humanas, um blablablá cansativo. Na média, um 6.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

NOSFERATU, O VAMPIRO DA NOITE (1979), de WERNER HERZOG - 13.01.2013

Neste blog já comentei sobre alguns filmes com vampiros. Sobre o Nosferatu de Murnau (de 1922), a que já vi, ainda não disse nada. Preciso revê-lo. Já vi também o filme do Copolla (Bram Stoker's Dracula -  1991), que é ótimo, pelo menos na primeira hora. Depois descamba um pouco - e tem o péssimo Keanu Reeves, que fode o filme. Também há o filme com o Christopher Lee, que dá pra achar aqui no blog.
Neste filme alemão, temos Jonathan Harker (Bruno Ganz) como o agente imobiliário que vai à Transilvânia, em face de uma grande comissão que o permitiria dar uma melhor vida a sua esposa Lucy (Isabelle Adjani - bela, mas inexpressiva) para intermediar a compra de uma propriedade, pelo Conde Drácula (Klaus Kinski), a pedido de seu chefe Renfield - já infectado pelo vampiro.
Lá chegando, após passar por uma aldeia na Romênia, em que todos, os locais e os ciganos, o aconselham a não ir adiante, pois os riscos são enormes - em sequências muito bem filmadas, algumas com  uma luz azul ótima, embora prejudicadas pela péssima imagem do Canal Futura, onde consegui assistir ao filme - a história é a mesma, em que Harker é vampirizado após o vampiro ter visto Lucy - e mencionado aqui: - que pescoço! (e não uma história de amor ancestral), e fica prisioneiro do Conde Drácula
O vampiro então ruma com seus caixões cheios de terra maldita e de ratos, por barco, para Wisnar (a cidade alemã em que passa a história), e a peste negra o acompanha, dizimando a embarcação com a peste ou para alimentar-se de sangue. 
Harker continua aprisionado sozinho no castelo, e depois consegue escapar. Fica convalescendo em um mosteiro e tão logo pode voltar à Alemanha, ele trava uma corrida (ele por terra, Drácula no navio), para chegar à sua casa antes do vampiro, no que não é bem sucedido. 
Quando chega a Wisnar, ele não mais se recorda de Lucy, por algum encatamento do vampiro, mas fica em casa dela para tentar se recuperar. 
O navio chega deserto, sem ninguém, apenas com o capitão morto amarrado ao timão e a carga nefasta. Ao analisarem o corpo do marinheiro, chegam à conclusão que ele pode ter morrido pela peste negra, o que gera alguma convulsão social. Com efeito, logo os habitantes da cidade começam a morrer pela peste, chegando-se ao ponto de a cidade praticamente morrer, sem ninguém nas ruas. 
Lucy tem acesso ao Diário de Jonathan e ao livro de vampirismo que ele recebera antes de ir ao castelo de Drácula, de uma camponesa romena. E com base no que sabe, desconfia que esteja havendo vampirismo, embora um relutante Dr. Van Helsing diga que isso não é possível, pois estavam (no século XIX) numa época de luzes e não de crendices - temos aqui um contraponto importante aos papéis de Van Helsing nos outros filmes de Drácula. Também no livro descobre que uma mulher pura, se ludibriar o vampiro fazendo-o estar acordado ao canto primeiro do galo, o matará. 
Assim, Lucy atrai Drácula e este é morto com os primeiros raios de luz, sacrificando, entretanto, sua própria vida.
Harker, contudo, é um vampiro consumado.

Nota IMDB - 7.5. Acho que é por aí. Talvez mais se eu tivesse visto o filme com uma qualidade de imagem um pouco melhor. O Futura é de lascar. Roger Ebert deu nota máxima para o filme. Ele traz à tona aspectos técnicos, a motivação de Harker a ir à Transilvânia - dinheiro para dar melhor vida à sua esposa - o caminho longo até a chegada ao castelo, postergando a entrada de Drácula no filme; a interpretação de Kinski, a sua maquiagem branca, careca, seus dois dentes incisivos como os dentes do vampirismo, as tomadas de câmera de Herzog e a beleza de alguns momentos da fotografia; o sofrimento do vampiro com a vida eterna; as homenagens ao Nosferatu original de Murnau. Preciso uma cópia de qualidade. Vou ver se acho na internet.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

CONTÁGIO (2011), de STEVEN SODERBERGH - 06.01.2012 e 09.01.2013

Esse filme de Soderbergh trata de uma eventual pandemia, uma epidemia mundial, causada por um vírus.
O filme trata dois problemas em paralelo, parece que exatamente como o controle epidemiológico deve agir. De um lado, tentando descobrir qual a origem da epidemia, tanto a localização - em que lugar surgiu o vírus - quanto o paciente zero, o vetor inicial da contaminação. De outra banda, o que fazer para debelar, ou ao menos controlar a pandemia. 

Assim, primeiro ouvimos um tosse, com a tela ainda em fade, e logo  vemos Gwyneth Paltrow em Chicago, numa escala de um vôo vindo de Hong Kong falando com seu amante - Jon Neal, com que ela aproveitou pra tirar um sarrinho antes de retornar para seu filho e marido. Tal abertura tem a identificação de dia 2 - ou seja, o segundo dia da epidemia. 
Logo vemos mortes de duas pessoas em Hong Kong, e logo de um japonês no metrô de Tokyo, uma modelo em Londres.
A epidemia começa a se espalhar, e logo Gwyneth está morta, seu filho está morto, seu amante em Chicago também já morreu. 
Logo as  mortes se tornam preocupação tanto para a OMS quanto para o CDC - Center of Desease Control - americano, tentando estas instituições identificar de onde veio a doença, como tratá-la, o que parece ainda estar longe de ser resolvido.
Com o mapeamento das mortes, e algumas conexões entre elas, é possível estimar que o paciente zero provavelmente seja Gwyneth, mas epidemia continua a se espalhar rapidamente, chegando-se a uma previsão de possíveis mais de 70 milhões de mortes.
É interessante ver esses cálculos, os estudos sobre as formas de transmissão, a velocidade em que o vírus se espalha (em certa hora dizem que o humano encosta em seu rosto de 3 a 5 mil vezes por dia, ou seja, um vírus transmitido por contato é muito facilmente disseminado), a abrangência territorial da epidemia, e como ela pode se tornar global em pouquíssimo tempo, a preocupação dos órgãos estatais em não deixar o terror se espalhar globalmente. 
Isolado o vírus - parte com DNA de porco, parte com DNA de morcego - e replicado em laboratório, começam as tentativas de se produzir uma vacina efetiva.
Vê-se também como o ser humano reage em situações perigosas ou extremas. O egoísmo, a crendice em curas milagrosas, os aproveitadores da desgraça alheia (há o blogueiro vivido por Jude Law que propaga que tudo é uma manobra ardilosa dos governos junto a laboratórios farmacêuticos, e anuncia um remédio homeopático para a cura da epidemia, lucrando com isso, numa história um pouco solta dentro do filme), a desinformação, o uso de informações privilegiadas. Enfim, tudo de ruim aflora, com algumas exceções - sem alguma exceção heróica não haveria filme americano possível de ser realizado.
Finalmente aparece uma vacina possível (um dos macacos infectados com o vírus sobrevive), e então uma das funcionários do CDC aplica a vacina em si mesma, sem os testes necessários do FDA em humanos, para tentar demonstrar a eficácia do antídoto, e realmente tal vacina se mostra efetiva. 
Vêm então a espera pelo períodos de produção massificada da vacina, o sorteio daqueles que a receberão primeiro (em razão dos dias de aniversário), e finalmente e a vacinação, começando-se a debelar a epidemia, aproximadamente 4 meses após seu início, mas a vacinação ainda se estenderá por uma ano. 
Além da história meio solta do blogueiro, há a história de Matt Damon, casado com a Infiel Gwyneth Paltrow, que serve para dar algum lado romântico à história, pois após a morte da mulher, Damon tem de cuidar de sua filha, evitar que esta se contamine, impedindo-a de ver seu namoradinho, fazendo um bailinho de formatura depois que o menino é vacinado. Enfim, uma história desnecessária. 
Mas, no que toca à epidemia, o filme é bastante interessante.
Ao final, começado o filme no segundo dia da epidemia, é hora de retornar ao dia 1, ao momento do surgimento do vírus, em que um morcego come uma banana, voando a deixa cair entre os porcos, esse é morto, levado a um restaurante em Hong Kong, onde o chef que o prepara se contamina com o vírus, o passa a Gwyneth Paltrow, ao ser a ela apresentado, e aí, estamos novamente no início do filme. 

Nota IMDB: 6.7. Dou um 7. Gostei.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

ARGO (2011), de BEN AFFLECK - 01.01.2013

Logo após a revolução islâmica no Irã, em 1979, tendo o Xá Reza Pahlevi se exilado nos Estados Unidos e ascendido ao poder, triunfalmente, o Aiatolá Khomeini, a população persa exige veementemente que Pahlevi (agora se tratando de um câncer) - que se mantivera no poder graças ao apoio americano, pois assumira o poder após a segunda guerra mundial, para assegurar acesso aos Aliados ao petróleo iraniano, e reprimira manifestações democráticas durante sua ditadura -  seja devolvido ao Irã para julgamento pelas atrocidades que diziam que ele cometera, pelo dinheiro que roubara, enfim, para que fosse responsabilizado pelos atos de seu governo.

Nesse movimento, a pressão sobre os Estados Unidos pela extradição era imensa, e em certo momento, os iranianos invadem a embaixada americana em Teerã e fazem reféns todos os empregados da embaixada (mais de cinqüenta) para exigir a repatriação, tendo seis funcionários aparentemente mais graduados logrado êxito em escapar nos momentos iniciais da invasão, conseguindo se refugiar na embaixada canadense. Essa fuga de seis diplomatas não é de conhecimento dos revolucionários islâmicos, e depois de algum tempo, a CIA resolve armar um plano para resgatá-los da embaixada. 
Vários planos são imaginados, como uma fuga em bicicletas, infiltração de "professores" de línguas estrangeiras, mas todos eles são tidos por inviáveis, até que o agente da CIA especialista em resgates Tony Mendez (Ben Affleck), ao assistir a um filme com seu filho,  tem a ideia de "produzir" um filme no Irã, identificar os diplomatas como da equipe técnica do filme, e assim retirá-los do país amotinado. 
Entram em contato com um maquiador (John Goodman), com um diretor (Alan Arkin), e buscando um filme que possa ser utilizado como fachada, deparam-se com ARGO, uma ficção científica futurista e que teria locações no Irã - no grande mercado, nos desertos. 
Começam então as providências para dar uma aura de veracidade ao pretenso filme que será feito. O elenco é chamado para uma leitura do roteiro, consegue-se mídia em jornais e revistas respeitadas (sem que estas saibam que estão sendo manipuladas) - a Variety, por exemplo, é criado um escritório para gerenciar a produção e poder confirmar a existência do filme em eventuais contatos de terceiros, tudo para que o regime iraniano não desconfie da missão secreta.
Tudo engendrado, Tony Mendez consegue o visto, viaja ao Irã, entra em contato com os seis diplomatas tocaiados na embaixada canadense, falsifica os passaportes canadenses deles, lhes dá falsas identidades e os treina para agirem como se fossem do staff de produção do filme.
O regime faz os integrantes do filme passearem pelo mercado público até para que possam ser tiradas fotos e ver se aquelas pessoas seriam "inimigos do regime". 
A fuga, em um avião da Swissair, está marcada para o dia seguinte. Na noite anterior ao escape, os superiores da CIA desmarcam a missão, dizendo que agirão de outra forma, resgatarão os reféns militarmente. Mendez fica inconformado, e no dia da fuga, ele resolve agir por si mesmo, pois já se comprometera com a operação e com os reféns, e alguém precisava assumir a responsabilidade.
Enquanto os sete fugitivos se dirigem para o aeroporto, algum burocrata da CIA tenta recolocar o plano em andamento, restaurando passagens já canceladas, tomando providências para que os americanos tenham alguma chance. O trajeto até o aeroporto, a passagem por três pontos de checagem aduaneiros, a meramente formal e os interrogatórios ideológicos, a corrida contra o tempo para que os iranianos não percebam a realidade - inclusive com o contato telefônicos dos iranianos com a produtora do filme. 
Enfim o avião decola, com os jipes do exército iraniano tentando obstar a decolagem, uma vez que comparando as fotos tiradas no mercado público com documentos reconstituídos na embaixada possibilita a identificação dos diplomatas. 
Os americanos, com identidade canadense, estão salvos. A CIA não pode assumir a autoria da operação, dando todo o crédito ao Canadá e ao embaixador que hospedara os fugitivos. 
Acompanha-se a repercussão real do que houve, ficamos sabendo que os reféns da embaixada foram liberados, mas apenas muito tempo depois (444 dias), e que Mendez recebeu uma medalha por sua ação e um elogio do então presidente Jimmy Carter, mas que sequer podia ficar guardada com ele, pois a missão ficou em segredo desde 1981 até 1997, quando a missão finalmente foi revelada. 

Nota IMDB: 8.2. Acho que é por aí mesmo. Trata-se de um filme muito bom, com ótima ação, direção e atuação boas de Ben Affleck, um elenco de apoio muito bom, ainda que em papeis pequenos, um roteiro afiado, um clima de tensão muito bem construído. Assista!

O HOMEM QUE MUDOU O JOGO (2011), de BENNETT MILLER - 28.12.2012

Billie Beane (Brad Pitt) é um ex-jogador de baseball que quando jovem era apontado como uma grande promessa, mas na carreira profissional não vingou. Atualmente é o GM (general manager) do Oakland Athletics, um time com alguns títulos da Major League Baseball, mas hoje relegado a um papel secundário na liga, principalmente em razão da diferença de orçamentos se comparado aos gastos do Boston Red Sox ou no New York Yankees (20 ou 30 milhões do pequeno contra 140 milhões/ano dos grandes). Depois de um ótima temporada (ano 2000, se bem me recordo) com três jogadores espetaculares (Jason Giambi, Damon e mais um) contratados por Billie e seus scouters (olheiros), chegando aos playoffs mas perdendo, os três craques são contratados por esses times grandes e é hora de refazer o time. 
Billie vai ao proprietário do time pedir mais dinheiro, e este lhe diz que essa não é uma solução. O gerente começa então a montagem do time, pelo método tradicional, tentando trocas. Ao ir ao Cleveland Indians, para fazer propostas de trocas, percebe que um jovem - Peter Brand (Jonah Hill) orienta  a diretoria do time adversário, de forma sutil, sobre os negócios que podem e os que não podem ser feitos. 
Billie percebe tal conduta de Brand, vai falar com ele, e este lhe diz que os clubes contratam errado e pelos motivos errados, da mesma forma que rejeitam alguns jogadores muito efetivos, por puro preconceito (como por exemplo a idade, a estética do arremesso). Explica que analisa os jogadores de acordo com um padrão matemático desenvolvido em um livro. Billie aposta no novato, este jovem que nunca teve envolvimento com Baseball, e tem formação em economia. 
Assim, a primeira reação que enfrentam é a dos olheiros do A's, que repetem todos os preconceitos e não concordam com as novas decisões do general manager, mas este as banca, e pronto. Fica sozinho ao lado de Brand, contrata jogadores baratos, com base nas estatísticas (um time com veteranos, com jogadores problemáticos, com jogadores vindos de problemas físicos, etc), para fazer desses "fracassados" um time. No início, realmente não dá certo, os olheiros caem em cima, com críticas, a imprensa idem, o técnico não concorda com as ideias e não escala os jogadores de acordo com a opinião do gerente, as derrotas se acumulam, até o momento em que começam a ganhar, e vencem 20 jogos consecutivos, a maior sequência de vitórias da história da Major League Baseball.
Nos playoffs, novamente logo o Oakland A's é derrotado, e as críticas que haviam sido esquecidas voltam com toda força, desdenhando-se dos feitos espetaculares daquela equipe barata formada por losers
No entanto, Beane recebe uma proposta para ser o general manager do Boston Red Sox, um desse times grandes da MLB, mas assolado pela "maldição do bambino" - em 1919 Babe Ruth deixou os Red Sox, vendido aos Yankees de Nova York e nunca mais venceu a World Series, voltando a vencer o campeonato apenas em 2004. Beane vai ao encontro do dono do Boston (sim, os times americanos tem um dono), diz que poderia fazer boas coisas, provar que não existe maldição do bambino, mas não aceita a oferta de 12,5 milhões de dólares por temporada, pois não quer fazer as coisas por dinheiro (como fez quando resolveu pular a universidade e virar jogador profissional de baseball muito cedo, quando uma grande promessa, mas nunca tendo virado realidade). 
O dono dos Red Sox reconhece, malgrado a derrota precoce dos A's nos playoffs, o brilho da estratégia de Beane, e disse que todos os times que não a utilizassem dali por diante pareceriam pré-históricos.
Com narração em off, sabe-se que Beane fica no A's - e até hoje tenta ganhar o título por aquela equipe.
Os Red Sox finalmente puseram fim à "maldição" de mais de 80 anos, 3 ou 4 anos depois do convite a Beane, utilizando o seu (e de Brand) sistema de avaliação e contratação de jogadores. 

Nota IMDB: 7.6. É por aí mesmo. Talvez um 7. Brad Pitt está muito cheio de caretas, e tem o negócio sentimental com a filha, meio desnecessário.