segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O DITADOR (2012), de LARRY CHARLES - 06.09.2012

Sacha Baron Cohen é o Ditador Aladeen, do imaginário país de Waddiah, um sanguinário déspota de visual inspirado em Kaddafi, e que toma decisões obviamente aleatórias e baseadas apenas em sua vontade - como é de praxe.
Seu objetivo maior é desenvolver armas nucleares - como fins bélicos e para atacar Israel, por óbvio.  Há uma boa cena de um discurso de Aladeen dizendo que os estudos nucleares não têm fins militares, apenas uso médico e para geração de energia, e que nunca atacará Israel, rindo no meio de suas falas, e sequer conseguindo terminar a frase a respeito da não agressão a Israel. 
Quando os planos nucleares de Aladeen tornam-se preocupantes para a comunidade internacional, ele é chamado a prestar contas perante a ONU, tendo de ir a Nova York. 
Tamir (Ben Kingsley), o tio do ditador planeja um golpe contra seu sobrinho. Matar o Admiral-General Aladeen, substituindo-o por um dos sósias do ditador (sempre utilizados para evitar atentados contra a vida do autocrata). Este substituto firmaria um pacto democratizando Waddiah e também assegurando que o petróleo do país poderia ser negociado com o exterior, não sem, é claro, garantir para si mesmo 30% dos lucros do negócio, loteando as reservas de óleo em favor de 4 grandes empresas internacionais. 
O assassinato não dá certo por erro do carrasco, mas a barba de Aladeen é cortada, de modo que ele não pode mais ser reconhecido, ficando impossibilitado de ir à  Conferência da ONU. 
No discurso do seu sósia perante a Assembléia, este promete, um ou dois dias depois, assinar uma nova constituição - democrática - para Waddiah.
Nesse intervalo, em frente à sede da ONU, Zoey (Anna Farris) confunde Aladeen com um manifestante contra a tirania de Waddiah, e o contrata para trabalhar em sua cooperativa natureba. Aladeen aceita o emprego, mas por suas manifestações misóginas, racistas, discriminatórias, logo deixa empresa. 
Sem saber o que fazer, ele reencontra por acaso ele o ex-chefe do programa nuclear de Waddiah - Nadal - a quem Aladeen pensava morto, pois ordenara sua execução (como de tantos outros), em um lugar em Nova York chamado "Little Waddiah", uma localidade em que todos os dissidentes do regime totalitário se encontram refugiados, todos eles condenados à morte (e que Aladeen acreditava já executados), mas salvos pela resistência. 
Todos, ali, querem Aladeen morto, mas ele consegue se safar por estar sem barba, e Nadal volta a fazer aliança com o ditador, dês que, futuramente, volte a ser o chefe da equipe de pesquisas nucleares. 
Para conseguir uma barba substituta, Aladeen e Nadal buscam a barba de um morto, um negro que seria um líder de uma gangue. Como não conseguem cortar a barba em razão de algum contratempo, cortam a cabeça do morto, para depois aparar a barba. Algumas boas gags se darão com o uso da cabeça do morto.
De qualquer forma, Aladeen ainda não tem como entrar no hotel e impedir a mudança em seu país. 
Um dos caminhos possíveis é retornar ao seu serviço natureba, eis que a empresa será a fornecedora de comida para o evento. Ali, então, ele passa a comandar a lojinha com mãos de ferro, fazendo-a progredir imensamente em pouquíssimo tempo, sem anarquia, com ditadura uma empresa que até então era uma plena bagunça. Mas, em razão de uma agressão a uma criança, filho de alguém importante do hotel, a empresa perde o direito de fornecer o bufê. 
Sem outra saída, Nadal e Aladeen finalmente montam um plano, e conseguem entrar no hotel, substituir o sósia, e rasgar a nova Constituição, em vez de assiná-la. Tudo é cumprido à risca, exceto pela presença de Zoey, que faz com que Aladeen prometa faça um discurso apaixonado e admite fazer de seu país uma democracia. 
Ele retorna à terra natal, promove eleições "livres" - a cena dos tanques "convidando" todos que estava na fila de votos para a oposição a irem para a cabine de Aladeen é muito boa. 
No casamento de Aladeen com Zoey, esta diz que está grávida, revela que é judia, com o que o ditador lida da maneira mais natural possível - mandando matá-la. Ainda é mostrado Bin Laden, vivo e sob a proteção do plenipotenciário de Waddiah.

O roteiro - meio fraco mesmo - é de menos neste filme. O que vale são as gags visuais, as tiradas verbais, as situações cômicas criadas, a ironia em relação ao ocidente, nossas noções de democracia, atos equivocados tomados com base em soluções alegadamente democráticas. 
Dois discursos são muito bem feitos, um no momento final, ao louvar as "vantagens" de abusos da ditadura, citando condutas americanas (tortura, concentração de renda, grampo de telefones, controle da mídia, etc), e quando Aladeen pensa em se matar, ele faz uma breve paródia do discurso "I Have a Dream", de Martin Luther King. 
Anna Farris, para mim, não convence. Uma atriz de 30 e alguns anos toda embotocada é um exagero, e nada, em nenhum filme dela, me convence. Acho ruim. 
Sacha Cohen,depois de Borat e Bruno continua a ser um ótimo comediante. 
As gags dos jogos olímpicos, a transa com Megan Fox e as demais celebridades por quem Aladeen pagou dinheiro para ter sexo; as habituais condenações à morte com um mero passar de dedos no pescoço; as piadas com mulheres, judeus, democracia, americanos são, sem dúvida, engraçadas. O filme  não está à altura de Borat, e, talvez, nem de Brüno, mas é boa diversão.

Nota IMDB: 6.6. Vale mais. O humor cáustico certamente afasta telespectadores e rebaixa as notas de quem acha ofensivo este tipo de humor, que me agrada. 

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