segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MEU PASSADO ME CONDENA (1961), de BASIL DEARDEN - 12.02.2012

Tão logo um carro da polícia se aproxima da obra em que trabalha, Jack Barrett, um jovem inicia uma fuga, ainda inexplicada.
Entra em contato com Eddy, seu amigo, e lhe pede para que pegue um pacote em seu armário e lhe entregue, e diz que precisa deixar a cidade. 
Já com o pacote embaixo do braço, continua em sua tentativa de fugir, pedindo auxílio ou guarida a seus amigos, mas não consegue toda a ajuda de que precisa, por motivos ainda não plenamente conhecidos.
Barrett tenta contato com Melville Farr (Dirk Bogarde), advogado bem-sucedido, casado, prestes a prestar serviços para a monarquia britânica, mas este se recusa a atender aos seus telefonemas, neste momento. 
Finalmente, Barrett é preso numa lanchonete de beira de estrada, quando se revela a causa de sua prisão: ele dera um golpe em sua empresa, forjando a existência de empregados inexistentes, para desviar dinheiro, cerca de 2 mil libras, mas o policial percebe que há algo por trás desse delito, pois Barrett não tinha perfil criminoso. 
Ademais, no momento da prisão, Barrett tenta se desfazer do conteúdo de seu pacote comprometedor, jogando na privada e dando a descarga, mas a polícia consegue recuperar o objeto - um livro de recortes exatamente sobre os feitos do famoso advogado Farr.
O Detetive Harris (ótimo papel de John Barrie) percebe que Barrett é homossexual, e que está sendo chantageado, mas Barrett se nega a falar sobre a chantagem, sobre o que lhe era exigido e por quem. Para não ter de revelar o que sabe, Barrett se enforca na cela.


Neste momento, Farr que até então fizera pouco caso do caso de Barrett - também para se preservar, como logo se saberá - recebe Eddy (ao receber a correspondência de seu amigo morto) que lhe mostra uma foto em que Barrett está acompanhado de Farr, ambos estavam envolvidos. Então, a conclusão: Barrett se matou para preservar Farr, seu amor e seu ídolo, um homem de prestígio social e também gay, embora casado com uma mulher, e que lutava para controlar seus impulsos homossexuais - tivera um envolvimento adolescente mas o reprimira, e o seu amante cometeu suicídio. 
Farr resolve se envolver na responsabilização pela morte e na investigação para tentar impedir que a chantagem continue, pois como se descobre, vários gays londrinos estão na mesma situação, sendo extorquidos por um grupo que vigia os gays e cobra dinheiro para não revelar a situação deles à polícia. Isto porque o filme foi feito em 1961, quando o homossexualismo era ainda proibido na Inglaterra. Há cenas bastante explícitas de preconceito, puritanismo, com violência verbal contra os gays.
As cenas de bar, onde vários gays freqüentadores conversam sobre sua situação, com a simpatia de alguns e a repreensão de muitos; o clima de espionagem, de fofocas, de observadores suspeitos querendo saber da vida dos outros, criam um clima de eterno suspense para os homossexuais, controlados, vigiados, sempre objeto de desconfiança e repulsa moralista.
Outro gay prestes a fugir para o Canadá, para viver sua velhice sem contratempos é pressionado, e sofre um ataque cardíaco.
Melvin Farr resolve dissolver a organização que chantageia os gays, não importa o custo pessoal e profissional. Tem de contar sobre seu envolvimento com Barrett à sua esposa (ela sabia do "caso" anterior ao casamento), e ela resolve deixá-lo, bem como a seu ajudante na advocacia, um senhor que o acompanha há anos, que diz não se importar com a situação, pois se nele confiava há tanto tempo, nada mudaria isso.
Farr começa também a ser pressionado e ameaçado devido à sua posição social, chegam a pintar na porta de sua garagem a frase "Farr is queer" - Farr é veado - mas persegue a quadrilha, fica sabendo de outras pessoas conhecidas na cidade também gays que tinha de disfarçar sua condição e se submeter à chantagem - um outro advogado, um ator famoso, etc. - compra os negativos de sua foto com Barrett e umas cartas que incrimavam um outro gay amigo de Barret, nessa sua busca pelos chantagistas. Segue, com o auxílio da polícia, a pessoa responsável pela remessa do dinheiro da chantagem ao destinatário da grana, e ali conseguem desbaratar a quadrilha, com evidente prejuízo pessoal a Melvin, pois sua homossexualidade será trazida à tona no julgamento dos chantageadores, e sua carreira estará em ruínas. 
Os chantagistas são uma mulher puritana, que tem nojo dos gays e um outro homem, aparentemente também homossexual - uma foto de Davi, de Michelangelo, é a dica, penso eu, além de seu jeito levemente afetado. A coleta das informações sobre a vida privada das pessoas extorquidas é feita, por vezes, com o auxílio de outros gays (um que não tinha mais como custear a chantagem entrega seus amigos), além daquela rede de pessoas que, pelo "bem dos outros", vigiava a sociedade.
Farr volta a sua casa, e esperava que sua mulher ali não estivesse, mas ela está e quer ficar para auxiliar o marido, mas este replica que enquanto o processo estiver correndo, melhor que eles estejam separados até para preservar a mulher, que é filha de um juiz, e que ele a ama. Farr entretanto, diz que após toda a confusão, ele precisará dela, desesperadamente. Farr queima a foto com Barrett


Nota IMDB:7.7. Vale. Filme muito bom.

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