quinta-feira, 7 de junho de 2012

INVERNO DA ALMA (2011), de DEBRA GRANIK - 05.06.2012

Ree Dolly (Jennifer Lawrence, indicada ao Oscar de melhor atriz pelo papel) é uma adolescente de 17 anos que sustenta como pode sua casa, onde vive com sua mãe com problemas mentais, e seus dois irmãos, de 12 e 6 anos de idade, eis que foram abandonados por seu pai Jessup Dolly, um "químico" fabricante de drogas, que estás prestes a ser julgado à revelia. 
Com a ameaça de ser preso por dez anos, Jessup resolve "desaparecer" e não ir ao julgamento, o que acarretará a quebra da fiança, e, com isso, a perda da propriedade - que foi dada em garantia para a libertação - em que sua família vive,  já com extrema dificuldade até em razão da ausência paterna, dependendo da ajuda de vizinhos, por vezes, até para ter o que comer. 
Ree então decide iniciar a procura por seu pai, e inicialmente apenas lhe é dito para que deixe isso de lado, ninguém quer informá-la sobre o paradeiro dele; primeiro tentam dissuadi-la de continuar perguntando, que é melhor deixar para lá (até porque todo mundo parece ter problemas com a lei e não quer se envolver); com a insistência da protagonista, começam a aumentar o nível de agressividade, e, posteriormente, dão a entender que em verdade Jessup está morto, porque teria falado (ou poderia dizer durante o julgamento, para evitar dez anos de "cana") algo que não deveria, talvez incriminando algum de seus colegas do crime. Ademais, aparentemente, na comunidade retratada (o local não é revelado, apenas pode-se supor que se está próximo à fronteira de Arkansas, para onde em certa hora se menciona Jessup poderia ter fugido), todos têm problemas com a lei, vivem na pobreza, não querem se meter em questões que possam lhes trazer contratempos legais - ainda que algumas das pessoas a quem Ree peça auxílio sejam parentes seus.
Essa possível morte de Jessup, embora inviabilize que o pai de Ree dê pessoalmente a solução ao caso, abre a possibilidade de reversão da perda da fiança, uma vez que se o réu não compareceu ao julgamento por ter morrido, extinta estaria a punibilidade, e a propriedade não seria perdida.
Embora Ree quase seja morta, pela sua conduta firme, e contando com o auxílio de seu tio - e irmão de Jessup - que resolve, após renhida resistência, se envolver na resolução do problema, embora isso provavelmente pudesse custar a sua vida, em razão dessa obstinação finalmente decidem dizer-lhe que Jessup realmente foi morto, e que seu corpo está em um lugar determinado, para onde a levam vendada, e com o auxílio de uma motosserra, deixam que ela obtenha ambas as mãos de seu pai, de modo a provar a morte deste e evitar a perda da propriedade, que ela finalmente consegue entregando as mãos do genitor ao xerife.
É de se ressaltar a personagem Teardrop (ótima interpretação de John Hawkes),  que como dito, inicialmente fica contra Ree, mas ao ver a justiça de sua luta - não perder a casa e qualquer possibilidade de sobrevivência digna, resolve se arriscar. 
O visual de cinema alternativo (parece que de propósito, para aumentar a "veracidade", a dramaticidade do filme), com imagem levemente granulada, me parece um pouco pesado, ou melhor, forçado. De qualquer modo, a caracterização de uma comunidade pobre do interior dos EUA, a demonstração de um lugar que algum dia já foi alguma coisa, mas que hoje não passa de um vilarejo de fracassados, com problemas com a lei, e que de pequenos negócios ou pequenos trambiques constroem uma penosa sobrevivência, sem a mínima preocupação com o próximo, foi, para mim, um dos pontos altos do filme. 
Nota IMDB - 7,5. Um pouco menos, um 6 ou 6,5. Mas vale a pena. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário