domingo, 23 de dezembro de 2012

TUDO PELO PODER (2011), de GEORGE CLOONEY - 06.01.2012 e 23.12.2012

Nas primárias Democratas para a eleição presidencial americana, o candidato progressista Mike Morris (ateu, a favor do aborto, idealista, Governador de North Carolina), está disputando um caucus muito importante, em Ohio (ao passo que nesses dias a que vi o filme pela primeira vez, Mitt Romney vencia a primária republicana em Iowa - seria o candidato mas perderia para o democrata Barack Obama).
Nas pesquisas, ele lidera contra seu adversário, também democrata, o Senador Pulman, mais velho, e segundo o estereótipo do filme, mais conservador (o debate que é mostrado gira em trono do ateísmo de Morris).
Paul (Philip Seymour Hoffman) e Stephen Meyers (Ryan Gosling) são os principais assessores de Mike Morris. Paul o estrategista, e Stephen o responsável pelas notícias e contato com a mídia. 
Paul tem como objetivo único a vitória e princípio mais valioso a lealdade - sobre a inteligência ou capacidade inclusive, os valores não são o mais importante, ao passo que Stephen é um idealista, e acredita verdadeiramente em Morris, que como dito, parecia ser aos olhos de todos um candidato impecável.
Morris lidera em Ohio, segundo as pesquisas, tem no todo mais delegados do que seu oponente mas ainda não tinha a indicação garantida, havendo ainda um terceiro candidato (corrupto e retrógrado ao que tudo indica) já alijado da indicação, mas que conta com um número significativo de delegados, cujo apoio - disputado pelos dois concorrentes sobreviventes -  poderia definir o candidato democrata à presidência. Aparentemente vencerá. Stephen se envolve com uma estagiária - Molly, filha de um alto dirigente do Partido Democrata.
Contudo, Stephen  é assediado pelo estrategista Tom Duffy (interpretado por Paul Giamatti) do adversário democrata, para abandonar a campanha de Morris e aderir à de Pulmann, fica indeciso, mas não conta, inicialmente, a Paul o contato que teve com o adversário. Só após um revés nas pesquisas, que lhe tinha sido adiantado pelo adversário é que Stephen revela que tal tendência já estava em andamento.
Na cama com Molly, Stevie atende o telefone celular desta e do outro lado ouve a voa de Mike Morris - e a pressionando, descobre que esta teve relações sexuais com seu candidato "impoluto", e que Molly está grávida do seu "ídolo", diga-se, casado. Molly quer fazer um aborto mas não tem dinheiro para tal fim.  
Seguem-se lances de traição: Paul revela à repórter (Ida - Maris Tomei) de um jornal importante o encontro que  Stephen tivera com Tom Duffy, e esta começa a pressionar Stephen; este vai ao encontro de Paul e este diz que foi ele quem vazou a informação, facilitando (em verdade, forçando-o) que Stephen abandone a campanha, pois a lealdade é um valor acima de qualquer outro. Stephen é demitido, inconformado
Nesse meio tempo, Molly, que fez o aborto com a grana que Stevie arranjou pra ela, é esquecida na clínica - Stephen está às voltas com seus próprios problemas, com sua demissão, com a tentativa de obter a troca de lado que Tom lhe prometera - mas que agora não é mais importante, pois Stephen já está queimado, e Duffy conseguira seu objetivo mesmo sem a contratação (se não podia ter o melhor profissional de mídia da campanha, que pelo menos o outro lado também não tivesse). 
Assim, Molly volta sozinha ao hotel, e lá morre por overdose de remédios mais álcool - não se pode ter certeza se acidental ou suicídio. Stephen a vê morta, pega seu celular e com isso, chantageia Morris (dizendo que há uma ligação de Molly para o candidato), pedindo a demissão de Paul e o seu lugar no comitê, e, além disso, que faça o acordo com o Senador Thompson (Jeffrey Wright), abominado por Morris, dê-lhe o cargo que deseja - de Secretário do Estado (o cargo hoje ocupado por Hillary e logo por Kerry), enfim, faça as concessões que seu passado ilibado não permitiria, mas que o presente, com a relação extraconjugal e o aborto, impõe. 
E assim, tudo se resolve, na hipocrisia. Stephen é o novo chefe da campanha. Morris recebe o apoio do senador que despreza, ganha a indicação do Partido Democrata e continua com sua reputação de homem de propaganda de margarina; Paul deixa a política e arranjará um emprego em Washingon, com salário de milhão por ano; Thompson se habilita a ser Secretário de Estado, mas tudo com alguma conseqüência para todos os envolvidos, a perda da aura mítica, a perda da inocência, o cinismo, a realpolitik, enfim, o mundo tal como ele é, e não como devia ser. Vê-se que a expressão de Ryan Gosling vai mudando durante o filme, de alguém idealista e esperançoso para um cínico calculista. Nota-se em seu rosto as mudança. O filme termina com a indicação, a vitória nas primárias, não se chegando propriamente à eleição presidencial.

Parece-me que o filme tinha alguma intenção política inequívoca - estávamos próximos ao pleito de reeleição de OBAMA -  mas algumas situações previsíveis no roteiro e um final meio óbvio. Há thrillers políticos com muito mais intensidade, mas, de qualquer modo, é um filmezinho que vale a pena ser visto. 


Nota IMDB - 7.2. Daí pra menos. Um 5. E, sem dúvida, me parece um filme datado, e que ficará cada vez mais datado. Veja se tiver tempo.

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