domingo, 2 de outubro de 2011

A VILA (2004), de M. NIGHT SHYAMALAN - 24.09.2011

Este filme de do Shyamalan faz parte de seus maiores sucessos, junto a "O Sexto Sentido", "Os Outros", e "Sinais", tendo sua carreira decaído - de acordo com a crítica que me fez não ver tais filmes (falha minha, reconheço) - com A Dama na Água, O Último Mestre do Ar e Fim dos Tempos. A película inicia com o enterro de uma criança, filha de um dos próceres de uma comunidade ambientada no Século XVIII ou XIX, o que se depreende pelas roupas, pelos costumes, pelas construções.
Com a morte de Daniel, Lucius Hunt/Joaquim Phoenix (que poderíamos dizer que Lúcio é aquele que tem luz, e Hunt - o que caça, o que busca a luz) pede ao Conselho de Notáveis que dirige a vila (the elders) que lhe permita atravessar a floresta para buscar remédios que pudessem evitar mortes como a de Daniel. Tal pedido é negado pois, segundo as regras do local, é proibido adentrar na floresta pois ali vivem "aqueles cujo nome não se diz", monstros que deixam a comunidade isolada das cidades, e que já teriam matado integrantes da vila - o pai de Lucius, para citar um.
Os Elders da comunidade a dirigem firmemente, mas têm segredos mantidos em relação aos demais habitantes da vila e cada um, por exemplo, tem um baú lacrado, a que aos outros também não têm acesso.
A co-protagonista é Ivy Walker (Bryce Dallas Howard), filha do principal líder da comunidade (Edward Walker, vivido por Willian Hurt), cega, mas que vê a aura das pessoas, sendo sempre protegida por Lucius. Ela vive próxima a Noah Percy (Adrien Brody), um rapaz com problemas mentais, aparentemente inocente, muito afeito a ela.
Quando Ivy declara seu amor por Lucius, e eles resolvem se casar, Noah esfaqueia Lucius, e este fica entre a vida e a morte, sendo necessário, para que a infecção que o acomete regrida, que se vá até a cidade para buscar remédios.
O problema é que a comunidade fez um pacto de não deixarem o lugarejo, não retornarem a cidade em hipótese alguma, mas Ivy insiste que deve ir buscar remédios para tentar salvar seu futuro marido, sendo autorizada por seu pai Edward (que foi repreendido por seus pares por essa decisão), que então resolve contar à sua filha a primeira farsa perpetrada pela comunidade: não há monstro algum, "aqueles cujo nome não se pronuncia" são na verdade um ou outro dos chefes da comunidade fantasiados (e ele mostra a fantasia), e que tudo isso foi engendrado para proteger a comunidade das cidades, para evitar o contato com o mundo exterior à vila, pois todos que lá viveram tiveram grandes perdas, grandes frustrações no contato com as cidades, com as pessoas das cidades.
Então Ivy parte rumo à cidade, acompanhada por dois outros jovens, que logo a abandonam por medo, ela é acossada por um dos monstros, que ela consegue matar - e este era o "inocente" Noah, disfarçado.
Ivy chega, então, a um muro, a fronteira entre A Vila e as cidades, e ao mesmo tempo em que ela ultrapassa a fronteira, seu pai está abrindo um daqueles baús dos líderes da comunidade, e, concomitantemente, em ótima montagem, somos transportados para o século XX (eis a segunda farsa, pra mim criada soberbamente, pois aquela primeira revelação parecia já ter trazido à tona toda a verdade necessária para justificar o isolamento da comunidade), lá pelas fotos mostrando o grupo dos anciões com suas fotos da década de 70, e a explicação de suas perdas (morte violenta de parentes, inclusive o pai de Lucius, que teria sido morto, segundo a versão "oficial", na mata), e a razão para se isolarem do mundo, enquanto Ivy encontra um patrulheiro do Parque Walker (de propriedade da família de Edward Walker, o líder do grupo e ex-professor de história, e filho de um ex-milionário assassinado) que conversa com Ivy, arranja-lhe os remédios, compreende a necessidade de se manter em silêncio sobre o que presenciou - embora não saiba bem porque e nem o quê presenciou. O chefe do posto de guarda diz a ele, a propósito, que não fale nada a respeito do que houve - em mensagem dúbia - "não fale a ninguém sobre o encontro", ou "não fale à pessoa que encontrou sobre a reserva" florestal.
Voltanto à vila, com os remédios para tratamento de Lucius, logo se revela que Ivy teria matado um monstro - Noah, portanto. Edward então faz um discurso a seus pares, declarando que a morte de Noah/monstro "provava" a história que protegia a "realidade" da Vila, e ele propõe, apesar das perdas, a continuidade da aldeia, com o que assentem todos os elders, e a Vila está "salva".

O filme gera vários questionamentos interessantes: a violência, onde ela está, na cidade, no meio que nos circunda, ou dentro da cada pessoa? Quem é inocente, quem não é? O "inocente" Noah, deficiente mental, que mesmo assim tenta matar Lucius, uma pessoa muito preocupada com o bem-estar da comunidade? Adianta se isolar do mundo, se o mal necessariamente não está nele, mas pode estar em cada um? A nostalgia do que foi, sempre um tempo idealizado, encontraria razão de ser nos fatos?

NOTA IMDB: 6,5. Muito abaixo do que realmente vale. Pelo menos um 7,5.

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