sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

ARGO (2011), de BEN AFFLECK - 01.01.2013

Logo após a revolução islâmica no Irã, em 1979, tendo o Xá Reza Pahlevi se exilado nos Estados Unidos e ascendido ao poder, triunfalmente, o Aiatolá Khomeini, a população persa exige veementemente que Pahlevi (agora se tratando de um câncer) - que se mantivera no poder graças ao apoio americano, pois assumira o poder após a segunda guerra mundial, para assegurar acesso aos Aliados ao petróleo iraniano, e reprimira manifestações democráticas durante sua ditadura -  seja devolvido ao Irã para julgamento pelas atrocidades que diziam que ele cometera, pelo dinheiro que roubara, enfim, para que fosse responsabilizado pelos atos de seu governo.

Nesse movimento, a pressão sobre os Estados Unidos pela extradição era imensa, e em certo momento, os iranianos invadem a embaixada americana em Teerã e fazem reféns todos os empregados da embaixada (mais de cinqüenta) para exigir a repatriação, tendo seis funcionários aparentemente mais graduados logrado êxito em escapar nos momentos iniciais da invasão, conseguindo se refugiar na embaixada canadense. Essa fuga de seis diplomatas não é de conhecimento dos revolucionários islâmicos, e depois de algum tempo, a CIA resolve armar um plano para resgatá-los da embaixada. 
Vários planos são imaginados, como uma fuga em bicicletas, infiltração de "professores" de línguas estrangeiras, mas todos eles são tidos por inviáveis, até que o agente da CIA especialista em resgates Tony Mendez (Ben Affleck), ao assistir a um filme com seu filho,  tem a ideia de "produzir" um filme no Irã, identificar os diplomatas como da equipe técnica do filme, e assim retirá-los do país amotinado. 
Entram em contato com um maquiador (John Goodman), com um diretor (Alan Arkin), e buscando um filme que possa ser utilizado como fachada, deparam-se com ARGO, uma ficção científica futurista e que teria locações no Irã - no grande mercado, nos desertos. 
Começam então as providências para dar uma aura de veracidade ao pretenso filme que será feito. O elenco é chamado para uma leitura do roteiro, consegue-se mídia em jornais e revistas respeitadas (sem que estas saibam que estão sendo manipuladas) - a Variety, por exemplo, é criado um escritório para gerenciar a produção e poder confirmar a existência do filme em eventuais contatos de terceiros, tudo para que o regime iraniano não desconfie da missão secreta.
Tudo engendrado, Tony Mendez consegue o visto, viaja ao Irã, entra em contato com os seis diplomatas tocaiados na embaixada canadense, falsifica os passaportes canadenses deles, lhes dá falsas identidades e os treina para agirem como se fossem do staff de produção do filme.
O regime faz os integrantes do filme passearem pelo mercado público até para que possam ser tiradas fotos e ver se aquelas pessoas seriam "inimigos do regime". 
A fuga, em um avião da Swissair, está marcada para o dia seguinte. Na noite anterior ao escape, os superiores da CIA desmarcam a missão, dizendo que agirão de outra forma, resgatarão os reféns militarmente. Mendez fica inconformado, e no dia da fuga, ele resolve agir por si mesmo, pois já se comprometera com a operação e com os reféns, e alguém precisava assumir a responsabilidade.
Enquanto os sete fugitivos se dirigem para o aeroporto, algum burocrata da CIA tenta recolocar o plano em andamento, restaurando passagens já canceladas, tomando providências para que os americanos tenham alguma chance. O trajeto até o aeroporto, a passagem por três pontos de checagem aduaneiros, a meramente formal e os interrogatórios ideológicos, a corrida contra o tempo para que os iranianos não percebam a realidade - inclusive com o contato telefônicos dos iranianos com a produtora do filme. 
Enfim o avião decola, com os jipes do exército iraniano tentando obstar a decolagem, uma vez que comparando as fotos tiradas no mercado público com documentos reconstituídos na embaixada possibilita a identificação dos diplomatas. 
Os americanos, com identidade canadense, estão salvos. A CIA não pode assumir a autoria da operação, dando todo o crédito ao Canadá e ao embaixador que hospedara os fugitivos. 
Acompanha-se a repercussão real do que houve, ficamos sabendo que os reféns da embaixada foram liberados, mas apenas muito tempo depois (444 dias), e que Mendez recebeu uma medalha por sua ação e um elogio do então presidente Jimmy Carter, mas que sequer podia ficar guardada com ele, pois a missão ficou em segredo desde 1981 até 1997, quando a missão finalmente foi revelada. 

Nota IMDB: 8.2. Acho que é por aí mesmo. Trata-se de um filme muito bom, com ótima ação, direção e atuação boas de Ben Affleck, um elenco de apoio muito bom, ainda que em papeis pequenos, um roteiro afiado, um clima de tensão muito bem construído. Assista!

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