sábado, 24 de setembro de 2011

MONSTROS (FREAKS), 1932, de TOD BROWNING - 21.09.2011

Já é a segunda vez que ocorre, que o filme do TCM não começa no momento exato previsto na SKY, e perde-se o começo do filme, a que só consegui assistir no google vídeos - que tem ótimos filmes, por sinal. Há um prólogo por escrito em que se explica que as pessoas com deficiências era consideradas como de má sorte ou representações do mal, e muitos males e problemas durante a história foram atribuídos aos "freaks", e que Golias, Calaban, Kaiser Wilhelm, Glocester foram anormais.
Que essas pessoas eram deixadas à morte, ou, se sobreviventes motivo de diversão e escárnio para os nobres, emboras pessoas com sentimentos e pensamentos sãos. Estes "freaks" criaram entre si um código moral para se proteger do escárnio das outras pessoas, e o mal feito a um deles a todos agredia, e a  felicidade de um a todos aproveitava.
O filme inicia, e o apresentador do show ou de feira de variedades (sideshow, em inglês) faz a advertência e apresenta à plateia um monstro - que inicialmente não vemos (só o veremos no fim) - que diz já ter sido uma belíssima mulher, uma trapezista conhecida como o pavão dos ares, e então, sem que os espectadores a vejam, sentimos qual ruim é seu estado pela reação assustada dos que a ela são apresentados.
A história em si começa com a trapezista  Cleopatra (Olga Baclanova) fazendo seu numero e sendo admirada pelo anão alemão Hans (até então enamorado da anã Frieda). Cleopatra utiliza-se de seu charme para "seduzir" Hans, para ganhar presentes e algum dinheiro.
Parênteses: há uma cena em que Madame Tetralini - a tutora dos anormais - leva os seus "freaks", alguns débeis mentais, o homem que só tem o torso, o homem apenas com a parte superior do corpo e que se locomove com os braços, anões para um passeio no parque que é impactante.
Pois bem, Hans que casaria com a anã Frieda cai no engodo de Cleópatra (parece-me que qualquer coincidência não terá sido mera semelhança), principalmente após esta e Hércules - seu amante - descobrirem que Hans é herdeiro de uma grande fortuna. Cleo resolve casar-se com Hans, e como é sabido que os anões têm saúde frágil, planeja matá-lo e herdar sua fortuna.
No jantar pós-casamento Cleopatra, depois de beber em companhia de todos os freaks, em que estes cantam a ela que agora ele é uma deles, tem um acesso de raiva, xinga os "monstros", rejeita ser um deles, beija Hércules. Durante o jantar Hans já recebera a primeira dose de veneno em sua bebida, e cai adoentado.
Hans só vai descobrir o plano quando já casado e à beira da morte - quando passa a não mais ingerir o remédio misturado com veneno que lhe é ministrado.
Descoberto o plano, os freaks então resolvem vingar-se de Cleo - dentro daquela lógica inicialmente explanada de que tudo que fizeres a um de nós o fazes a todos - e então a transformam no monstro não mostrado no início - uma mistura de pessoa sem braços e sem pernas misturado com uma ave, uma galinha ou coisa que o valha.
Após essa cena há ainda um epílogo em que Hans, gozando de sua fortuna vive solitário em uma mansão e Frieda e os dois amigos "normais" Phroso, o palhaço, e Venus, que eram os únicos integrantes do circo que não gozavam dos anormais, ali aparecem para arranjarem uma reconciliação entre os dois anões (midgets, palavra inglesa que eu acho espetacular).

É um filme bastante impressionante. Uma das coisas mais impressionantes que vi nos últimos tempos. O filme nos expõe a nossos próprios preconceitos de uma forma pungente. Enquanto via o filme, várias vezes dei pausa na projeção para pesquisar na internet sobre as pessoas reais que encarnaram na tela a sua personalidade real. Não há, aqui, em verdade, personagens, mas "freaks", pessoas verdadeiras consideradas abjetas, estranhas demais, que participaram do filme, representando um pouco, vivendo sua realidade de atrações de circo, principalmente. As suas histórias reais são ainda muito mais impressionantes do que o filme. Vários desses anormais morreram idosos. O half-boy (Johny Eck) morreu com 83 anos; Schlitze, a pinhead (pessoa microcéfala, com uma deformidade craniana gravíssima, e com volumetria cerebral muito pequena, logo, com desenvolvimento mental retardado, com baixo QI - no caso, Schlitze tinha idade mental de 4 anos), com mais de 60 - e na verdade era um homem; as gêmeas siamesas Hilton, também com mais de 60 e entre a morte de uma e outra mediou mais de uma semana (imaginem o que é isso, sua irmã siamesa morta e grudada ao seu corpo por mais de uma semana).
O filme vale a pena.

Nota IMDB - 7,9. Acho que vale bem mais. É um filme de 70 minutos espantoso. Quem viu, viu. Quem não viu, está perdendo.

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