sábado, 7 de abril de 2012

A ÚLTIMA ESTAÇÃO (2009), de MICHAEL HOFFMAN - 15.01.2012

Esse filme mostra, em tese, os dias derradeiros de Lev Tolstoi (na minha época de guri, todo mundo o chamava de Leon Tolstoi), o grande escritor russo nascido em 1828, autor de Guerra e Paz, Anna Karenina e A Morte de Ivan Ilitch (o único que li), em 1910 
Já bastante idoso, mas ainda muito lúcido - mas, para mim, imbecilizado no filme - Tolstoi, que em sua vida jovem fora uma pessoa de vida se não dissoluta, ao menos de vida livre, é agora um idoso nobre, já reconhecido por sua literatura - considerado o maior autor vivo, gozando da fama ainda em vida - mas que tem dúvida sobre sua vida, seu papel como escritor, tornando-se celibatário, asceta, vegetariano, abstêmio, e pregador de uma "reforma agrária", pode-se dizer.
O filme é centrado na conduta de Sofya Andreievna Tolstoy (Helen Mirren), esposa de Tolstói (Christopher Plummer), e sua contraposição às "novas" idéias de seu marido, seu ascetismo, sua intenção de dividir suas propriedades com os camponeses, a intenção de doar os direitos sobre sua obra, após sua morte, a Chertkov (Paul Giamatti), e por conseqüência, para o povo, pois que este pregava a importância de a obra de Tolstoi ser disseminada sem entraves jurídicos.
Os últimos dias realmente, ou seja, a sua viagem após deixar a sua casa, pelo interior da Rússia, me parece que seria um assunto ainda mais interessante, mostrando esse itinerário, o que houve nos poucos dias de sua viagem, seu encontro com o povo russo, etc. Em 28 de outubro de 1910 Tolstoi deixou Yasnaya Poliana e foi morrer em 20 de novembro do mesmo ano, em Astapovo
Assim, embora aparentemente Chertkov tivesse propósitos nobres - a disseminação do tolstoísmo, com ascese, sem apegos, e usar a obra em favor do povo - por muitas vezes vemos nos bastidores ações egoístas, 
O papel da única personagem em dúvida entre as posições de Chertkov e Sofia é representado por Valentin (James McAvoy), que adepto fervoroso do tolstoísmo (inclusive com castidade), vê-se seduzido pela defesa de Sofia em favor de sua família, da herança para os filhos (13 foram paridos, mas se bem me lembro, 5 já eram mortos), e entende a defesa do patrimônio familiar de Sofia
Tolstoi é levado a refazer seu testamento, por influência de Chertkov, deixando todos seus bens para o tolstoísmo. Depois de muitas discussões, embora haja amor entre marido e mulher, Tolstoi sai de casa, para viver seus últimos dias - ainda não sabia que seriam os últimos - sob o signo de suas novas convicções, excursionando pela Rússia. Logo cai enfermo, em Astapovo, com pneumonia, até em razão das viagens em vagões mais simples, passando frio. Os filhos e Chertkov, que ficam ao lado do velho, impedem Sofia até mesmo de vê-lo. Somente nos estertores, Tolstoi manda chamar sua esposa. O filme ainda termina com um texto explicativo, dizendo que somente depois de algum tempo a família consegue reaver os direitos autorais sobre a obra de Tolstoi, que tinha ficado em testamento para Chertkov


Nota IMDB - 7.0. Dou menos. 5, se tanto, embora Plummer e Mirren estejam bem. Giamatti já me cansou um pouco, com sua fala sempre sussurrada e com voz rouca, como que para emprestar drama e ênfase em cada linha  que declama no desempenho de seus papéis.  Acho que o filme assume um lado muito açodadamente, e alguns papeis são tendenciosos, para  que haja uma identificação com Sofia, uma antipatia por Chertkov, e uma "imbecilização" de Tolstoi - um velho quase incapaz de decidir por si só o seu destino, e não o maior escritor vivo na época. Os personagens são simplistas. Não gostei. O gênio era o Tolstoi, porra, e ele parece o menos inteligente de todos que estão no filme. 

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