sexta-feira, 16 de março de 2012

DESENCANTO (1945), de DAVID LEAN - 16.03.2012


Um filme do diretor de A Ponte do Rio Kwai, Lawrence da Arábia (não assisti a nenhum deles, falha minha), aqui estamos diante de um romance - ou da impossibilidade deste - em que Laura Jesson (Celia Johnson), uma dona de casa do subúrbio de Londres, com dois filhos e um marido bom, se apaixona por um estranho que conhece numa estação de trem (belas imagens em preto e branco, dos trens chegando e partindo, com a fumaça de suas chaminés) - o médico Alec Harvey (Trevor Howard), igualmente casado - e com ele inicia um flerte, depois encontros inocentes num crescendo, e por fim se entrega - brevemente - a essa paixão.
O filme inicia com uma aparente despedida entre Laura e Alec Harvey, interrompida por uma amiga falante de Laura, e esta então volta para casa, para seus encontros noturnos habituais com seu esposo, com conversa, leituras e palavras cruzadas com o marido boa-praça. Ali, ela começa a reviver, na memória, os encontros furtivos com Alec, e em monólogos internos, imaginariamente, explica a seu marido Fred o que houve, e lhe pediria desculpas se fosse possível. 
Nesse rememorar, revive o primeiro encontro, em que Alec a auxilia a retirar um cisco dos olhos (fuligem do trem), os encontros casuais em um restaurante, a primeira ida ao cinema juntos; os encontros posteriores, já combinados, e os últimos, já apaixonados, para enfim para consumar a traição - com o medo da retaliação da sociedade.
Enquanto o caso vai evoluindo, as culpas, os medos, o remorso, as mentiras para o marido, misturados à paixão, aos sentimentos dos amantes, indicam um caminho de difíceis escolhas. Ambos sentem que querem ficar juntos, que não querem se afastar, mas ao mesmo tempo têm certeza que o relacionamento não será possível, e que logo terão de se separar. Contra a vontade de ambos, Alec finalmente vê o modo de evitar a continuação daquela relação, aceitando uma proposta de emprego na África do Sul. 
O filme faz toda a retrospectiva do relacionamento, com Laura devaneando no sofá de sua sala, à frente de seu para trazer de novo às cenas iniciais, do último encontro com Alec na estação de trem, e onde vemos que realmente seus últimos momentos juntos, em que se despediam, e conversavam se voltariam a ser ver um dia, se um escreveria ao outro, as últimas palavras de amor são interrompidas pela amiga faladeira que enfastiava Laura, evitando que eles dissessem seus últimos sentimentos um para o outro. Ela ainda sai do bar para tentar ver Fred pela última vez, mas este já partiu em seu trem.
Corte para a sala residencial em que Laura permanece absorta em seus pensamentos quando seu marido Fred percebe que algo está errado, e mesmo sem saber exatamente o quê, percebe alguma infelicidade em Laura, e sente que ela esteve distante, e a agradece por voltar para ele. 
Esteticamente, tem-se uma fotografia em preto-e-branco muito bonita, muitas imagens refletidas, nos espelhos, nos vidros do trem. 
Nota IMDB - 8.1. Um bom filme, mas eu não daria tanto assim. Um 7, talvez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário