segunda-feira, 26 de março de 2012

O ARTISTA (2011), de MICHAEL HAZANAVICIOUS - 26.03.2012

Película vencedora do Oscar de Melhor Filme em 2012, esse filme mudo - e em preto-e-branco- é bem interessante, mas não achei essas coisas todas. 
George Valentin (Jean Dujardin) é um grande astro do cinema mudo, egocêntrico, acredita ser a razão primeira de todos os sucessos. Acidentalmente, após um grande sucesso, é fotografado junto a Peppy Miller (Berenice Bejo), uma aspirante à carreira de atriz, que logo começa a fazer figuração nos filmes mudos. 
Contudo, estamos às voltas com o surgimento do cinema falado, em 1927-1929, mas Valentin não acredita que tais filmes sejam o futuro, que tais filmes façam sucesso e se nega a participar desse "futuro", sendo, então, demitido pelo estúdio do qual era contratado, pois estes dizem que no "novo cinema", precisa-se de caras novas, de algo novo, e que os velhos astros precisam abrir passagem às novas gerações - uma tônica recorrente do cinema, em qualquer que seja a época, em que a idade, com raras exceções, fecha portas para os atores que envelhecem.
Valentin é rapidamente relegado ao ostracismo e à pobreza, mas se recusa a capitular e passar a participar do cinema falado - e o cinema falado também não parece ter nenhum interesse nele. 
Falência moral e financeira, mas o orgulho - burro - intacto (ou seria um homem de princípios?), Valentin vende todas as suas coisas, perde sua esposa (se recusa a falar com ela), perde sua mansão, tem de demitir seu motorista - e amigo de anos-, pois não tem mais como pagá-lo.
De outro lado, Peppy Miller surge como uma nova estrela do cinema sonoro, e conquista algo bastante semelhante ao que havia conquistado Valentin, mas não o esquece completamente, ao contrário do que fez o grande público. 
Peppy, por exemplo, compra a memorabilia de Valentin, e quando este tenta o suicídio, e a atriz é quem o salva (numa pegadinha interssante com a onomatopeia "bang" - um tiro e/ou uma batida de carro - e o leva para sua casa, para que este se recupere.
Ali, recebe a notícia de que Peppy conseguiu com o executivo do Estúdio que o demitira (Al Zimmer, vivido por John Goodman), uma nova chance para "o artista", que ao saber disso, somando-se ao fato de ele descobrir na casa de Peppy todos os seus objetos pessoais, comprados em leilão pela nova estrela - os empregados dela é que deram os lances -  é levado a uma grande sensação de impotência e resolve se matar, sendo salvo como acima descrito, por sua amiga. Nesse momento, Peppy consegue achar um meio-termo para que George volte a atuar, de uma forma em que ele não precise falar - dançando em musicais. 
O final mostra uma cena de metalinguagem, em que Valentin e Peppy estão filmando uma cena musical, a câmera vai se afastando e então há a filmagem da filmagem, em recurso que já vimos por aí, num curta do Jorge Furtado, em Persona (de forma radical), em Sunset Boulevard, Dirigindo no Escuro, e por aí vai. 
A cena em que George Valentim queima as películas de seus filmes mudos me parece bastante significativa, nesses tempos em que o filme 35mm está em extinção - deixará de ser produzido e só teremos projeções digitais, ou seja, a cena não representa apenas a a superação do cinema mudo, mas igualmente a dos filmes em película. 
Em preto-e-branco, mudo, com a música de acompanhamento - na sala em que assisti, achei a música um pouco alta, e o posicionamento da imagem na tela estava equivocado, cortando uma pequena parte da topo da imagem.


Nota IMDB - 8,3. Não é para tudo isso, na minha opinião. Um 7 tá bom. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário