sábado, 19 de novembro de 2011

DRÁCULA (1931), de TOD BROWNING - 16.11.2011

Já havia assistido ao agudo Freaks, dirigido por Browning, e foi um dos filmes mais impressionantes que vi nestes últimos tempos. Por isso, este Drácula, filmado um ano antes de "Monstros" era, para mim, um filme cercado de grandes expectativas.

Estou concomitantemente assistindo ao "A Múmia" e Frankenstein, com Karloff, para ver os três filmes clássicos sobre o maiores monstro do cinema numa só tacada, e todos os filme são produzidos por Carl Laemlle Jr. Tudo parece econômico, tanto que os créditos deste Drácula e d'a Múmia são muito semelhantes e ambos com a música do balé O Lago dos Cisnes ao fundo.

O filme aparentemente segue o livro de Bram Stoker (não o li), assim como fizeram, anteriormente o filme de Murnau (Nosferatu) - este não creditado por disputa por direitos autorais, e depois, ao menos o filme  do Coppola. Há outros filmes sobre o vampiro, mas não os assisti, tá faltando pelo menos o da década de 60, com o Christopher Lee.

O Nosferatu é impressionante, a caracterização animalesca do vampiro é espetacular, e muitas das brilhantes criações de Murnau foram copiadas por Coppola - tal como a sombra atrasada do vampiro. Browning faz um filme muito mais teatral, que entrou para a história por Bela Lugosi, o mais famoso Drácula, com seu olhar aí acima representado (e sempre realçados no filme por uma iluminação especial, que às vezes é boa, às vezes, exagerada). Lugosi está um perfeito canastrão no filme, suas falas são pouquíssimas, o que mais faz são suas "caretas" de drácula, para hipnotizar ou para se comunicar telepaticamente com seus servos, Renfield por exemplo. Mas seu modo de falar, suas ironias (I never drink... wine [only blood, podemos entender]) são muito boas.
Ademais, incontestavelmente, criou a caracterização clássica do vampiro mais famoso do cinema, e convenhamos, dá de 10 a zero, por exemplo, no caricato Keanu Reeves que faz Johnatan Harker no filme do Coppola - para mim o único, mas grandioso defeito do filme do diretor de O Poderoso Chefão.
O filme: Renfield (Dwight Frye) chega à Romênia para fechar o negócio do aluguel da londrina Abadia de Cairfax ao Conde Drácula.
Ali, é vampirizado pelo Conde, e volta a Londres de barco. No navio, estranhamente todos, à exceção de Renfield (louco e internando no sanatório de Seward), morrem. A carga do navio é próprio o Conde Drácula.
Drácula forja um encontro casual - no teatro -  com Mina Seward (Helen Chandler), o pai desta, Dr. Seward - dono de um sanatório, e com John Harker - de quem Mina estaria enamorada, além de Lucy. Logo o Conde vampiriza Lucy. 
Bem cedo na história, pela observação de Renfield e pelas mortes com mordidas no pescoço, o Dr. Van Helsing e Seward chegam à conclusão de que o caso trata de vampiros, uma superstição antiga que agora parece verdadeira.
Lucy, vampirizada e vestida de branco, ataca e mata crianças, porém esse trama fica subdesenvolvida na história e simplesmente some do filme, sem se saber o que foi feito de Lucy.
Drácula também morde Mina, esta bebe o sangue dele, e para a transformação dela em vampira ser completa (ela já está sob seu controle mas ainda não virou definitivamente uma vampira), Drácula terá de matá-la durante a noite.
Van Helsing o persegue e impede que ele execute a morte antes do nascer do dia, obrigando Drácula a voltar para seu caixão, quando Van Helsing consegue matá-lo (uma grande sacada a estaca utilizada ser tirada da tampa da caixão, que o caçador de vampiros quebra para criar a arma mortal para o vampiro).
Filme simples e direto. Conta a história e manda o recado.
O roteiro é simples e as vezes falho (acho que até em razão do baixo orçamento e não há, como no filme do Coppola, a explicação da fixação atemporal de Drácula por Mina, a história de Lucy fica mal contada, há diferenças na história - no filme de Coppola, Harker também vai à Transilvânia, após a volta alucinada de Renfield, neste apenas Renfield viaja.
Não há efeitos especiais propriamente ditos, e as cenas em que há alguma necessidade disso são feitas com cortes que dão a impressão de ter havido o efeito. Por exemplo, Drácula está atrás da teia de aranha, e para dar a impressão de passar por elas sem destruí-las, Lugosi é filmado antes e depois de passar por ela; ou a transformação de morcego em Drácula, igualmente, em que se filma o morcego cenográfico (mal feitos, por sinal, afinal estamos em 1931), e depois, o vampiro já personificado.
Tod Browning entende do riscado, mas se sai melhor em Freaks do que neste Drácula. De qualquer modo, há algumas cenas bastante interessantes, uma panorâmica na sala de autópsia de Lucy, por exemplo, os interiores do Castelo de Drácula e da Abadia de Cairfax.
O filme é razoável, cria o cânone hollywodiano do Conde Drácula, mas, a meu sentir, fica atrás tanto do filme do Coppola, dos anos 90, e do Nosferatu, de 1922, conduzido pelo Murnau. Vale a pena, de qualquer forma.
Nota IMDB - 7,6. Vale um pouco menos, essa nota tá perto de 8, o que é exagerado. Um 7 tá de bom tamanho.

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