domingo, 20 de novembro de 2011

FÚRIA (1936), de FRITZ LANG - 19.11.2011

Esse filme, o primeiro dirigido pelo grande Fritz Lang (Metrópolis, M, o Vampiro de Dusseldorf) nos Estados Unidos trata de assuntos bem importantes. O linchamento, um julgamento justo, a justiça, a vingança, o papel - ou a inação - do Estado, representada pela não remessa de reforço policial pelo Governador, a conselho de um aspone.
Joe Wilson (Spencer Tracy) está noivo de Katherine (Sylvia Sidney) estão enamorados, e pretendem casar, mas vivem dificuldades financeiras. Katherine migra de Chicago para uma outra para ter um emprego melhor e melhor salário, enquanto Tracy continua em sua cidade até que consiga juntar uma grana e então ir atrás de sua noiva para casar.
Quando finalmente, um ano depois, consegue um dinheiro, no caminho é confundido, por indícios meramente circunstanciais (amendoim nos bolsos) com um assassino de menores, e preso. A polícia de Capitol City faz um trabalho inicialmente preguiçoso, mas o delegado (Edward Ellis, um ótimo coadjuvante - que fez dois papéis interessantes em outros filmes que vi durante este 2011, O Fugitivo, em que é o presidiário Bomber, amigo de Paul Muni; The Thin Man, em que é o assassinado Clyde Winant com William Powell e e Mirna Loy) fica em dúvida e diz que somente com a chegada do District Attorney alguma coisa será feita.
Mas na cidade a notícia de que o "assassino" das crianças foi preso gera uma onda de boatos, versões da história, e logo a turba resolve decidir rapidamente o futuro de Joe Wilson, linchando-o.
A malta consegue, contra a resistência do xerife e seus ajudantes, invadir a delegacia, e chegar até a carceragem, mas não logram êxito em entrar nas celas, e por isso, não conseguindo alcançar Joe Wilson, resolvem incendiar a delegacia. Katherine, impotente, vê seu noivo dentro da delegacia em chamas, e o prédio é consumido. Chega-se à conclusão que Tracy morreu, linchado (queimado), e logo em seqüência se descobre que ele era completamente inocente, e que esse inocente morto agora era um grande ultraje, uma vergonha para a imagem da cidade, e que o melhor para todos seria esquecer aquilo, nunca mais mencionar tal fato.
Ocorre que Tracy, de fato, não morreu, tendo conseguido fugir da carceragem pela tubulação de água. Ele, até então um homem de boa índole, que sempre quer que se leve uma vida honesta, resolve buscar vingança contra os linchadores, ainda que dentro do sistema legal, processando-os. Como não pode aparecer - por estar teoricamente morto, incumbe seus dois irmãos de tocar adiante a vingança, buscando a condenação de seus ditos algozes à morte, eis que linchamento, naquele Estado da Federação em que houve o ataque popular, é considerado homicídio em primeiro grau, crime sujeito à pena de morte.
No julgamento, o District Attorney (promotor) usa imagens das equipes de televisão para identificar os 22 acusados como participantes ativos do linchamento, e com isso já desmascara as testemunhas da comunidade que praticaram falso testemunho para proteger os "valores locais, da comunidade".
Um segundo momento do julgamento trata de alguém efetivamente ter visto Wilson preso e sob as chamas, o que só é possível com o testemunho de sua ex-noiva Elisabeth.
Um terceiro momento trata da ausência de materialidade do delito, pois como não há corpo (até porque Wilson está vivo), não há como provar juridicamente que realmente há um morto, e portanto, não há como provar que houve assassinato.
Para driblar essa deficiência probatória, é entregue em juízo uma carta anônima junto à aliança em que constam os nomes de Elisabeth e Joe, e que teria sido encontrada por alguém que limpou a delegacia incendiada, fazendo a prova da presença do de Joe no local do crime, convencendo os jurados, mas fazendo Elisabeth ter certeza de que Joe está vivo, em razão de um erro de grafia que era sempre cometido por ele.
Elisabeth e os irmãos de Joe o pressionam para esclarecer a situação, mas este, revoltado com tudo e todos, em princípio reluta. Contudo, sozinho e atormentado, Joe resolve se apresentar à Corte, no exato momento em que se começam a ler os vereditos condenatórios, e o faz não pelos homens que salva, pois os considera assassinos, mas para preservar as coisas em que acreditava, na Justiça, nos Estados Unidos, nas pessoas. Faz as pazes com Elisabeth.

Nota IMDB - 7.9. Daria um pouquinho menos, mas é um filme bastante bom. Vale a pena assistir.

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