segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A MÚMIA (1932), de KARL FREUND - 20 e 21.11.2011

Este filme, de 1932, do qual conhecemos mais a refilmagem com Brendan Fraser (até porque passa quinhentas vezes por semana, enquanto este raramente pode ser visto na TV a cabo), é visto aqui em sua versão o original, em que Boris Karloff interpreta Imhotep, a múmia enterrada viva e ressuscitada com a leitura do livro que o traz à vida.
A produção de Carl Laemmle Jr, que produziu em três anos a trilogia dos monstros, Drácula, Frankenstein e este A Múmia. Karl Freund é o diretor, tendo atuado como diretor de fotografia de Metrópolis, Drácula, A Última Gargalhada, entre outros).
Uma expedição do Museu Britânico chefiada por Sir Joseph Whemple (Artur Byron) vai ao Egito e, em 1921, encontra um tesouro arqueológico espetacular, uma múmia em ótimo estado, aparentemente enterrada viva, e uma pequena caixa que contém uma maldição de morte e danação eterna para quem a abrir, e ali dentro, o Manuscrito de Tot, que contém as palavras de Ísis que ressuscitaram Osiris.
Mesmo alertados dos riscos daquela descoberta, o assistente do chefe da expedição arqueológica abre uma urna e lê um hieroglifo que desperta A Múmia Imhotep, um sacerdote egípcio, o que imediatamente o leva à loucura, e ao chefe, a dizer que nunca mais voltaria ao Egito.
Passam-se dez anos e o filho de Sir Joseph Whemple, Frank, está agora em outra expedição do museu británico quando um egípcio estranho (Imhotep disfarçado de mortal comum) chamado Ardath Bey indica, aparentemente desinteressado, um local em que farão uma descoberta incrível - Anckesenamon, filha de um imperador e antigo amor de Imhotep.
Helen Grosvernor (Zita Johann), filha de um inglês com uma egípcia, parece ser a reencarnação da princesa morta, ou ao menos sofre forte influência dos poderes de Imhotep, inicialmente demonstrado quando Imhotep tenta trazer novamente à vida sua amada Anckesenamon.
Imhotep começa sua peregrinação para ressuscitar sua amada, matando os que atravancam seu caminho, quase sempre por meio de feitiços, matando Sir Joseph, tentando fazer o mesmo com Frank (que é salvo por um amuleto). A única pessoa que parece capaz de impedi-lo é Dr. Muller, um médico versado nas lendas e magias do Egito antigo, e que consegue resistir aos feitiços de Imhotep e conhece as artimanhas deste.
Quando o antigo sacerdote leva Helen/Ancksenamon ao Museu do Cairo, onde estão os apetrechos da câmara mortuária da princesa egípcia, para completar a reencarnação da filha do imperador Amenófis, e tudo está em vias de ser consumado, Helen assume a personalidade de Ancksenamon, e embora esta inicialmente resista pois diz ainda ser a princesa, mas também já é outra pessoa, logo está pronta para o sacrifício, qual seja deixar que Imhotep a imole, para, depois de morta e mumificada, ser trazida à vida na mesma condição que Imhotep, uma múmia morta-viva.
No hora H, Frank e Dr. Muller chegam, e Helen/Ancksenamon, chamada por Frank, roga a Isis (há uma estátua dessa deusa) para que a salve da morte. A deusa então intervém, a estátua ganha vida e destrói Imhotep, transformando-o novamente em múmia sem vida, numa cena de boa maquiagem e efeitos especiais, queimando, no mesmo ato, o manuscrito de Tot, impedindo, dessa forma, que fato semelhante voltasse a acontecer.
Frank é instado por Dr. Muller a chamar por Helen, que se encontra desacordada,  para trazê-la do passado para onde foi, pois somente o amor de Frank poderia salvá-la. Ele a chama, diz que a ama, e a salva. Fim.

Há uma cena  durante o filme em que Imhotep induz Helen a ver o que houve no Egito antigo, a construção da cena é muito bem feita, numa paisagem desértica, de um modo original que não me lembro de ter sido feito em qualquer outro filme que trate do Império Egípcio, com a reconstituição histórica que por mais sem fundamento que possa ser (e não sei se o é), cria uma atmosfera intrigante, com cenas da corte egípcia, do funeral de Anckesamon, das falhas e erros (utilização do manuscrito de Tot, desafiando a ira dos deuses) que levaram Imhotep à danação eterna, mostrando inclusive sua mumificação ainda vivo.
Mais uma vez, uma história direta, sem firulas, bem contada, um bom filme. Só há uma ponta solta que é a imediata atração de Frank por Helen, injustificável que ocorresse, assim, de pronto. Mas acho que é o baixo orçamento, o filme curto, pouco tempo para desenvolver melhor a trama que leve à essa ligeireza. Esse detalhe não compromete a trama, só deixa um pouco fraco esse ponto do filme.

Nota IMDB - 7.3. Acho que a nota está adequada. O filme é melhor que o Drácula com Lugosi. A maquiagem de Karloff é estupenda, e este atua bem como a múmia, com seu gestual lento e fala pausada. A iluminação do olhos de Karloff é bem melhor do que a feita para realçar o olhar de Lugosi, ou seja, um ano depois, encontrou-se uma solução técnica bem melhor para o mesmo problema.

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