quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

JOGO MORTAL (1972), de JOSEPH L. MANKIEWICZ - 07.12.2011

Esse filme cuja refilmagem de 1997 eu achei uma porcaria (e nem sabia que era uma refilmagem) é um filme de atores. 
Laurence Olivier (Andrew Wyke) e Michael Caine (my cocaine?) no papel de Milo Tindle travam um duelo mental inicial muito interessante.
Wyke é um bem-sucedido intelectual escritor de romances policiais, de mistério, e sabendo que Tindle é amante de sua esposa, o chama a sua mansão para, em princípio, convencê-lo a ficar definitivamente com sua mulher, porque agora, depois de tudo, ele quer mesmo é se ver livre dela.
Discutem muito sobre as mulheres, sobre os custos de manter uma mulher consumista, sobre as qualidades e defeitos da amante comum, sobre a existência de uma amante de Wyke que Tindle sabe existir, sobre a nobreza e a divisão de classes, sobre a diversão de mentes brilhantes - livros de mistério e mind games.
Como Tindle é pobre, um cabeleireiro filho de imigrantes italianos, Wyke o convence (após alguma resistência) a roubar as jóias de sua esposa até para custear a vida com sua amante, e logo eles, em comum acordo, iniciam a montagem da farsa para fazerem o crime perfeito (o disfarce, a invasão à casa, o revirar dos bens, as jóias em poder de Tindle, tiros a esmo e a briga entre os dois para dar a impressão de Wyke ter sido surpreendido). Desse modo, Tindle teria as jóias, a amante, e Wyke, o dinheiro do seguro das pedras.
Quando finalmente o "roubo" está encerrado, Wyke diz a Tindle que isso não pode ficar assim, que ele não pode tirar de um nobre a sua esposa - que afinal lhe "pertence", ainda mais sendo um latin lover de araque. Ele então dá um tiro na cabeça de Tindle e o mata.
Fim da primeira parte. Muito boa.


Na segunda parte do filme, o negócio desanda bastante. É quando do detetive Doppler chega à casa de Wyke para investigar o desaparecimento de Tindle, já sumido há dois dias.
O fato é que a maquiagem é muito simplória, e todos vemos que Michael Caine é o detetive (ou seja, Tindle não morreu). Conhecedor do proceder de Wyke (os tiros, a fantasia, o modus operandi do roubo), Doppler começa a desfazer toda a tese de que tudo não passou de um jogo, pois Wyke se defende dizendo que tudo ocorreu exatamente como ocorreu, exceto pelo tiro fatal, que segundo o romancista teria sido um tiro de festim.
Juntando um bilhete enviado por Wyke marcando o primeiro encontro, os vestígios na casa, a notícia do desaparecimento de Tindle, a cova rasa encontrada no jardim (cavada por Tindle), Doppler acaba por convencer Wyke que ele será condenado pela morte de Tindle.
Wyke já desesperado ao ver que seu jogo dera errado e não teria como provar que tudo não passara de um jogo intelectual, já se exaspera, quando Doppler revela que era na verdade, Tindle (ooohhh!).
Eles discutem um pouco, mas logo voltam a agirem como ingleses fleumáticos, um congratulando o outro pela habilidade nesses jogos intelectuais.
Fim da segunda parte. Fraca. Aqui a maquiagem teria de ter sido muito mais efetiva. Digamos que algo semelhante a feita em Christian Bale em "O Grande Truque", para que a revelação de que Doppler é Tindle tivesse algo de surpreendente.

No terceiro ato, digamos (já que estamos praticamente numa peça de teatro), Tindle é que passa a jogar com Wyke, dizendo que matou a amante deste, Tea, e vai lhe mostrando por A+B que isto ocorreu, e que já chamou a polícia, que chegará em 15 minutos para prender Wyke pelo assassinato de sua amante. Então o rato passa a ser Wyke, que neste tempo terá de encontrar algumas provas do crime para evitar que a polícia as encontre. 
Extenuado, humilhado, o romancista consegue encontrar tais vestígios e ao se preparar para receber os policiais com quem terá de lidar acerca do sumiço de Tea, e com quem se opositor já conversa fora da casa,  Tindle adentra sozinho na sala dizendo que mais uma vez tudo não passara de um jogo (do que todos já desconfiam a essa altura). Wyke, um homem inteligente e afeto a tais jogos não desconfiar disso, mesmo com as "provas" que Tindle lhe deu (um sapato, um meia, um telefonema para a companheira de quarto de Tea, um bracelete) da morte, beira a credulidade pueril.


Agora Tindle pensa ter dado o troco definitivo, e demonstrado que a inferioridade de classe não o fazia diferente intelectual ou pessoalmente de Wyke, e agora, com a lição dada, ele poderia se dedicar à sua amante, esposa de Wyke.
Este então, esquece dos jogos, chega de jogos, pois não se joga o mesmo jogo três vezes, diz Wyke, e mata Tindle, sentindo-se ultrajado em sua condição de intelectual e nobre.


O filme realmente só tem os dois (grandes) atores, mais ninguém, e o cenário é basicamente a mansão de Wyke, e principalmente, o salão principal da casa. O estilo é teatral (e o filme é baseado em uma peça de teatro), os diálogos são bastante bons, mas o filme é um pouco cansativo, e as reviravoltas, de tão comuns, já passam a ser esperadas pelo espectador, perdendo um pouco do frescor, e da novidade. 
Nota IMDB. 8,1. Dou bem menos, um 6,5.

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