domingo, 11 de dezembro de 2011

SANGUE DE PANTERA (1942), de JACQUES TOURNEUR - 10.12.2011

Mais um dos filmes de Jacques Tourneur, produzido por Val Lewton. Filme curto, de apenas 73 minutos, em que uma mulher de ascendência sérvia, Irena Dubrovna (Simone Simon) que mora nos EUA e logo se enamora de Oliver Reed (Kent Smith), mas tem medo de se casar com ele pois receia a maldição (lendária ou não) conhecida em seu país, de que após o país ser libertado dos mamelucos (guerreiros escravos) pelo Rei John, alguns maus indivíduos puderam escapar, e estes teriam assumido formas felinas, e assombravam as pessoas daquele lugar.
Casam-se, mas Irena pede um tempo (para consumar o casamento?, nem sequer beija seu marido; frigidez?) para Oliver, pois ela precisa ter certeza que  se livrou dos sentimentos malignos que a assombram. Mas os problemas não cessam, e Irena inclusive vai a um psiquiatra (Dr. Judd - Tom Conway), em que há mais algumas indicativos sobre o passado de Irena e sobre o que ela sente. Os gatos a atormentam, sente seus sussuros em sua mente, os gatos estão dentro dela. Ela foi criada apenas por sua mãe, pois seu pai teria morrido antes de seu nascimento em estranho acidente, e em razão desse fato, as pessoas acreditavam que sua mãe era uma bruxa, uma cat woman.  E que havia outras mulheres-gato na sua aldeia, que irritadas, ou com ciúmes, ou levadas por paixões (por isso evitava até os beijos em seu marido), poderiam matar.
Irena sabe e diz a Oliver que se ela viver feliz, não for perturbada por seu marido, se esse não a fizer sentir ciúmes, não brigar, então seu comportamento será pacífico, o instinto felino não se manifestará.
Logo, contudo, os problemas conjugais fazem Oliver se aproximar de uma colega de escritório, Alice (Jane Randolph) que diz amá-lo.
Irena então, já como mulher-gato assusta Alice em um clube, fazendo com que esta procure o psiquiatra e o psiquiatra vá até Irena, dizendo que ela deve esquecer o passado, livrar-se de tudo que lembre gatos ou panteras, e viver o presente.
Ela decide acatar os conselhos de seu médico, mas quando Oliver chega em casa esse diz que já é tarde para tal mudança, e ele já ama Alice
Então vem o ataque da pantera. Irina/pantera ataca o casal Oliver e Alice no escritório em que estes trabalham, mas eles conseguem se salvar com um esconjuro religioso. 
Ela então ao seu apartamento, em direção ao médico, que está lá por estar interessado em Irena, e inclusive furtou uma chave para poder adentrar no apto, e o ataca mortalmente, mas é ferida pelo Dr. Judd.
Ela vai então em direção ao zoológico, às jaulas das feras - lugar que sempre frequentava, e onde começa o filme, e onde ela conheceu Oliver, solta um pantera, que logo é morta atropelada (Irena sonhara com alguém lhe ordenando soltar os demônios, deixar eles virem à luz do dia). Irena também morre em decorrência do ferimento infligido pelo Dr. Judd
Inácio Araújo diz que o filme trata das impossibilidades amorosas. Não só disso, me parece, mas de todos os demônios internos, de todos os medos, de todas as reações que podemos tomar quando sofremos algum ataque, quer de raiva, de ciúme, de paixões, ou mesmo, apenas das reações a que estamos sujeitos em algum momento em particular, em que somos demandados. E que temos o lado besta-fera ainda guardado, dentro de nós, latente, passível de um dia querer saltar para fora.
As impossibilidades amorosas, o desejo mas as repressões recíprocas, parece que o filme também fala disso (Irena dizia a Oliver quais eram seus medos, seus problemas). E esse amor que vai ficando impossível, chega ao final ao desfazimento, à incomunicabilidade absoluta.
Ou mesmo a vida, por ser Irena incapaz de se comunicar - ou de se relacionar - com quem quer que fosse, foi ficando impossível.
Nota IMDB - 7,5. Acho que é por aí, mesmo.

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