quarta-feira, 17 de agosto de 2011

EXPRESSO PARA BERLIM (1948), de JACQUES TOURNER - 15.08.2011

Esse é o segundo filme do elogiado Jacques Tourner - elogios de Inácio Araújo - a que assisto. O primeiro a que assisti foi "A morta-viva", um filme realmente muito bom, curtinho, 68 minutos, mas com muita coisa a observar, a pensar, a apontar - já escrevi no blog sobre esse filme. Esse "Expresso para Berlim" trata de um intelectual alemão que participa em Paris de uma conferência para unificação alemã (das áreas controladas segundo decisão da divisão pelas quatro potências no pós-guerra).
Em Paris, um pombo-correio é morto, e por acidente descobrem um bilhete com horário 21h45, cabine D, número do trem - 9850, e uma localidade, Sulzbach - esses dados são repassados às polícias/serviços secretos da França, Inglaterra, URSS.
Esse intelectual (Dr. Bernhardt) entra disfarçado de Otto Franzen no trem para ir a Berlim colocar em prática o seu plano de união alemã, e reservam a tal cabine D, anotada no bilhete do pombo-correio ao Dr. Bernhardt falso, que sofre um atentado a bomba e é morto. No trem há, além Bernhardt, um americano agrônomo (Lindley), um militar russo (Kiroshilov), um professor e ex-soldado inglês (Sterling), uma secretária francesa (Lucienne), um alemão (cuja identificação é ocultada no filme pelo apito do trem - Schmidt), o colocado no trem por ordem americana, além de um francês - Perrot, que depois se verá não ser quem dizia.

Quando há o atentado, o trem para em Frankfurt (as imagens da destruição da cidade pela guerra impressionam) para interrogatórios - momento em que o espectador fica sabendo que Franzen é Bernhardt), todos são ouvidos, e em tese continuariam a viagem de trem a Berlim, mas Schmidt desaparece.
No terminal de Frankfurt, Johann Walter, um antigo amigo, faz contato com Bernhardt - a identificação foi apenas para que pessoas contrárias às idéais de Bernhard o pudessem suquestrar. Johann traiu seu amigo na esperança de encontrar sua desaparecida mulher. Seus intentos são frustrados (sua mulher está morta), e Walter se suicida.
Os passageiros do trem resolvem não seguir a Berlim, e pemanecer em Frankfurt para procurar Bernhardt, pois em tese concordam com as ideias do intelectual. Eles são atraídos ao covil dos bandidos, pois Bernhardt se recusa a dar detalhes de seu plano de unificação aos sequestradores - com o qual não concordam esses alemães, que pretendem outra Alemanha (não explicam qual, mas provavelmente uma que não fosse submissa aos acordos do pós-guerra) - e dessa forma a única forma de saber dos planos era trazer para perto a secretária Lucienne, que poderia explanar os detalhes do plano.
Schmidt, desaparecido na estação de trens, em verdade era um alemão a serviço de Bernard - e portanto quando esse é sequestrado Schmidt desaparece por sua vontade, e consegue avisar aos militares mais ou menos onde Bernardt é mantido em cativeiro, antes de morrer.  Aqui há uma certa dificuldade no roteiro em saber como Schmidt teria chegado ao bar, sabido da loira que fumava os cigarros de Bernardt, ou como os aliados teriam igualmente chegado a tal destino. Mas deixemos para lá.

O fato é que com esse aviso, as forças aliadas conseguem chegar ao esconderijo quando os alemães já tinham desistido de ober informações e estavam prestes a executar Bernhardt e Lucienne, salvando-os.
Contudo, nessa passagem o espectador fica sabendo que o francês - Perrot - na verdade era um alemão de nome Holtzmann, e que ainda planeja matar Bernhardt. Eles seguem, finalmente, a viagem para Berlim, e Perrot ainda tem uma chance de matar o alemão pacifista (embora Lindley desconfie de algumas de suas atitudes). Em uma bem construída cena, Lindley está no quarto de Lucienne e vê, pelo reflexo da janela do outro trem Perrot tentando matar Bernhardt, e consegue impedir o intento deste, que é morto em fuga.

Na cena final, em frente ao portão de Brandenburgo, os aliados rumam cada qual para seu setor, em princípio, e sem dar muita atenção um ao outro. O inglês discute com o americano, o russo faz pouco caso do cartão que o americano lhe entrega. E todos deixando o alemão Benrnhard à própria sorte. Mas, ao final, este volta atrás e recolhe o cartão, o americano e o inglês se cumprimentam amistosamente, e Lindley e Lucienne deixam no ar uma esperança futura de reencontro, até amoroso. Todos acenam em suas retiradas. Dr. Bernhardt que primeiro duvidava da validade de se perseguir a paz conclui que há momentos em que essa busca é válida. Bom filme.

Nota IMDB 7,0. Vale um pouquinho mais.

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