sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

CONSCIÊNCIAS MORTAS (THE OX-BOW INCIDENT - 1943), de WILLIAM WELLMAN - 23.01.2012

Neste filme que se passa em Nevada, em 1885, Henry Fonda  vive Gil Carter, e chega à cidade de Bridger's Wells acompanhado de seu amigo Art/Artie (Harry Morgan - ou algo assim, a dublagem do TCM estava ruim, em busca de sua garota Rose (Mary Hughes), que depois saberá já casada com um ricaço. 
Na região, há um problema de roubo de gado, e a tensão é bem grande, todos são um pouco suspeitos. Quando Kincaid (amigo de Farnley, com que Carter tem uma pequena briga por causa de desconfianças mútuas) é morto, um grupo de patrulha para justiçamento (pela forca) se forma, com a solitária oposição de Davies, um comerciante idoso e estabelecido na cidade, que defende um julgamento justo. Carter e Artie também se opõe à caçada, mas de forma mais tímida. 
A pedido de Davies, Carter vai conversar com o juiz Tyler, este tenta demover o grupo da perseguição a ser empreendida, mas não logra sucesso. A patrulha sai, com o deputy (um assistente do xerife), aparentemente igualmente sanguinário, sem muitas preocupações com a legalidade da  busca e da pretendida execução. 
Logo eles alcançam os alegados três ladrões no desfiladeiro de Ox-Bow: Donald Martin (Dana Andrews), um velho - Halva Harvey (Francis Ford) e Juan Martinez (Anthony Quinn), que se dizem inocentes das acusações de roubo de gado e assassinato. Harvey logo culpa Martinez, para se ver livre da acusação, enquanto Martin insiste na inocência de todos, e que o gado que teria sido roubado foi, em verdade, comprado de Kincaid
A morte se aproxima, pelo julgamento da patrulha de quase 30 homens, quando Martin pede para escrever uma carta a ser entregue a sua mulher, o que lhe é permitido. Davies revela o teor da carta ao Maj. Tetley, o líder da patrulha, achando que pelo teor poderia demonstrar a não-culpabilidade dos acusados, contra o que se insurge Martin, pois a carta era privada, e sua intimidade não poderia ser devassada. Nesse ponto, decidem aguardar pelo amanhecer para a execução (nesse período poderia chegar o xerife para mudar o destino dos condenados). 
Chegada a hora, Carter ainda tenta evitar a execução, mas é frustrado. Na hora da votação, sete homens se opõem a execução, mas são vencidos por larga margem. Duas pessoas são voluntárias para espantar os cavalos de sob o homens, para que fiquem pendurados em suas forcas, e o Maj. Tetley impõe que seu filho seja o terceiro executor, para fazê-lo homem, fazê-lo corajoso, mas este não espanta o cavalo, o que faz que o terceiro homem tenha de, pendurado à forma mas não morto, tenha de ser abatido a tiros.
Tão logo executados os três homens, e a patrulha ruma de volta à cidade, o grupo encontra o xerife e conta a sua "façanha", a execução dos responsáveis pela morte de Kincaid, quando o xerife disse que Kincaid não está morto. Pergunta ao grupo quem foi o responsável pelas mortes, e Davies diz que todos, menos 7. O xerife replica dizendo que deus tenha pena dos homens pelo que fizeram, porque ele não terá. 
A cena final, muito bonita, encontra os homens bebendo no bar, em silêncio envergonhado. 
Carter lê a carta de Martin para Artie (analfabeto), e para os demais homens que bebem em silêncio no bar, todos afetados pelo que acabaram de fazer. Em resumo, dizendo que o homem não tomar a lei em sua próprias mãos, e que violar essa lei é violar todas as leis, pois que a lei é mais do que um texto legal, do que os homens que a operam, mas a consciência de um povo, de  todos, um somatório das consciências individuais, enfim, a expressão da consciência da humanidade, sem o que não há civilização. Carter e Artie então resolvem cumprir a última vontade de Martin, e levar a carta para a viúva, deixando Bridger's Wells como chegaram, sós. Só achei deslocado o "romance" malsucedido de Carter com Rose, e vi apenas uma critica relacionando esse desamor com a decisão de Carter levar à carta até a viúva de Martin


Nota IMDB - 8.2, é por aí mesmo. Um belo libelo pelo devido processo legal, o direito a uma defesa, um julgamento justo, obediência à lei, contra os pré-julgamentos, contra a justiça com as próprias mãos, a um preço que não se pode suportar.  

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