domingo, 29 de janeiro de 2012

THX 1138 (1971), de GEORGE LUCAS - 26.01.2012

THX 1138 (Robert Duvall) vive em uma mundo distópico e subterrâneo, em que tudo é controlado, e as pessoas vivem sedadas para não terem libido, para não se sentirem angustiadas, e assim poderem trabalhar sem angústias, consumir sem dúvidas, viver sem problemas.
Tudo é absolutamente amorfo, as pessoas convivem com outras, em apartamentos, mas não são nada além de companheiros de quarto. Não há amizades, não há inimizades, não há vida social. 
As pessoas confessam suas dúvidas a máquinas que perguntam sobre seus sentimentos, e as pessoas nem conseguem explicar bem o que sentem, e os confessionários igualmente não compreendem os questionamentos, apenas dizem que aquela pessoa é uma benção para as massas, deve continuar vivendo, comprando, trabalhando, e vivendo "feliz". 
Tudo é controlado por um "sistema" central, que tem câmeras em cada apartamento (mais ou menos como as tele-telas de 1984), especialmente dentro do armário de medicamentos sedativos, para controlar se as pessoas não deixam de tomar suas medicações. Igualmente são controlados os sentidos das pessoas (pulsação, respiração, ansiedade), para que bem trabalhe e para que se possa observar se não houve mudança emocional. As pessoas são filmadas em seus ambientes de trabalho.
Quando  LUH (Maggie McOmie), a mulher que divide o apartamento com THX se cansa dessa rotina totalitária, ela deliberadamente resolve parar de tomar a sua medicação, e logo após, sem que THX saiba, troca os remédios deste por placebos.
THX começa a perceber mudanças em si, sem saber por que, e primeiro tem dúvidas, vai aos confessionários, e sabe que algo está "errado". Com o tempo, LUH revela que eles não estão mais sobre o efeito dos remédios, e começam a interagir, a gostar um do outro, a fazer sexo, a amar, tudo de uma forma desajeitada, pois desde o início, desde o nascimento (há cenas em que mostram as crianças sendo sedadas desde muito pequenas), lhes foi tirada a autonomia. 
Facilmente o "grande irmão" pode observar as mudanças em THX e LUX, e logo eles são presos e julgados. 
SEN (Donald Pleasance), que se bem me lembro, era, no início, um dos censores eletrônicos, de alguma forma, ao tomar conhecimento das transgressões do casal LUH e THX (as duas mais graves do sistema, se furtar ao tratamento sedativo e manter relação sexual), interfere para a troca de companheiros de quarto, mas THX o denuncia, e ele também é julgado e condenado.
Então, na prisão, mostra-se uma terapia de condicionamento (alguma coisa como eletrochoques) imposta a THX, para "curá-lo", mas novamente posto em contato com LUH, eles voltam a mostrar afeto entre eles e fazem sexo. A prisão, portanto, é caminho.
A prisão é, descobre-se, um espaço sem grandes, apenas um imenso branco enorme, mas que pelo desconhecimento, pela não exploração do espaço, leva a todos permanecerem, como sempre, conformados. 
Quando THX e SEN resolvem fugir, encontram um holograma (um personagem irreal, portanto, mas irreal até que ponto) que os ajuda a encontrar a saída. 
Mais uma vez dentro do mundo em que viviam, eles iniciam a sua fuga, descobrem que aparentemente LUH foi exterminada, e depois, SEN se arrepende, se vê perdido e pára, deixando THX sozinho em sua empreitada, que inclui a fuga de guardas-robôs meio apalermados, uma perseguição entre carros e motos, para finalmente conseguir atingir a superfície da Terra.
A cena final, com THX já na superfície, filmada do horizonte, com o sol se pondo, mostra o personagem principal parado, por alguns minutos, talvez querendo sugerir que esse admirável mundo novo, de uma novidade ímpar, é um mundo completamente desconhecido, em que THX não tem a mínima idéia do que fazer, mas, que por outro lado, guarda em si todas as possibilidades, toda uma autonomia, todo um futuro imenso e desconhecido.   


Nota IMDB - 6.8. Não sei, é um filme quase inclassificável, seria estranho dar uma nota a um filme tão diferente do que se vê por aí. Diálogos entrecortados, frases inconclusas, raciocínios incompletos das personagens, um raciocínio embotado por drogas. 
Um fotografia toda em branco, com as pessoas também vestindo unicamente branco, de cabeça raspada. Vale a pena ser visto. 

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