segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O ABOMINÁVEL DR. PHIBES (1971), de ROBERT FUEST - 16.01.2012

Mais um "filminho" com o brilhante-canastrão Vincent Price (Dr. Phibes), secundado pelo ótimo - que já esteve muito melhor em outros filmes, diga-se -  Joseph Cotten (Dr. Vessalius), em que Phibes busca se vingar dos médicos que ele considera responsáveis pela morte de sua esposa (Victoria), sendo Vessalius o cirurgião-chefe que não conseguiu salvar sua esposa. 
O filme começa com um espetáculo musical inusitado, em que Phibes, sem revelar seu rosto, executa uma obra no órgão, para depois "reger" uma orquestra de bonecos, e dançar com uma mulher, assistido por ninguém, apenas (bustos) de outros bonecos engravatados - que aparentemente representam os tais médicos - logo se confirma essa impressão, e após a morte de cada um dos doutores, Phibes lhes desfigura a estátua de cera correspondente e coloca um amuleto - que depois se descobrirá serem representativos das dez pragas de deus aos egípcios, em favor dos hebreus - no pescoço de cada busto.
Começa a sua vingança, e o primeiro é morto com o uso de morcegos (surreal e impossível, me parece), outros com o uso de abelhas, de uma máscara de sapo, um com o sangue totalmente drenado, ratos, etc.  Phibes (músico e teólogo) vai matando seus inimigos de acordo com essas dez pragas.
Após a 4ª morte, pela análise dos prontuários médicos, consegue-se descobrir que a única cirurgia em que estiveram presentes os até então mortos foi a da mulher de Phibes, mas o que não leva a lugar nenhum, isso porque Phibes, em princípio, também já morreu.
Assim, a Scotland Yard tenta descobrir o que está acontecendo, porque se, após a morte de Victoria, Phibes sofreu um acidente automobilístico e morreu carbonizado (eles vão até os túmulos do casal para verificar, e lá descobrem as cinzas de  Phibes, e não encontram o corpo de Victoria), os crimes do ex-marido não seriam possíveis.
As mortes se sucedem até o ponto em que, já mortos 7 médicos (e eram dez as pragas, sobram apenas a praga dos gafanhotos, a da morte do primogênito e a das trevas), restam para ser mortos apenas a enfermeira, o cirurgião-chefe Vessalius, e mais alguém, para a décima praga.
Phibes consegue, malgrado a vigilância dos policiais, matar a enfermeira e seqüestrar o filho de Vessalius, seu primogênito. 
Nesse momento, finalmente, tem-se a certeza que Phibes é o responsável pelos crimes, pois ele entra em contato com Vessalius, e fala com ele (falar é modo de dizer, pois Price não tem uma única fala no filme todo, uma vez que ele, tendo sido vítima de um incêndio, embora não tenha morrido, fica completamente desfigurado, e suas cordas vocais estão destruídas, de modo que Phibes tem um aparelho que, conectado a seu pescoço, reproduz o que seria a sua voz, de um modo meio metálico, sem abrir a boca, apenas movimentando a "papada" - recurso legal), explicitando o seu plano e chamando Vessalius para o lugar onde está.
Ali, Vessalius, para salvar o seu primogênito, tem de operar seu filho no mesmo tempo que Victoria sobreviveu na mesa de operação - 6 minutos - o que Vessalius, afinal, consegue.
Phibes escapa sem saber o que aconteceu com sua pretensa vítima e a seu filho, e vai, com a ideia de que obteve os 9 assassinatos que buscava, para completar a décima praga, "a escuridão", suicidando-se com a retirada de seu próprio sangue e substituindo-o por líquido embalsamador, para então, "sepultar-se" ao lado de sua esposa, também embalsamada, em um túmulo que construiu para que ambos vivessem a eternidade lado a lado.
Quando a polícia chega no local desse último sacrifício, nada encontra, pois Phibes já está, nessa hora, morto e dentro do jazigo que construiu e que se fechou sobre o casal.
Assim, Phibes acha que conseguiu seu intento de vingança e de vida eterna ao lado de Victoria. 


Pequenas notas: a história passa no começo do século XX (em 1925, quatro anos após a morte de Victoria, cuja data - 1921 - pode-se ver no túmulo desta), mas os cenários parecem muito mais modernos, os veículos mais avançados do que os daquela época, algum material plástico que faz o filme parecer retratar outra época. Apenas um detalhe, mas é só uma pequena falha.
Mas, de qualquer forma, o filme tem cenários muito bem cuidados, alguns enquadramentos bastante bonitos, e o filme mistura algum terror (não consigo sentir medo nestes filmes setentistas, muitos deles produzidos por Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson), suspense, alguma graça,  enfim, estes filmes têm alguma coisa muito boa, e que nos atrai, embora sejam eminentemente filmes baratos, produções "B".
Nota IMDB - 7. Acho que menos (um pouco menos). O filme exige que se entenda a lógica desse tipo de película, um terror que não assusta muito, e faz rir um pouco; que traz algum padrão estético (cenários kitsch, gelo seco, atores consagrados no gênero - Price, Karloff, Lorre, entre outros, alguma graça - acho que até ajuda a afastar a censura, histórias simples bem contadas). Vale a pena. Mas não é terror, nem a pau. O filme, para mim, é mais um filme policial com pitadas de fantástico, do que um filme de terror com pitadas de filme policial.

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