sábado, 28 de janeiro de 2012

A QUEDA DA CASA DE USHER/O SOLAR MALDITO (1960), de ROGER CORMAN - 28.01.2012

Phillip Winthrop (Mark Damon) , noivo de Madeleine Usher (Myrna Fahey), vai ao encontro da mansão da família Usher, onde moram, isolados, a própria Madeleine, seu irmão Roderick (Vincent Price), e o criado manco, de nome Bristol.
Os arredores da casa já são desoladores, uma vegetação ressecada, gases, o portão e os jardins depauperados, a construção em frangalhos, com grandes rachaduras, que durante a noite, parecem aumentar, se mover, fazer a casa ruir aos poucos. Sabe-se depois que esse lugar já foi um oásis de fartura, mas que por algum motivo, a terra virou improdutiva, o lago cristalino ficou fétido.
Lá chegando, Phillip não é bem recebido por Roderick que diz que ele deve deixar a casa imediatamente, pois Madeline está acamada, e ele também tem problemas. Enfim, que os Usher são amaldiçoados, e que a casa, igualmente, em razão de tanto mal que seus antigos habitantes praticaram em vida, está condenada. Roderick padece de uma extrema sensibilidade em todos os sentidos, tato, audição, paladar, visão, e qualquer exagero sonoro, tátil, e tal suscetibilidade lhe causa enorme sofrimento.
Phillip então resolve levar Madeline dali, para Boston, onde, segundo ele, viverão felizes, sem os influxos de seu irmão e da casa. Roderick se impõe ferozmente a isso, porque acredita que é hora de a estirpe dos Usher terminar (mais ou menos como os Buendía de Gabriel Garcia Marquez termina ao final de Cem Anos de Solidão, só por razões diferentes), e assim, o mal inato àquela linhagem também acabe por ali, mas talvez por ter sentimento possessivo-incestuoso em relação à sua irmã.
Madeline, a princípio, concorda com seu irmão, mas acaba por aceitar o convite de seu noivo. Enquanto preparam seu escape, Roderick tem discussão áspera com Madeline e esta "morre". Roderick prepara rapidamente seu enterro, junto a vários outros membros da família que em outros tempos já foram enterrados dentro da própria mansão. Dentro do caixão, enquanto são feitas orações, Madeline move suas mãos, e seu irmão rapidamente lacra a esquife para que Phillip não perceba que sua enamorada está viva. 
Quando Phillip se prepara para deixar a Casa de Usher, resignado, o criado Bristol revela que todos da família são doentes de alguma forma, e descuidadamente menciona catalepsia, o que faz Phillip desconfiar de que Madeline foi enterrada viva, o quê consegue confirmar com a visita ao caixão vazio e após pressionar Roderick. 
Ele sai em sua busca, mas já a encontra alucinada, enlouquecida - era louca ou assim ficou em razão do enterro prematuro? - e  não consegue trazê-la à realidade. Por fim, Madeline ataca Roderick, o estrangula, enquanto a casa rui por completo, morrendo ali a linhagem dos Usher, junto ao mordomo que morre junto com a mansão em a qual trabalhou por 60 anos.  
A casa destruída é o que resta, e o filme termina com a frase de Edgar Allan Poe, autor do livro que serve de base ao filme, de que os restos da casa foram engolidos pelo lago que a circundava.


Neste filme curto de Roger Corman, a atmosfera, a mansão, o suspense são bem construídos, embora o final seja um pouco frustrante, como realização cinematográfica, embora não devamos nos esquecer que na década de 60, os efeitos especiais eram escassos, e que se trata de uma produção de baixo orçamento (só há 4 atores, por exemplo).
Eu adoro filmes de terror, mas hoje já tenho certa dificuldade em sofrer qualquer susto com eles. Não sei se pelo avanço da idade ficamos menos impressionáveis, ou se em razão dos filmes atuais em que o terror meramente sugerido, o suspense foram substituídos por um terror físico e explícito (algo como O Albergue, ou Jogos Mortais) - e muito pior, pois o susto deriva só da violência. Mas imagino que, voltando àquele tempo, e à adolescência, a visão de um filme desse numa sala de cinema poderia causar algum impacto maior. Vale a pena, Price está bem, como quase sempre.
Não é possível chegar a conclusões definitivas sobre a real ou imaginária loucura de Roderick ou de Madeline (aparentemente, "apenas cataléptica"), ou mesmo sobre a maldição da mansão, eis que aparentemente, ela apenas estava descuidada, e a sua destruição deriva de um incêndio provocado nas brigas que concluem o filme. Enfim, muita coisa é sugerida, e cabe ao espectador escolher seus caminhos. Agrada muito mais do que coisas que vemos por aí, que parece derivar de um roteiro escrito por um roteirista de quarta série primária.


Nota IMDB - 6. Acho que é por aí. Um pouco mais, talvez, um 7.

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