sexta-feira, 15 de julho de 2011

ANATOMIA DE UM CRIME - 1959, de OTTO PREMINGER 12-14.jul.2011

James Stewart interpreta Paul Biegler, um advogado frustrado e ex District Attorney (perdeu a eleição para o atual promotor), em Ironcliff, Michigan, que aceita um caso
Barney Quill é morto pelo tenente Frederick Manion, porque Quill teria estuprado a esposa de Manion, Laura, vivida por Lee Remick.
Laura, em seu segundo casamento, tendo largado um companheiro de caserna para ficar com o tenente Manion, é uma jovem insidiosa, insinuante (várias vezes flerta com Biegler, por exemplo), de comportamento bastante duvidoso.
Ela relata como teria se dado o estupro cometido por Barney Quill, um atendente de bar a que Laura foi por volta das 20h30, no dia dos fatos,  com algumas pequenas contradições - o cachorro, os óculos, a calcinha que não foi encontrada.
Biegler entrevista o Tte. Manion, este chega à conclusão (após tê-lo induzido a isso) que estava temporariamente insano, e o advogado aceita a causa, mediante o pagamento futuro de 3 mil dólares - devia ser dinheiro em 1959.
Na lida forense, ele contará com a ajuda de seu amigo irlandês e também advogado - porém alcóolatra e desanimado da profissão - Parnell Mccarthy - em ótimo papel coadjuvante de Arthur O'Connell.
Mary Pilante administrava o bar de Quill e é sua possível herdeira (e provavelmente amante deste - depois se saberá que era outra coisa). Ademais, Barney teria ficado violento após provocações desta - que teria se envolvido com militares.
Em plenário, o D.A. é acompanhado por um membro da Procuradoria Federal, Claude Dancer (George C. Scott).
As primeiras testemunhas são o legista - apresentar a causa mortis, o fotógrafo da cena do crime e autópsia e vítima (embora as fotos desta não tenham sido apresentadas pela acusação).
O atendente do bar - Alphonse Paquette disse que Manion simplesmente entrou no bar e disparou contra Quill. Reconheceu que Quill era experto em tiro ao alvo e que tinha armas sob o balcão.
Lemon, zelador do parque e que cuidava da entrada e saída das pessoas, disse que viu Manion por volta da 1h, e este confessou o crime. Que também viu Laura, e estava "a mess", horrível na dublagem. Mas Lemon disse que não viu Laura anteriormente, naquele dia.
Os policiais, ouvidos, trataram da prisão de Frederick, do estado de ânimo de Manion, e que este afirmou que faria tudo de novo. E que Laura teria "algum problema" com Quill. Mas esse eufemismo - algum problema - teria sido induzido pela acusação. Então o policial disse que o "problema" era que Quill teria violentado sua esposa. Que encontraram no dia seguinte, o rastro do veículo, do cachorro e o estojo do óculos.
Todas as testemunhas asseveraram que o réu tinha o completo controle de seus atos.
O médico disse que não havia espermatozóides em Laura, e não formou opinião se houve violência ou não.  Aparentemente não teria havido sexo com Laura, mas era possível eis que poderia não ter havido ejaculação.
Os depoimentos continuam, psiquiatras debatem sobre a tese de impulso incontrolável (Manion estaria fora de seu juízo perfeito, em violenta emoção), e não teria como conter aquela conduta.
Ao chegar ao final, temos então dois depoimentos fortes e díspares entre si, que poderiam levar a qualquer desfecho: de um lado, um colega de cela de Manion diz que este lhe confessou que conseguiu enganar todo mundo, os jurados, os advogados, e que já estava tudo arrumado para a absolvição, e que logo depois de absolvido, daria uma surra em Laura.
De outro lado, Mary Pilante, que Parnell descobriu - em seu trabalho como advogado de investigação e não de plenário -  não ser a amante, mas a filha de Barney Quill, ao ver em plenário a discussão sobre a calcinha não encontrada, pede para ser chamada como testemunha, e apresenta a calcinha - que fora jogado no serviço da lavanderia do estabelecimento comercial de Quill, com os detalhes da descrição dada por Laura.
Sem mostrar as alegações finais dos advogados, os jurados se recolhem, e igualmente não filmada a discussão destes, volta-se à proclamação do veredicto - absolutório por ter o réu agido sob impulso irresistível.
No outro dia, Parnell e Biegler se dirigem ao estacionamento dos trailers para encontrar Manion e Laura e cobrar seus honorários, mas quando lá chegam o casal não mais está, e eles recebem um bilhete destes das mãos de Lemon, onde está escrito por Manion que este teve um "impulso irresistível" para fugir.
Esse final dúbio é espetacular, pois não se pode ter certeza da armação ou não por Manion e Laura, da manipulação ou não da verdade, da culpa ou inocência de quem quer que seja.
Os dois advogados - Parnell que resolveu largar de vez a bebida - quebrados, lamentam a situação, mas dizem que na nova sociedade que formarão darão um jeito, irão correr atrás de clientes, e a primeira será exatamente Pilante, para que eles a ajudem a administrar o seu negócio.
Parnell conclui, após Biegler jogar no lixo o bilhete deixado por Manion, olhando para uma garrafa de gim vazia, na mesma lixeira: nunca confie num homem que bebe gim - espetacular, ele mesmo era um alcóolatra de estirpe.
Ótimo filme, com atuações destacadas do coadjuvante Parnell (Arthur O´Connell), e com um grande embate de advogados, com argumentos rápidos e incisivos, apresentados em plenário por James Stewart e George C. Scott.
Nota IMDB = 8,1. É por aí.

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