sábado, 30 de julho de 2011

A MORTA-VIVA (1943), de JACQUES TOURNER, 29.07.2011

O gênero "filme de terror" foi menosprezado por muito tempo. Jacques Tourner, sempre elogiado por Inácio Araújo fez alguns filmes, dos quais a três tive acesso e estão gravados - mas este é o primeiro a que assisto, e Rubens Ewald Filho diz que o principal produtor desses filmes, Val Lewton, é que fez que tais filmes passassem a ser respeitados.
Este “A Morta-viva” (I walked with a zombie) trata de uma enfermeira canadense (Betsy Connell - a atriz Frances Dee) contratada para um estranho trabalho no Caribe, em Barbados, sem que muita coisa lhe tenha sido dita, sendo-lhe perguntado se acreditava em bruxaria.
Na viagem de navio, ouve dizer que tudo que vê de belo são enganosas, que os peixes-voadores voam para fugir de algo, que vivem em terror, contratante. Paul Holland, diz que tudo ali é morte e putrefação, e que o brilho do mar se deve à matéria em putrefação.
Inicia-se o filme com a enfermeira caminhando em uma praia dizendo que “I walked with a zombie”, ou seja, isso já é passado, e que isso pode parecer estranho, mas assim foi. Após rever o filme, voltei ao seu início e tive a impressão de que, na verdade, ela caminhava acompanhada por Carrefour - um zumbi negro que só vai aparecer bem adiante na história - e que demonstraria que Betsy se acostumou com aquela atmosfera caribenha, com seus encantos e segredos. 
Ao chegar a Barbados, trava contato com um chofer negro que diz que a família Holland (a mais antiga do lugar) trouxe à ilha os negros – então escravos -  e T-Misery – um “homem” com flechas, na verdade, uma carranca de navio representativa de São Sebastião, que é diversas vezes mostrada, e deve ter algum simbolismo que me escapa
Fort Holland – a propriedade em que Betsy passa a trabalhar, era muito silenciosa, e ela confessa numa narração em off  que ali conheceria o amor e veria uma estranha confissão (a da Sra. Holland, de que Jessica era um zumbi).
Wesley Rand – meior irmão de Paul Holland – faz o papel de anfitrião, explica os lugares à mesa, o da Sra. Rand (mãe dos dois meio-irmãos), e o da esposa de Holland, Jessica - que será a morta-viva; logo se vê que há um conflito entre Wesley and Paul, pois  Jessica e Wes teriam se envolvido, e esse problema entre irmãos foi mediado pela mãe deles, mas o ressentimento persistiu. Paul ficou amargo, Wes virou alcoolatra e irônico.
Jessica teve uma febre que consumiu sua medula, ficando catônica, e Betsy, ao ver frustrada a sua tentativa de cura médica, apela para a cura "espiritual", por meio de ida ao vodu - numa expedição muito bem filmada, em que elas passam por vários "trabalhos" do vodu, e se encontram pela primeira vez com Carrefour (encruzilhada, em francês).
Betsy está apaixonada por Paul, e em benefício deste tenta a cura de Jessica, embora Paul não lhe dê certeza de que realmente deseja ver Jessica curada.
Na cerimônia vodu, inviabilizada a cura, os praticantes da seita não descansarão enquanto não resolverem a questão da sofredora Jessica, e o que parece primeiramente ser uma tentativa de cura, se demonstrará uma forma de aliviar o sofrimento de Jessica com a sua morte (nunca se sabe com certeza se ela é zumbi ou apenas vítima de uma febre incapacitante), primeiramente orientando Carrefour a ir ao seu encontro - frustrado - na mansão por Paul. Wes, ao final, também será manipulado pelos praticantes do vodu, e auxiliará Jessica em sua libertação - matando-o-a, e ele mesmo também morre, ao que parece se livrando dos tormentos que sofre (amor por Jessica, incompreensão do irmão e da mãe, alcoolismo). Carrefour presencia a cena no mar, em que Jessica já morta é levada por Wes, que se afoga. O filme termina com os negros trazendo os cadáveres a Fort Holland.

O início do filme já antecipando que haverá um zumbi, as cenas noturnas em que Jessica Holland caminha com uma luz muita clara, sobrenatural, quase, são muito bem boladas e filmadas. Um filme de apenas 68 minutos gerou uma resenha bastante longa. O filme tem muita coisa boa a observar.
NOTA IMDB: 7,3. Boa nota.

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