segunda-feira, 13 de junho de 2011

BLOW OUT - BRIAN DE PALMA - 14 e 15.05.2011

Se Brian de Palma emula Hitchcock - e o faz - imita bem. Seus filmes costumam ser um primor de montagem, de enquadramento, embora, por vezes, o roteiro seja um pouco chato. Gosto muito de Femme Fatale, de Vestida para Matar, Olhos de Serpente (a primeira metade do filme), e o óbvio Os Intocáveis.

Esse "Um Tiro na Noite" é um filme muito bom, que leva a reflexões sobre a imprensa, sobre a imagem (o que é mostrado é realmente a verdade?), sobre o próprio cinema - como é montada uma história, qual a importância do som, da imagem, da junção dessas duas variáveis para construir uma imagem, e por conseqüência, um filme.

Acho que o filme tem algum semelhança com "A Conversação" do Copolla, outro filmaço que está comentado aqui neste blog.

Nancy Allen - atriz de sucesso nos anos 70 e início dos 80, depois disso praticamente desapareceu, e hoje tem seus 60 anos de idade -  é uma "programadora" ou uma arrivista que, em conluio com seu namorado ou cafetão, protagoniza farsas para extorquir homens importantes. Nancy os leva a um motel e seu namorado faz fotos comprometedoras, para ganhar alguma bufunfa.

Nesse metièr, são contratados para chantagear o governador da Filadélfia, ao que tudo indica, mas alguém tem um outro plano, e faz um atentado contra o carro em que o governador e a menina-moça estavam, e este cai no rio.

Quando do acidente, John Travolta (Jack), um técnico de som para efeitos sonoros de filmes B, está captando sons e captura os do acidente. Tão logo o carro cai na água, Travolta mergulha e salva a Nancy Allen, mas o Governador candidato a presidente passa desta para melhor.

No hospital ele passa por interrogatórios estranhos, o pressionam para dizer que o senador estava sozinho, Nancy Allen escusa-se de explicar qualquer coisa, e ele começa a desconfiar de algo, e repassa os sons do momento de acidente, e chega à conclusão de que há dois sons diversos, primeiro um de um tiro e outro do estouro do pneu, configurando não um "acidente", mas um assassinato.
A conjunção destes sons com as imagens do acidente, com os frames fotográficos, demonstra belamente o acidente, e demonstra, ao mesmo tempo, o que é o cinema, a junção de som e imagem.

Sua investigação - com a ajuda de um jornalista -  passa a sofrer percalços, seus arquivos de sons são apagados na espectativa de que a fita com os sons do acidente também fossem apagados - o que não dá certo.

Os conspiradores passam a perseguir Nancy Allen, que seria a testemunha que poderia contar a história, e ao fim conseguem eliminá-la, malgrado John Travolta tente salvá-la, sem sucesso. O grito de pavor de Allen, quando em poder dos conspiradores, no entanto - num toque de humor negro -  serve para ser usado num filme de terror do estúdio para o qual trabalhava Travolta (deprimidíssimo ao final do filme),  que não era concluído porque não se conseguia achar o grito adequado. Belíssimo filme que há tempos não via. Assista!

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