terça-feira, 14 de junho de 2011

O BEM AMADO (GUEL ARRAES) - 30.05.2011

... e mal-filmado, e mal contado, e uma grande porcaria.
Não consigo entender como se chama um filmezinho deste de cinema. É um imenso videoclipe, num ritmo alucinanteTtalvez Guel Arraes quisesse resumir em uma hora e quarenta uma novela de 10 meses da TV Globo, na década de 70, e mais uma porção de episódios de seriado dali derivado. Não conseguiu.
Para mim, Marco Nanini está histriônico, e o som é ruim, algumas falas não se entende, quer pelo som ruim, quer pela má dicção do Nanini, ainda mais com sotaque nordestino.
Não sei exatamente aonde o diretor quis chegar, mas perdeu seu rumo. Assisti no youtube a algumas cenas de "O bem-amado" original, e a diferença beira o abissal.
Paulo Gracindo como Odorico Paraguaçu é um absurdo de bom - e quando vejo um papel mal feito, sempre me lembro de Paulo Francis, dizendo que se algum ator caísse de quatro, no Brasil, seria necessário um guindaste para botá-lo de pé. Não que Marco Nanini seja ruim, mas não achou o tom pra o papel.
Mateus Nachtergaele, um ótimo ator, igualmente errou na composição de seu Dirceu Borboleta, sem a gagueira genial de Emiliano Queiroz, tentou ser um secretário certinho, e não é nada mais do que isso - certinho.
As irmãs cajazeiras, vividas por Zezé Polessa, Andréa Beltrão e  Drica Moraes também ficaram meio chatas, e os encontros delas com o prefeito não tem a graça que se pretende fazer, além de o casamento de uma delas com Dirceu Borboleta não acrescentar nada à trama.
A fotografia do filme me pareceu meio amarelada demais, não sei se por uma opção do diretor para tentar recriar o sertão do Nordeste.

A história (de Dias Gomes) é conhecida - o político que quer fazer uma grande obra pública - no caso um cemitério, para marcar seu mandato, mas sofre o infortúnio de ninguém morrer e a obra se torna então uma elefante branco.
As tramas laterais - a contratação de um moribundo para que se tornasse o primeiro defunto (Bruno Garcia interpretando Bruno Garcia, pois seus papeis, cacoetes e sotaques são sempre iguais), e  o amor entre o jornalista de esquerda e a filha de Odorico, vividos pelos insípidos Caio Blat e Maria Flor são mal engendrados, nada acrescentam ao filme, são apenas sub-temas para se preencher o tempo do filme.
O início e o final do filme, com as mortes por Zeca Diabo (vivido por José Wilker, a única interpretação que pessoalmente me agradou) do antigo prefeito e também a de Odorico - enfim o primeiro defunto para o cemitério, dão a impressão de que estamos andando em círculos, e interior deste é vazio e opaco.
Nota no IMDB (internet movie data base) - 6,4. Merece menos.

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